Quero - 1941
J. f. C. B. 4 Belém- Pará- Brasil ~_.._...._,,,. ____ ......,...._.._ ____ ............._,...._...,.~._,...,.,,..._,-....,_-- __________ ~ ~~,,,....,,....._,,, f->\ U ERER é, antes de mais ~ nada, fazer uma escôlha: "queres ser curado?" . Queixamo-nos das fragili– dades e incoerências da nossa vontade. Jesus nos colo cou diante do verdadei ro problema. "Üueres? Tens convicção que possuis uma vontade, que po– des fruir da liberdade moral?" Não há nada mais cómodo do que desculpar-nos com a fa ta lidade, -âepois de um êrro : ·' Foi mais forte do que eu". Recebemos de Deus não só ·a inteligê ncia como uma vontade livre. Não se poderia co nceber a noção de "bem moral" se não ti véssemos a aptidão para fazer o bem e evitar o mal. Dize r : não tenho vontade, é - mais que um êrro, não si– gnifica nada . Porque a von– tade não se agi t l'I no vácuo, visa um objecto: quer- se sem– pre alguma coisa, o melhor ou o me nos bom, o esfôrço ou a inércia . O u so racional da nossa vontade disti ngue-se pela orien– tação q u e I h e i m p ri m i m os. Orientar a nossa vo ntade é di– rigi-Ia e, quando é preciso, corrigi-la. Nem todos os homens têm o mesmo poder de von tade. Assim como há intel igências mais ou menos fortes, mais ou menos subtis, encontram-se, também, caracteres enérgicos ou indecisos e fracos . Além disso , todos remos tido a ex– pe1 iéncia de que a nossa von– tade não tem uma potência in– variavel. Como as circunstân– cias influenciam o nosso pen– samento para a sua maior ou menor lucidez ou seu grau de justeza, assim podem varia r com os dia a intensidade e a ·firmeza de nossa vontade. De- ••~••• •o••••• 9•••••e••••••~•••••• • • • • • • ! AESCOLHA ! • • . . •• •• •• •• ••• e ••• ::::•••• •• Conego HEVROT ••••:::: pende daí a nossa preferência pelo esfôrço custoso ou pela solução facil. Seja como for, é sempre por um acto do espírito que orientamos a nossa von– tade neste ou naguele sentido. A enferm idade da vontade cura-se, pois, pela firmeza de nossa decisão. Falam os de falta de coragem : concordo ; mas · ;i coragem-disposição do coração--j orra duma convicção do es pírito. E' o impulso dó coração , da vontade em direc– ção da beleza !obrigada, da verdade reconhecida , do ideal admirado. A visão produz o amor e o amor engendra a fôrça . Não é verdade que quere– mos sempre o que nos agrada? Queres ser curado? O ob– jecto da vontade está determi– nado: é a cura . A pergunta do Mestre também significa: que– res fazer o que é necessário para receberes a cura? queres o fim - aceitas também os mtios, e todos os meios para o atingir, os únicos meios que te farão chegar ao fim ? Querer apenas o fim ·é uma ve leidade . "Quero" significa que tudo aceitamos para vencer. O con– sentimento depende, ainda , da conv icção e do amor. f Aparece uma dificuldade a superar, um mau boca do a so– frer, um desgôs to a suportar? Decerto, não sinto inclinação natural por isso. A minha sen– sibilidade propõe-me um atrac– tivo diferente. Isso não impede que eu possa julgar claramente – desta oposição do instinto. Se, depois de um passageiro sofri– mento, posso entrar na posse de um bem maior, não discuti– rei o preço a pagar. Se amo apaixonudamente o bem que é preciso adquirir à custa de um esfô rço, se lh e tenh:> um amor maior que ao prazer imediata– mente cferecido, a minha von– tade seguirá o que mais amo. Obedece ao at ractivo mãis forte e pode, em estado normal, vencer as resistencias da sen– s ibilidade. Por que estaria o prazer só no esfôrço mínimo ou na inacção? O pra zer tam– bém se encontra na dificuldade vencida, quando a luta no5· dá a posse do objecto ardente– mente desejado . Tanto para os meios a _empregar, como para ó fim a obter. a vontade é movida por um atractivo, por um amor. Devo escolher ou o atrac tivo da sensibilidade ou o amor, qu e provém de uma con– vicção. A sensipi lidade vence a vo n– tade quando a convi cção não é assaz forte. Quando um acto nos aparece be lo, grande, necessário, se o amamos, por êle ou por suas consequencias. se queremos agradar a quem nos ordenou de o cumprir, logo a nossa vontade se torna engenhosa e intrépida. E' preciso saber, é preciso ter; compreendido, é preciso amar : " ~em paixão, nada se faz de grande" (Pascal)
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