Quero - 1941

9uero texto. "Assi m, pois, é que deveis orar: Pai nosso q ue estás nos ceus, etc ." ( M t. VI , 9 ). E' ess a oração po r excelência, a prece domi– nical que figura no sacrifício por excelência, en tre os dois momentos culminantes e essen– cia is da Sa nta Missa : a Consagração e a Co– munh ão. Mes mo quand o não há Consag ra– ção ( Missa dos P ressantificados) e se omite q uas i todo o Canon, não pode faltar o Pater Noster ... A renov ação li túrgica não pretende eli – mi na r a ·p rece particular, individual, s ubj ectiva . Q ue r imped ir a desagregação completa do es– p írito colectivo. Da mesma fo rma que a " Acção Católica é a a cção corporativa e não iso lada dos leigo s a serviço da Igrej a", a Litu rgia é, por s eu turno, " a oração incorporada e não solitá– ria, como quer a Igreja , não com ex clusiv id ade, mas com primazia ", confo rme Tri s tão de Ata íde. Não se ex ige pa ra a Li turgia o mo nopólio da s orações, apenas se in culca a p reeminência q ue lhe é devida. E agora peçamos ao grande mestre, Ro– mano Guardini, urna de suas claras exp la– nações: '"O fim primarto e próp rio da litu rgia não é o culto prestado a Deus pelo individuo. Não é nem a edificação, nem a rnonição espi– ritual, nem a formação interior do individuo, enquanto indivíduo, que ela se propõe. Não é o indivíduo que é o suporte da acção e da prece litúrgicas. Não é mais a adição aritmé– tica de um grande número de fiei$ tal como ela se oferece a nossos olhos no santuário como a expressão material da unidade da pa– róquia no tempo, no espaço e no sentimento. A pessoa litúrgica difere muito; é a união da comunidade fiel, · como tal, é algo que ultra– passa e tra11sborda a simples adição numérica dos indivíduos-afinal, é a Igreja. A liturgia é o culto público e oficial da Igreja; ela é exercida e regulada por ministros escolhidos para êsse fim, que são os padres. Na liturgia, as homenagens prestadas a Deus o são pela unidade colectiva espiritual, como tal. Importa salientar essa essência objectiva da liturgia. E' precisamente nisto que o conceito católico do culto colectivo diverge nitidamente da con- 2 J. f. C. B. Belém-Pará- Bra11il cepção protestante que encara, antes de tud o, o individuo. O fiel encoAtrará justamente na expan– são e no desdobramento do seu ser, dentro de urna unidade larga e mais alta do que êle, a libertação e a formação interior. Decorre isto lbgicamente da natureza profunda do homem que é, ao mesmo tempo, individual e social." ( L' Esprit de la liturg-ie, 102-103) Importa não esquecer: "O que une aque– les que no templo celebram juntos a liturgia, não é a sua presença comum , mas o seu co– mum baptismo, pelo qual são membros dum só corpo, cmja cabeça é o Cristo; corpo orga– nizado, onde cada q u a I tem sua função." ( Bernardo Capelle, O. S. B.) Procurando colaborar nessa renovação lit ~rgica , não nos atemorizemos com a termi– no1ogia técnica e especializada que, por vezes, im prime uma fisionomia árida ao assunto. Graças a Deus , já possuímos, em vernácul o, a bund a nte litera tura, editada principalmente pelos monges Beneditin os. Livros de vulgari– zação. Li vros qu e concorrem para melh or en– tender a Santa Missa. E melhor do que tô– das essas obras, o Mi ssal Roman o, o Missal dos Fi eis . Digo utilíssima essa tradução do Missale Romanum porque a ignorância do idioma de Cícero impede sa borea r os textos litúrgicos na sua s ublimidade origin a l. Lembro-me agora da qu e di zia um escritor português, dr. Serras e Sil va : "Como as coisas mudaram! O latim , que e ra uma brincadeira, foi tra nsformado pelos pedagôgos num tormento. Então até os pretos o sab iam, hoje nem os brancos o entendem." Conclua mos com Weimar Pena, um do s jovens in telec tuais que ingressaram há pouco na vi da monástica: " Nós, ca tólicos, que pos – sui mos a única Liturgia, is to é, a obra divina pelo homem, in co rpo rad o no o r g ani s m o da Ig reja, precisamos compreender qu e é numa volta a essa Lit urgia man tid a miraculosamente pe la Igreja at ravés de todos e,s indi vi du a li s– mos e an tropocentrismos, É NUMA VOLTA À LITURGIA QUE ESTÁ O SEGREDO DA SALVAÇÃO DO HOMEM MODERNO."

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