Quero - 1942

1 1 J. F. C. B. Belém - Pará - Brc,sil ··········· ·· ·••t ••····· ·· ·~ ······· ···· ·· ·· ··· ········· .. ·· ·· L,· ··· · ····· · ••t1• •····· ····••1••···· ·· ······ · · ·· · · ·· · ···· • •c1111111 ■ 1 1 111111 1 1111111111111 a lite ratura romanesca, tôdas as produções ci– nematográficas, ou mesmo só considerar mora l a arte intenciona lmente cocstruliva . Mesmo porque seria quasi condenar a "1 riori " tôda estética que não se pusesse a serviço direto e exclusivo do pensamento religioso, ou de al– guma intenção didática . Não façamos in júr ia à beleza .• A arte do escritor, a do cineasta, não somente não são más, em si mesmas , como são, na sua essência, destinadas a servir ao bem da sociedade e das almas . Melhor que isso : a arte, que é ordem e l1armonia•, pos sui um valor intrínseco. E' um bem em si. E' só uando desviada do seu fim que ela merece cond~nação. O "desvio" da arte em maté ri a literária, cinematográfica ou teatra l consiste em fazer do filme , da peça, uma pedra de éScândalo para, nossa fé, uma causa de perversão, do nos so pensamento. uma excitação direta da nossa sensualidade, dêsse instinto mau que vive em nós como um vestíg io do pecado orig inal. Primeiramente, uma pedra de escândalo para a nossa crença, com a qua l a nossa cas– tidade tem íntimas relações . Se a lâmpada ela fé vac ila , desde o momento qut! não ~ mais sustentada por mãos puras , a pureza, por seu lado haure as suas razões mais importantes, e aci,a a sua fôrça , na fé . Os dogmas gera– dores da piedade verdadeira são-no também da castidade. Deixemos de lado os livros em qu e os nossos dogmas católicos são aberta– mente des respeitados: não são os mais peri– gosos. (Certos autores põem a serviço do se ll ódio a todo sobrenatural uma evidente má fé . Zola, em Lourdes, conta que Maria Lebranchu. curada milagro amente, recaiu no eu ma l. Ao Padre Bertrin, que conhecia a miraculada e a sua saúde persistente, e que f z notar isso a Zo~a, êste retorquiu : "Eu faço romance, senhor e não história.") A atitude mental e lógica d~ um crente é humildade e alegre ufania de vi– ver na verdade e de encontrar na fé a fonte de indizíveis maravilhas . Por isto, a elegante ironia dum Anatole France magôa-nos mais do que as blasfémias grosseiras de um Zola. Muito mais pérfido para muitas inteligências do 4ue o livro que ataca, é aquele que ridi~ culariza, que menospreza ou que se toma de irônica piedade. Pa ra os leitores- e leitoras dos romances de hoje, os ataques que sofrem a fé e, in rlireta – mente, a pureza, as s1 1mem muito mai <; fr qüen– temen te o aspeto duma lenta e segura deforma– ção da conciência . Há atmosferas que são de– letéria s e, aos poucos, envenenam . O envene– namento do espírito é ta lvez o perigo mais te– mível. Após um desvio gravíssimo, a r ós uma fa lta vergonhosa, vai- e clamar por · ocô rro junto ao padre; mas o espírito, lentamente per– vertido, difi cilmente torna à ordem. Para que 11111 roma nce seja bom, não é preci so que seja dogmá tico, e para que um fil me seja moral, absolutamente não é preciso q ue se con sagre à apologia da virtude ou de– senro le aos nos os olhos a vida de um santo ou de um hero i. Sucede-nos sentir a no sa si mpati a despertar-se por tal personagem que, no en tanto, vive fora da ordem, por exemp lo por Agos tinho, antes da conversão, no pane– gírico de Bos s uet. Mas essa simpatia não se volve à desordem : visa tal qualidade, tal traço de carater q ue não obstante as falhas, atraem a nossa admiraçã o. A experiência cedo no ens ina que não existe homem totalmente mau . Em cada um deles , s0b as próprias cinzas acum ul adas do pecado, ,pode- se " reencon trar a chama primitiva que nã o pode deixar de existir" . (Mauriac, O Romance e seus pe,sona– gens) A verdade -diz Mau ria c-é que eu amo os meu s mais ·trist es personagens, e que os amo tanto mais, qu an to mai m1seraveis, tal como a preferência ddma mãe vai instintiva– mente ao fil ho rnenos dotado ." Ü artista que crea se li 111 personagem em que as sombras não deixassem lugar a ne– nhum raio de luz, daria prova dum conheci– mento muito falso da alma humana . Para que se ac he 11m romance o filme moral, não é preci o que encontr~mo,, ou na sua leitura, ou no seu ele enrolar uma espé– cie de equação entre n bem· e mal. ão é preciso que sem pre ·'o mal seja punido e o bem recompensado", mas que o bem s ja em– pre o bem, e o mal sej,1 sempre o mal; quer di ze r que o autor nfí<) os con , idere 0111 p r– feita igualdade, com , rena indiferença . Para dizer todo o nosso pen amento, se certo li– vros audaciosamente imorais e que fechamo ..

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