Quero - 1941
cortinas o horizonte que limita o ponto até onde atinge a vista humana, fraca e pequena ante a imensidade das coisas, Qual a comunicadora entre as duas partes que formam o Globo Terrestre - terra e mar - recebes em teus braços os oceands e os mares. Qual artista privilegiada, dei– xas ver, nos teus cenários deslumbrantes, . quadros magníficos de acte incomparavel e permites que em ti se ouça a musica en– cantadora do canto dos passarinhos e do · murmúrio da maré. Qual querida entre to– dos, deixas que te acaricie tudo o que te deseja afagar : o vento e a chuva , as espu– mas e as ondas, as conchas e as pedras, as folhas e as flores , os raios faiscantes do sol e os cintilantes do luar, os peixes e as aves, a alma ag reste do selvícola e o espírito es– clarecido do civilizado, o coração radiante que em ti procura expandir a sua felicidade e o peito dilacerado, ancioso por calma e consôlo para a sua dor. És, em suma , uma obra prima da crea– ção, uma maravilha que Deus creou para lhe tributares um cântico perene de louvor, para sempre lhe entoares a sua glória! E, como não ha de tremer tôda essa natureza que te forma, quando vês seres racionais - os homens- que ainda mais do que tu deveriam glorificar a Deus, a te pro– fanarem com os seus pecados! Como não se hão de revoltar as tuas areias ao senti– rem sôbre elas os escândalos e os crimes! Como não se ha de envergonhar a luz que te ilumina, ao deparar a cegueira tenebrosa a que se entregam as creaturas, não que– rendo divisar atra vés da magnificência da natureza que as cerca o olhar de Deus, a quem tanto ofendem neste lugar bendito. 9 J. f. C . B. Belém- Pará- Brasil . '➔ , ' . 1 f • J I E. ·por que iha de o homem. estragar , êsses favores que Deus lhe concede, para deslumbramento de sua vista, contenta- ,... I ., "'• ! , mento de séu coração, com ofensas e pe- cados? Por que há de inventar modas ,e qesfr~tes : ~ergonhosos que , lhe r~baixeíf\ . os sentimentos, os quais, nêsses lugares como são as praias, tudo d e veria concorrer para que se elevassem? , P(!)f ' que ·ha de se afastar ; o homem do prazer simples e radiante das coisas, . procurando meios de os transformar ''em 'lll;U3 e pernféiosds gozos ? . 1 Oh! Pensemos um momento! Tenha- • • r l' mos um 1 .poúto· de' b0a, ;vontad~,- e vejamos · se não concorremos, também, alguma vez, para manchar a poesia pura das praias com 1 , , 1 • t , o nosso ''maillot'', com o nosso ·"proceder''. E, se achamos tão_ triste a pfofanação d'a natureza, I por :ela.•nÓs p~irécer' tão linda ' e maravilhosa, que pensar de urna alma que se rpanch8i e se aniquila pe 1 lo peçadq r Se Deus soube fazer tão bela a natureza que tem fim, corno não terá feito a .alma que é i-rnortal ? Reflitamos, pois, em· todos êsses tezouros , que Deus nos concedeu, sobretudo, no m~ior , de todos que é a alma, e saibamos trata -los com desvelo e deles usar com cuidado. 1 E, assim, quando se nos apresentar a ocasião de p::issearmos em urna praia, de lá veranearmos algum tempo, saberemos nos portar com dignidade, desde o vestir até o brincar, para conservarmos as nossas almas puras e serenas, e go z armos uma alegria sadia, simples e radiante, que bem condiga com a natureza festiva que n9s cerque, en– toando, com ardor, um hino de glória a DEUS CREADOR.
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