Quero - 1942

o abrirá generosamente o coração à perspectiva de transmitir um dia a vida sob a dupla, aus– tera e esplêndida forma do d om físico e do dom moral. Cri s tã, medirá a significação eterna do seu mandato na família e, em previsão do futuro , acumuh1rá, pela oração e pela disci– plina interior, as energias e virtudes invu lga– res exigidas para o êxito dos seus traba lhos vindouros. Perdura em mu itos la res cris tãos um velho hábito que exprime, na singeleza do gesto, a um tempo rito ~ ternura, o carater do ministério exercido pelos pais na vida d os pequeninos. 11 J. f. C . B. Belém-Pará-Brasil E' a bêncão dada aos filhos. •, Rabbindranath Tagore escreveu um dia, provavelmente para alguma jovem mãe, uma poesia irititul11da "Bênção" . Com infinita de– licadeza , exprime o poeta indú a um tempo a absoluta dependencia dos pequeninos e o ca– rater sagrado da nossa miss ão junto a êles. Penso que as jovens de hoje, mães de amanhã, saberão compreender a beleza dês ses versos, que têm a fôrça de um apêlo e a gra– vidade de um aviso. Por isto , á guisa de con– clusão , transcrevo-os aqui: BÊ~ÇAO Abençôa êste coraçcio pequenino, esta alma de brancura que para a terra conquistou os beijos do céu. Seu amor é pela lu.:: do sol. O ,que ê/e prefere é contemplar o rosto de sua mãe. Aconchega-o r.o seio e abençôa-o. Êle veio para e ta terra por veredas encruzilhadas. Não sei como te encontrou por entre a multidão, c/1egou à tua porta e agarrou a tua mtio para que lhe ensinasse:;; o caminho. Êle seguir-te-á tagarelando e rindo, sem somb ra de dúvida em seu coraci'lo. Consuv:i a sua confiança, Leva-o com carinho e abençôa-o. Pousa a tua mão sôbre sua cabeça e ora por êle. Que o alento do r>lto o conduza ao seu destino, a salvo das ondas rugidoras que rolam em haixo. Não o esqueças na tua pressa, deixa-o vir ao teu coração e .:bençôa-o. ---======= ( Conclusl1o) Um dia ai dona do palácio ouviu uma sua empregad 1 a falar da bondide daqu~l2s du as criaturas e dizer que quere ri a ir para lá, que os criados, eram bem tratados. Ferida no se~ amor próprio, mnnd!'I cha– mar a empregada para castiga-la e de ped i- la. Esta se apresenta, timidamente. Pergunta-lhe quem eram as tais criaturas tão boas. A criada vacila um pouco, mu depoi3 resolveu· contar tudo e termin a di zendo: •'2 li reina muita paz, muita felicidade, minhs sen ho ra, porque existe o amor de Deui." A sen hora como que fulmi – nlida com ~que las pa lavras manda a criada em– bora, sem mais nada lhe dizer. Pa ·sados uns dias, manda novam nte chama-la e diz-lhe que vá pedir à "senhora boa" o favor de lhe vir falar. Quando es ta recebe o recado, admira-se, mas diz que de muito boa vontade irá, assim que o marido chega r, pois, a-pei.ar da confiança que lh e dispensa, nada faz sem o consultar. Logo que êle ch egou, de comum acôrdo, ela foi. A dona do palacfo recebeu- a com mu ita gentileza e disse-lhe que desejava "que ela lhe ensinasse n ama r a Deus." Oh! quanta ale– gria sentiu aq uela alma, naquele momento em que N . Senhor a escolhia para ser apó tola de sua doutrina! Pas ado algum tempo, a e - pôs do capitalista fez a sua !" Comunhão e e la rrópria converteu o marido. Tudo mudou naquela cai.a. O dinheiro foi melhor e-mpre– gado. os criados mais bem tratados, os filhos já não eram empecilhos. Foi então encontrado o qu faltava no palácio: a verdadeira paz. que não é como o mundo a dá, pois "a gloria do mundo anda sempr acompanhada de trUez..i e a dos bons e tá na própria conciência."

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