Quero - 1941

1 • 7 q~ero · 11 · _ J . r . e. B. Belém- Pará- Brasil -~~~~~~ . '"'- ...........,...,,....,,,... -----~ ·OOLHAR Df JfSUS Helena Sousa A tragédia do Çalvário vai repetir-se , em breve. Que digo? Somos nós que a va– mos fitar, uma vez: mais. Ela não se re– pete : prolonga-se, místicamente, no Santo Sa– crifício da Missa; mas, fico u, para tôda a Eter– nidade, arrastada pela rua da Amargura, pelo leito do Cedron, Calvário acima, aberta nos braços rudes da Cruz, no rôpo do Gólgota, es– correndo sangue e perdão pelas vertentes do monte, t _scorrendo sangue e perdão pelas en– costas vivas da H umanid ade, que ergueu a a Cruz no cume da sua História . Somos nós que vamos fita-la uma vez mais, a essa Paixão puríssima, a êsse Amor castíssin10 que pregou com duros cravos duas mãos que ficaram sempre abertas e dois pés que , imoveis, esperam pelos que se atrazam ... Vamos fita -la uma vez mais a ·essa Aoonia vo– luntária, reavivadas as suas côres passionais pelo reg_resso de uma data que renova em nossa pobre memória humana aquelas horas que ali se enquadram num eterno bater. ' Levantamos para o alto do Calvário o nosso olh ar. Estamos entre os que assistem à morte do Filho do homem . Tu nos viste, Senhor. A teus olhos di– vinos, que punham num mesmo horizonte as gerações sucessivas dos século , estávamos tão presentes quanto a multidão desvairada pelo ódio, quanto Madalena, João e a Virgem Maria . Mas, Senhor, onde estávamos? Onde nos viste? Talvez junto a Simão Barjona, impetuoso e covarde; jamais entre os que vociferavam : CRUCIFICA- O! Talvez teu olh ar ancioso não tenha en– contrado , n~ primeiro instante de pusilani~i– dade, a correspondência de uns olhos cora10- sos. Mas, Jesus, o teu olhar candente que der– reteu em lava de amor a alma de Madalena e fendeu em duas fontes de arrepend imento o cotação de Pedro, há-de ter trazido , também, aos pés da Cruz a nos a alma fraca e tumul– tuosa Porque é ao pé da Crut que estamos, agora. E' na companhia de tua Mãe. de tua discípula e de teu confidente que e peramo , macerados. mas fieis, as três badala d as de sexta- feira, que te amortalharam e nos_ remi – ram . .. E' ao pé da Cruz que e tamos, Joelhos nas urzes do monte, as mãos na dureza do lenho e o rosto erguido para Ti , sorrindo- te por entre lágrimas ... Ah! que teu olhar não vagueie, sombrio e desiludido nes a hora de adeus; que não ande errante'. à procura de con oladores ! Teu · olhar de moribundo. que chama , ch ama , chama. .. Verte-o todo, Jesus, em gotas tão quentes como o teu angue, no cáli<.:e de nossos o_lhos, levan– tados sôfregamente para o recolher ! ...

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