Quero - 1941

reproduzir. Se "os exemplos vividos têm um outro poder", que diremos do exem– plo dA.que !e cuja graça age em nós e co– labora connôsco? Vêde as honras com que a Igreja , na Missa solene sobretudo, rodeia o Evange– lho - incensado, osculado, venerado como o mais precioso tezouro. Não é para extra– nhar a expressão de Bossuet: - ~'é um segundo corpo que o Verbo assume no Evangelho". Meditemos no que dêle pensaram os santos, desde Sto. Agostinho ao Cura d' Ars, passando por Sta. Tereza, Sto. Ignácio, S. Vicente de Paulo ... Interroguemos os co n– vertidos que o ''descobriram", um Ps1chari, um Carlos de Foucauld, um Coppée que, em tôdas as páginas dêste livro divino, "viu a Verdade brilhar como uma estrêla e sen– tiu-a palpitar como um coração." · Anna de Gonzaga , princeza pahtina, uma vez convertida, estabeleceu em casa uma vida de piedade e oração, de que a lei– tura do Evangelho era a base. Dizeis que ]êdes "o Evangelho do do– mingo''. E' para lamentar a exactidão dessa frase, porque exprime uma leitura de dois ou três minutos e isso cincoenta e poucas vezes no ano. A' margem dêsses minutos, estende-se tôda uma vida, onde é bem possível que o Evangelhó não tenha lugar. Saímos da igreja depois de ter fechado o livro e é com um. coração vazio de Evangelho que voltamos ao mundo, que organizamos a vida, - vida particular, familiar, social, - que dirigimos os nossos negócios, regulamos as nossas relações com superiores e inferiores, esque– cendo muitas vezes que os preceitos divinos abrangem a justiça e a caridade, e mere– cendo que nos seja aplicada a palavra de Sto. Ago tinho : '' E' preciso mudar de vida, ou mudar de nome" - isto é, não se inti– tulétr mais cristão. 6 ' J. f . C. B. Belém-Pará-Brasij COMO UH O EVANGELHO ? Lentamente - não é_ um romance que se devora, mas, se é lícito dizê-lo, um elixir que se toma gota a gota. Pouco de cada vez - e se um só ver– sícula nos arrebata a alma, deixêmo-la im– pregnar-se de tôda a substância do texto sagrado. Todos os dias - deve ser o livro de cabeceira do cristão. Quando? de preferência pela manhã, de mane ira a não o esquecer e para que o dia inteiro seja embalsamado pelo per– fume divino. E lê-lo, ainda, como? Com tôàa a alma, para repetir a expressão de Platão. Reconstituindo as cenas e os lugares, pela imaginação. Com olhos que saibam ver a multidão dos mise raveis, as margens encantad;:1s e encantadoras do belo lago azul, a doçura das colinas da Galiléa, as fl ores dos prados e us trigais ma d u r os para a colheita. Com ouvidos que ouçam os gritos dilacerantes e os apelos angus– tiados: "Cristo, tende piedade! Salvai-nos, ,, que perecemos . .. Com o coração, principalmente, que saiba comover-se ante as cenas tocantes, criancinhas, a Cananéa cheia de fé, o re– gresso do filho pródigo; que vibre diante daquele poder que ordena às vagas; que chore com Jesus no túmulo de Lázaro, se indigne com Êle contra os vendedores do Templo ou que, diante das dores da Paixão, repita a frase de Clovis: "Se eu tivesse estado lá com os meus francos, Cristo não teria sido crucificado !" Assim compreendida e praticada, a lei– tura do Evange lho nos apresentará, não uma doutrina mais ou menos abstrac ta mas Alguem vivo com quem travamos rela– ções pessoais.

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