Quero - 1942

" o compêndio das reivindicações dêste novo estado." Essas queixas são conhecidas de todos. Pedem na ordem intel ectual e pedagógica que a jovem seja iniciada em tôdas as partes do saber humano, como o rapaz; que o ensino secundário, o ensino superi or, o ensino ç:ro– fission al sejam abertos à mulher ou, se al gu– mas restrições se impuserem, qu e o acesso a êsses diferentes ramos do ensino e às ca rrei– ras que lhes correspondem se torne mais facil. Desejam na ordem econ ómica qu e o campo de atividade da mulher seja mais ampl o e cada vez mais igual ao do homem , e que o seu tra– balho seja remunerado como o trabalho viril, quando é igualmente produtivo. Desejam na ordem civil e política que sejam abertas, em maiar número , às mulheres, as fun ções públicas para as quais, até agora, decl aravam-nas, muito à priori, ou incapa zes ou inadaptaveis . Apenas indicamos aqui muito sumana– mente as diversas reivindicações que consti– tu em o movimento feminista a tu al. Cada uma delas exigiria amplos desenvolvimentos ... Trata-se, pois, de uma verdadeira eman– cipação da mulher na ordem intelectua l, civil, política , econ ómica e mesmo familiar . A opini ão pública não é ainda u11 ânime sôbre a legitimidade dês te movimento eman– cipador. Muitos afirm am qu e a mulher, saindo , da sombra do la r onde é ra inha incontestada para se expor às ag itações apa ixo nadas d~ vida política, perd erá alguma coisa do en canto qu e el a exerce e do res peito do qual é obj eto. ~ ~e êles conco rdam qu e o ca mpo de sua ativid ade se es tenda um pouco, não po– dem conceber a idéa de que a mulher se torne a igual do homem; menos aind a admitem êles que a arena da po líti ca lhe seja doravan te aberta. Out ros - e o número aumen ta todos os 3 J. f. C. B. Belém- Pará-Brasil dias - crêm que é chegada a hora de dar leal satisfação a êstes desejos . Êles constatam que os fatos se multiplicam no mundo em fav or do feminismo integral. Reconhecem que para o ensino, nos lugares recentemente abertos às mulheres, elas deram prova de mais que su– ficiente aptidão; que para as carreiras que, depois da guerra, abriram-se-lhes em grande número , elas mostraram uma eficiência e uma resis tênci1 um tant o inesperadas; que mesmo na ord em política , se se olhar os aconteci– mentos, deve-se conv ir que, nos p.iíses que já o adota ram, o voto fe minin o não teve, quer para a famíli a, qu er para a própria mulher, os in conveni entes qu e receavam. E esperam que as intervenções femininas terão a grande vantagem de dar às questões familiares tão importantes no momento atual uma solução ao mesmo tempo rápida e mais equitativa. A morôl cristã sôbre o feminismo é ao mesmo tempo muito nítida e muito reservada. Se, por um lado, proclama os princípios imu– taveis dos quais ela é a gua rd a, por outro, ela permite que se peça aos acontecimentos a orientação prática e oportuna . Ensina que dois princípios devem domi– na r e inspirar êste delicado assunto. O pri– meiro tem por objeto o essencial destin o da mulher. Normalmente, a mulher é destinada péla natureza e, portanto, por Deus, autor da natureza, ao duplo papel de espôsa e mãe. Êste d11pl o destin o deve servir de 'critério no movimento fe minis ta para distinguir o que é preciso, resolutamente, afasta r como . con– trári o a esta mi ssão fund amental, o que e pre– ciso enca ra r com sábi a descon fiança por ser menos confo rme a êste desti no e, enfim, o que se pode acolh er sem rese rva . O segundo princípio vi sa o lugar da mu– lh er no la r doméstico . E11trand0 na família, que é essencial– ment e uma sociedade hierarq uizada , a mulher deve aí ocupar o lugar que lhe compete. O 1 º lugar pertence ao marido que, di-lo a Escri-

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