Quero - 1942
- já as atividades técnicas e profissionais contemporâneas marcam por demais o ser hu– mano com o sinete do utilitarismo escraviza– dor . E' preciso que , no recesso da família. haja horas em que se esqueçam as duras con– tingências da vida. E' preciso que o lar seja realmente o abrigo feliz onde o homem con– vive na intimidade dos seus semelhantes mais caros, "onde descansa , onde respi ra, onde se move em liberdade, onde adq uire conciência do que tem de melhor em si, onde encon tra o apaziguamento e a re~Iização da sua mais íntima nostalgia." (R. Guardini, obr, cit, pag. •218) Importância da formação estética -'Um dos meios mais simples e ao mesmo tempo mais eficientes de conservar ao convívio da fa – mília o seu cunho de comunicativa felicidade, é dar encanto e beleza ao lar. Porque há am– bientes materiais propícios à intimidade e f.l ventura doméstica, e ambientes que lhe são misteriosamente hostis. No lar, os objetos mais simples concor– rem para traduzir e evocar o íntimo ideal de ventura e de amor. É, portanto, de grande import ânc ia a creação de um amb iente harmo nioso na vida da família . ,,,, Para essa arte delicad a e "sui-generis ", foi a mulher especialmente dotada . A família espera muito do dom feminino de crear beleza. O homem, embora gera lmente incapaz de dar às coisas encanto e graça , não é ince nsi– vel à sua sedução. Quando volta à casa, fati – gado do tropel exterior, a frescura de um ves– tid inh o gentil, a delicadeza sutil e inesperada de um perfume ou de umas flores, o acon– chego repousante de um recanto de sala, re– frescam -no como uma aragem carregada de pro– messas. Va lem às vezes mais para distrai-lo das sugestões de fora , para lhe restaurar a sensibil i– dade fatigada e restitui-lo à conciência das rea– lidades superiores da existência, do que vee– mentes provas de carinho ou longas exorta– ções da companheira . A casa de famíiia, não o esqueçamos, não deve lembrar nem um hotel nem um museu. Muito menos uma vitrina de loja. A sua beleza é outra e outro o seu indefinível encanto . 16 J . f. C. B. Belém- Pará- Brasi l Conclusão - Vimos, poi s, mais um as– pecto das responsabilidades da mulher na fa– mília . Para o cultivo necessá rio da felicidade doméstica, a arte de crear beleza é um valioso dom . Guardiã da felicidade , é necessário que a mulher preze a sua vocação famili ar, sinta enlêvo em .se r espôsa e rnãe, em possuir e animar um la r, abrigo de humanos e recesso· de tantas esperanças, de tantas bênçãos de Deus! Numa pal avra, é preciso que alimente, afim de comunica-la em derredor, a chama do idealismo. Custará muitas vezes à mulher so rrir a uma vida que , mesmo feliz, lhe traz tantos e . pinhos e lhe pede tantos sac rifícios. Gasta pel a luta ininterrupta, seria preciso qu e constante– mente se lh e renovasse a mocid flde da alm a, que após cada desilusão lh e fôsse restituída a frescura primeira e generosa do sentimento, da confiança e do e ntusiasmo. Sozinha, não poderá reali zar ês:e milagte. Mas existe Alguem que tem o segredo _de rt>– parar as energias ex go tad2s e de abnr sem cessar ente o ol har hum ano a perspectiva de novas possibilid ades. E' DEUS. Procuremo-lo mais do que nunca , por entre os e nca rgos da vida de família. Só o co ntacto com Êle, a intimid ade com Êle, a uni ão com Êle, concienciosa e fielme_nte procurad a, nos permitirá conservar .ª moc ida de da alma e alimen tar, sem desfalecime ntos, a chama que ilumina e aquece para sempre a família. Existe no princípio da missa um salmo, que exprime bem a at itude da mulh er cristã em face da vid a e é, por assim dizer, como o seu lei l-moliv espirilua l : lntroibo ad altare Dei, ad Deum qui laetificat juventute meam. "Su– birei ao alta r de Deus, de Deus que ren ova a minha mocidade. Tôdas jovens cristãs deveriam medita-lo e seguir-lhe o luminoso conselho : aproximar-se do Ete rno Vivo e pedir-lhe que marqu e com o cunho da sua pere nidad e essa juventude que é o privil égio feliz dos vinte anos, e qu e mais tarde. aos poucos refugiada na alma, será a fonte do idea li smo abençoado das espôsas e mães.
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