Quero - 1941

Palavras perfeitamente justas . Sim, matriz da humanidade e seu la– boratório sagrado. A família não é só o berço das vidas humanas. É, também, o recesso onde se constroi e se transmite o patrimonio moral das civilizações. Pela di sciplina famili ar, incompara– vel destruidora de egoísmos, pela união dos sexos que se completam e mutua– mente se exaltam,, a famíli a educa, eleva, afina o ser humano. Pela transmissão he– reditária, perpetua no tempo as virtudes adquiridas e cultivadas em cada geração. Pela educação da prole, multiplica o va– lor humano na raça. Para realizar, na modéstia da vida quotidiana, essa grande missão educadora, basta que a família se conserve submissa às grandes leis fund amentais da sua ins– tituição: . uni d a d e, fidelidade, castidade, indissolubilidade. A família desunida, desorgani zada, in– coerente, frouxa, vaci lante - como a que– rem tornar os inconsiderados partidários do divórcio - fa lha à sua missão humana. Falta-lhe a dupla consagração do sacrifício e da responsabilidade. Longe de dominar o ego í s mo instintivo, exacerba- o. Não exalta uma civilização, compromete-a. Ao contrário, a fa mili a edificada na sabedoria peren e das leis naturais é se– gundo a expressão de Foerster "~m' ele– mento do património permanente de tôda civilização superior.'' E' esta, aliás, a lição da história . Sa– bemos todos , por exemplo, que a grandeza de Roma correspondeu durante séculos à 11 J. F. C. B- Belém-Pará-Brasil fôrça, à fecundidade , à elevação moral de suas familias. Mais tarde, ve io a corrom– per-se ali o instituto famili ar, pelo divór– cio, pela restrição sistemática da natali– dade, pelo relaxamento dos costumes - e não tardou em consumar-se a espantosa decadência da civilização romana. O estudo da humanidade primitiva vem, por outro lado, provar que só in– fl uiram de modo decisivo na longínqua elaboração das sociedades modernas as culturas primitivas, em que a fa mília era fortemente organizada e respeitada. Os re– motos construtores das sociedades mo– dernas foram, no dizer da etnografia os povos patriarcais- grande -familiares. Falando dêsses povos primários, diz Alceu de Amoroso Lima, na sua tese sobre Economia pre-polífica : " Não é preciso grande poder de observação para concluir que dêsse fe– nómeno (a robust a constituição do– mésfica dos povos pafriarcais-grande– -familiares) nasceu a fôr a dêsses po– vos que dominaram a história e crea– ram o verdadeiro progresso humano, ao passo que tod os os demais círculos culturais ( em que a família era cor– rompida ou fraca) pararam em seu de– senvolvimento ou d e caíram franca– mente, continuando a levar hoje a vida de há cinco milénios ou de aparece ndo em contacto com aqueles povos de ci– vilização familiar''. Reforçam-se assim os ensinamen to da história com o testemunho expre ivo da etnografia. ◄

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