Quero - 1941

9 J. f. C. B. Belém-Pará- Brasil o • o o ' -carnaval numa conversa Maria Leonor HESKETH Cf)elegada jic;ista --Q LÁ, Helena, como_ vais? Estás te di– vertindo muito no carnaval? - Carnaval! Não sabes que entrei para a Acção Católica e que, portanto, renun– ciei a êle? - Oh! Não sab ia. Que tolice! E que mal há no carn aval para que a A. C. o pro"iba? - Que mal? Ora, Alba, por gostares dêsse divertimento, como eu outrora goste i, não deves procurar nega r tôda a . ua mald ade, pois eria o mesmo que encobrir o .oi com a mão. - Di ze-me, então, o qu e encontras de ruim no carnaval. · - Para isso ba sta recordarmo uma festa carna\íalesca . Que vemos naqueles salõti? O descon– trole total da personalidade - consequencia fatal e inevitavel da música sensual e do exces o de whisky. Resistindo àquele ambiente, há uma jovem que evita cair no "frêvo' ' afi m de não se exp5r tanto ao pe rigo , poi s não desconhece as inconveni ências praticadas naquela confu ão . Sua intenção ao dirigir-se àquela fe ta era muilo recta; foi ·ali apenas p ra se di strair um pouco. Mas ... v~s a insistência com que a fita aquel e rapaz simpático?... Consegue , finalmente, fa– lar-lhe: "Senhorita, não fique assim tão afa - tada; vamo-nos divertir." "Ora . .. - responde el a - não gosto de cobrinhas." "E por que não dançamos?" - ugere êle. - A moça contem– pla o salão onde todos se empurram num de- espê ro de gritos e de pu los, e julga quasi im– possivel dançar, mas ... afinal . .. o que ficará ela fazendo ali a noite tôda? Resolve, pois, ex– perimentar. Talvez consegui'Ssem esquivar-se da turba louca. Sai com o par. Dois, três passos, um empurrão; uma virada e quasi . se esma– gam num encontrão; outra volta e dão uma escorregadela . ''Como vê a senhorita, é impos– sível dançarmos; acho melhor pularmos com os outros." Ela, cativada já pelo . par, cede , e, de braço dados, saem pulando. Já no turbilhão da loucura cresce a animação da jovem, - seu par não deixa de notar a transformação. Mo– mentos após, comenta: "Então, não go tou ?" "E' mais ::itraen te do que eu julgava"-confessa a moça. -- Agora tem ela o rosto ardendo e a garganta ressequida; o rapaz nota e oferece-lhe uma bebida. Naquele momento nada mais de– seja ela, pois a sêd a ufoc ·. Aceita, pois. "M2s... nada de alcool. .. apenas um refrê co... " Chegado ao bar, êle oferece-lhe um pouco de whi sky para misturar com o refrêsco. "Obri-. gada, não bebo." 'Não vê, diz êle, como be– bem es a moças que e tão ao seu lado? Aceite, ao menos, um pouco e verá como lhe fará b~m. Experimente ... -"Bem, s, ja . . ." Agora, cresce a animação e vêmo-la no meio de uma roda, requebrando-se de tal ma– neira que mais parece uma dançarina de "ca– baret" do que uma moça de família. A sêde volta e volta-se ao bar . . . Ao terminar a fe ta, dificilmente ,reconheceremos nela a moça sim– ples e recatdda do início. O ambiente transfor– mou-a. ão ê. tes, e outros piores, os caso que temos ali presenciado . ( Continua na pôg,na 18)

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0