Quero - 1942

PALAVRAS à minha filha (Conclusão da página II) mãe é que estabeleceu a causa, omitindo es– colher, para os seus futuros filhos, um pai que êles pudessem admirar e imitar sempre. Limi– tar-se,· ante um pedido de casamento, a pensar em si mesma, é tratar de maneira individua– lista a primeira, e mais importante, das ques- tões sociais. • . Quand~ estiverdes em condições de apre- ciar a moraltdade 9e um moço que p~nsa em f~zer de vós sua mulher, estabelecei ' a distin– çao entre o hábito de má conduta, de uma parte, e ll fraqueza passageira, de outra. O ca– sarne~to ideal é aquele em que se encontram e se Juntam duas juventudes intactas. Urna c.erta igualdade de condição social é necessária também, para a realização da fe– Íicidade conjugal. Observando a vida dos lares, vêmos que está cheia de exemplos de atritos, de humilhações, às vezes de desavenças pro– fundas, provenientes da diferença demasiado· grande entre as duas situações sociais, da di– versidade da educação, dos hábitos, da ma– neira de pensar e de viver. E o dinheiro? Não edifiqueis vossa casa sinão em base sólida. A moça do •meio ope– rário diremos: Escolhei um marido capaz de sust~ntar sozinho o vosso lar, afim de vos dei– xar desempenhar o vosso papel p_ro~idencial, que é O de cuidar dos afazemi domesttcos. ~ da educação dos ,filhos. As moças da burguez1a e da aristocracia diremos do mesmo modo: antes de tudo, exigí um marido que_ trab~lhe. Jy\as n~o calculeis também em demasia. E_ preciso, nao uma fortuna que permita uma v1d_a -~e luxo e de mundanismo mas sim a poss1b1lldade de viver decenteme~te, segundo a vossa ~ondição, e sobretudo da alegria de educar os ftlhos sem que a sua chegada assuma proporções de uma catástrofe. Procurai, pois, ,reunir num feixe tôdas essas garantias de felicidade. Crêde que, quando a ocasião verdadeira, a ocasião que– rida por Deus, surgir no vosso caminhà, não deixareis de reconhecê-lo por dois sinais certos e normalrnente inseparaveis: o conjunto har– monioso das condições de felicidade apresen– tadas pelo rapaz, e a presença indubitável, em ambos,. dessa fôrça soberana na qual uma mu– lher não se pode enganar, e que se chama e, amor, o amor total, aquele em que a alma, o coração e os sentidos se completam. São duas as condições indispensáveis à realização do ideal do matrimônio e da mater– nidade: chegar ao matrimônio com reservas intqctas, e escolher judiciosamente o compa– nheiro na vida do casamento. Há ainda uma terceira condição, uma vez resolvidas as duas primeiras. Queremos dizer que, chegada ao 111atrimônio com tôda a sua riqueza ciosamente guardada, e entrando na vida conjugal e ma– terna com as mais seguras garantias, deve a mulher ousar estabelecer o seu lar num plano essencialmente cristão. Dissemo-lo: na idéa de Cristo e da sua Igreja, a vida do matrimônio é 11111 meio de perfeição. O ideal cristão supõe, pois, que os casados queiram fazer da sua vida essa ascensão do amor para o ideal. O Dr. Biot, num relatório apresentado a 8 de abril de 1932 ao décimo Congresso Nacional da Associação do Matrimônio Cristão, dizia, falando da feli– cidade que os esposos acham no seu dom mutuo: "Essa felicidade não se basta a si mesma; tornar-se felizes, assim, um pelo outro, tende ! alguma coisa mais: essa felicidade do dom mutub é simples meio, para que cada uma dessas duas creaturas chegue mais per– feitamente a todo o seu desenvolvimento moral, alcançando enfim, a plenitude da natureza hu– mana, e porta~to a primazia do espírito 'sôbre a matéria. Essa plenitude perfeita do casal hu– mano, comporta a transmissão da vida: como pai, e como mãe, tornar-se-ão melhores, em si mesmos, creaturas mais completaii , cerno homem e corno mulher, do que o eram apenas · qHno marido e como espôsa infecunda ... Mas essa própria plenitude atingida pelo casal , atra– vés do filho , não é nem o único, nem o supremo fim da união dos esposos: a sua espiritualiza– ção progressiva e recíproca continúa sempre o próprio fim da sua atividade conjugal."

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