Quero - 1942

7 J. F. C. B. Belém - P4r.i-Bmil t ... rt f t 1111 •• 1 t t 1 •• 1t111•··11111 11111t1111t1111111t1 •• 1111111t111111111111111111111111 1 ..... 1 ... ri 111111t111111r,1t1111tttIt11111111 •• 11t111111111 t U Pe. Eurico Maria Kraiitter, Superior da Congregação do Precioslssimo Sangue, de volta do Congresso Eucaríslico de Manaus, ceJfeu à "QUERO" doil ca– pitulas do seu livro em preparaçdo sõbre as misstJes do Xingú. Publicamos, êstc mês, um dêsses capítulos, com os nossos agradecimentos . • Beija-Flor S AINDO de novo de São Felix, tornámos desta vez a direção do Mato-Grosso, Xingú acima. O alvo da nossa peregrinação são os heroicos seringueiros da Ilha Beija-Flor, os últimos civilizados no sertão do Alto Xingú. A nossa fragil embarcação vence a cachoeira do Chadá, do Coatá e da Onça. No quarto dia, avistamos do lago da Mutua a Ilha Beija-Flor, em forma oval-com mais de quatro quilómetros de comprimento e aproximadamente duis de largura. A ilha é de todo coberta de densa mata e nas suas orlas balançam bacabeiras. Na extrem;dade de cima, ao lado ociden– tal da ilha, avistam-se três choupanas de serin– gueiros, duas das quais uma junto à outra, e a terceira situada uns 100 metros mais em baixo. Que imensa alegria para os pobres ha– bitantes desta zona, quando aparece o missio– nário católico! Como as crianças já de longe estendem as mãozinhas como a pedir a b~nção. Já estamos perto da margem. Mas que é isto? Será que não escutam o forte e dtmico bater dos nossos remos, nesta solidão, onde q11al4uer coisa anormal 'é notada no primeiro instante? Ninguem sai das choupanas. Que coisa extranha! Um pressentime1lto de todo triste nos invade de 1epentc a alma. Atracamos a canôa . Mas aonde estão as crianças do José Tropeiro? o Manoclzinho, o Joãozinho e a Carmina, que BIBLIOTECA PÚBl lC S çio d ôb111 c.l fez com tartta piedade a primeira comunhão em São Felix, 110 dia da Imaculada Conceição de 1938? Meu Deus, que terá acontecido? Subimos o barranco. As portas acham-se abertas, desmanteladas. Entramos. Topamos logo com uma cruz no meio da sala; saimos e passa m,o s por um defumad::>r: 3 cruzes. Fomos adiante ... mais uma cruz. Na chou- pana de baixo .. . 6 cruzes ... todos massacra- dos pelos indios ''Gorotirés", e enterrados ali mesmo onde tombaram, atravessados de fle– chas. ' Dois homens e a menina Carmina foram raptados. Na primeira choupana, que era do· José Tropeiro, junto ao túmulo da mãe da Carmina, celebrei o santo sacrifício da Missa em sufrágio dos heroicos seringueiros mortos pela ferocidade dos caiapós. Quando a canôa lentamente se afastava da ilha, 11ossos olhos rasos de lágrimas fitaram ainda uma vez as três choupanai; abandonadas... os seus infelizes habitantes eram queridas ovelhas do nosso re– banho . Ilha Beija-Flor - Ilha ~a .Morte. ' Descemos pelo canal da margein direita . Avista-se uma alta serra, chamada a Serra da Fortaleza, que se estende ao longo de um igarapé do mesmo nome. Atraz <lesta serra encontra-se o grande acampamento dos ind1os Oorotirés. Aí gemem os três desesperançosos prisiontiios da Ilha Beija-Flor.

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