Quero - 1941

12 ✓._,......,... ... -- .... ...,-----~ NA BERLINDA - Tome êste anel, não diga nada ll ningoem. - Lá vai uma barquinha, carregadinha de?... - Paga prenda ! Paga prenda ! - Amigo ou amiga? -- 'ão, 'ão! Paga prenda! Paga prenda! .•. Quem não se ~ corda dessas esfusiantes frases, que tilintavam coruo guizos nas nossas ro– das de creança? ! Quem não entôa, com o doce bardo brasileiro, saudades côr de rosa dos seus 8 anos,· que os anos não trazem mais? 1 Eram tão bonitos os serões, quando a me– ninada - a meninada eramos nós ... - brincava na sala grande nas noites de festa, ou nas tardes de domingo, com o importante privilégio da cola_bo– ração dos "grandes"-pais, avós e tias-que_ riam e achavam graça com uma tão encantadora indul– gência 1 Os nossos 8 anos ... Paga prenda 1 Paga prenda ! Errou! E depois, aquêle leilão electrizante: "que quer que faça ao dono ou dona desta prenda, que está p'ra sair?" E quando chegava a última, tirada !riunfa_l– mente de dentro dum chapeu de côco, Já meio desprezado - coitadinha! - todos vociferavam: - Vai para a berlinda 1 Para a berlinda 1 Comoção! Formigamento! Risos sem fim! Todos sentam, afinal ... E alguem começa o inquérito, baixinho: "por que é que Fulana está na berlinda?" Grande tensão cerebral: cada um tem em– penho em dar a resposta mais acertada, mais en– graçada, mais ... impiedosa. • .l. f. C . B. Belém-Pará-Brasil -...,...~ ..rv G7r. ( - ...;7z.elena c9ousa Ent1-etanto, a "vitima", na berlinda, espera... Sabe que vão ser ouvidas muitas verdades, que ela gostaria de silenciar . .. Pensa no seu nariz arrebitado... no doce que ela tirou, esta manhã, da compoteira ... no olhar de vaidade que lançou ao espêlho, justo - que azar! - quando o primo entrava na sala - e êle bem viu! - recorda-se do castigo no colégio, que ela ach ou mais pruden te não contar em casa... Um riso amarelo tenta afrontar as estrepitosas gargalhadas dos críticos mordazes ... Depois, lá vem o temível rol: está na berlinda, porque... porque... porque... ....... . . . . ' .. . ..................... - . Passou o tempo da berlinda para nós, mo– ças da A. C. Ainda bem! Pois não seria para re– cear se o jôgo recomeçasse nos nossos circulos? Está na berlinda porque ... E c1 "vitima" a rememorar: ainda não vendi uma "quero" êste mês .. . êste ano ...-não dei um paS!\0 na Campanha Pascal. ..-comprei verniz para as unhas: e a minha mensalidade? - ensa io para mim é letra morta ... - formar uma dezena? ouvi fa lar disso ... E ei-la com mêdo... com um • riso ama– relo . .. "Eu ... apóstola?l Vão caçoar de mim . ..". - Ponhamo-nos de vez em quando, espiri– tnalmente, na berlinda e ouçamos de nossa con– ci ·ocia os inflexíveis "porquês" ...

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