Quero - 1941

O 13om Jamaritano lu M judeu, descendo de Jeru– salém para Jericó, foi as– saltado, durante a noite, '! ' nas solidões do deserto de Judá, por uma turma de malfdtores, que o espoliaram e deixaram-110, . de– pois de o espancar cruelmente, meio morto à beira do caminho. Passaram por êle, consecutiva– mente, um sacerdote que voltava do Templo, onde tinha oferecido incenso e imolado, segundo o rito, cordeiros e avezitas, ao Deus de_ Abraão. Era daque– les cuja missão é ensinar o caminho da salvação, na bela sentença: "Amarás a Deus sôbre tôdas as cou– sas e ao próximo como a ti mesmo." Viu o pobrezinho, o seu irmão de lei e nacio– nalidade, ouviu os gemidos, mas passou de largo, arregaçando um pouco a túnica afim de _não tocar no sangue que escorria das feridas. Era mu!to prudente, . não queria complicações .. . Ap ressou pois o passo e seguiu adiante. Desceu também um levita e sem càrar de pejo pela dureza de coração .passou de largo·: . Entretanto, o pobrezinho sé esvaía em sangue e deixava escapar gemidos angustiosos. Mas, eis que surge 0t1!ro personagem, e êste um Samaritano que vem de viagem e bastante apres– sado. Ouve os 'gemidos, aproxima-se ... reconhece um inimigo nacional mas fecha os olhos ao sentimenta– lismo humano e' egoísta que o assalta é abre-os des– medidamente à generosidade do seu coração e à gran– deza de sua al::1a ... Apieda-se ... desata-lhe as cordas que o prendem e qual carinhoso enfermeiro inclina-se, lava-lhe as feri d as e deita sôbre elas um bálsamo suavíssimo. Entretanto, não _para aqui a s~a caridade : car– rega-o, fa-lo montar no seu 1umenttnho e conduze-o com extremoso cuidado à hospedaria mais próxima... . . . . . .. . . ........ . .. . .. . .. Caminhando também pela estrada da vida, de volta da labuta da fábrica ou das canceiras do e cri– tório, deparamos não raras vezes com outro tantos espoliados que o egoísmo e a incúria da geração que nos precedeu despojou e atirou de mãos e pés 19 J. F. C. tl. Belém- Pará-Brasil atados à beira do caminho, onde gemem e soluçam à espera de alguem que os venha socorrer. ~ão legiões: homens e mulheres, crianças e velhos .. . é a nossa juventude operária precocemente envelhecida, falha de sentimentos e de acções que a dignifiquem e elevem ... Bem verdade é que ouviram longe o som de passos, que pouco a pouco se aproximaram, mas fo– ram de homens maus e perversos, que lhes tocaram, mas para di.stilar nas profundas feridas da alma em vez do bálsamo suave e refrigerador dos ensinamen– tos sãos do Evangelho, o ácido forte das idéas anar– quistas, que causticam e corroem. Todos passaram ... Mas ... Eis que novo ruido avança, cada vez mais. Quem será? Alguem que vem aumentar a dor e rir dos gemidos e do íntimo de– sespêro da alma combalida? Não 1 Ergue-te num esfôrço supremo, 6 juventude, abre os olhos e apura os ouvidos. Tem confiança. São passos que ouves, mas não semelhantes aos pre– cedentes. São os do Bom Samaritano, cuja hora é chegada. Tardou talvez, mas vem a tempo e só pede a ti um pouco de boa vontade. São as operárias católicas que se inclinam, sem distinção, sôbre tõdas as suas companheiras de tra– balho não só para suavizar as feridas morais da alma, pem como as materiais, mas ainda, para reer– gue-las, conduzindo-as ternamente e com brandura, para ensinar-lhes a trilhar a estrada do dever até a próxima hospedagem- a nossa Joc, onde unidas num "só coração e numa só alma" aguardaremos confian– tes e jubilosas o triunfo do nosso Ideal.

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