Quero - 1941

'> 1 ~ ~ ~ . ll) IZIA-NOS, há dias, alguem que tem acompa– nhado desde o principio o caminho da J uven– tude Feminina Católica: "Como me l embro dos primeiros dias da nossa Acção Católica I Que zêl'o, que ternura tínhamos tôdas pela obra que se iniciava! Parecia que tratávamos com cuidado de uma flor ainda em botão !" Assim foi. Éramos tôdas jardineiras anciosas, debruçadas sôbre a flor entreaberta que nos ine– bri~va eom desconhecida fragrância . Havia sonhos e q u 1_meras esvoaçando em tôrno da gen til corola; havia anceios l eves como brisas sussurrando na– quela lira espiritual; subiam do turibulo de seu cá– lice salmos e orações, descantes e trovas I Tudo era novo, primaveril e virginal nas ondas de seu per– fume e no idealismo ingénuo e confiante de nossa enamorada dedicação. E a flor cândida e gracil foi a irmã mais velha de um? florescência generosa . O pequenino torrão que foi o seu viveiro cioso alargou-se fez-se prad~ esmera!dino, colorida campi~a, terra fec~nda e vasta... No _vari~do campo de seus suores e seus trabalhos, a_vida e outra, agora, para as jardineiras! Ah! já nao lhes basta o delicado labor dos dias primeiros •. . Enquanto as flores aqu i desabrocham, ainda - ali além, longe. os misteriosos gineceus entumecer~m e~ frutçis promissores. Oh I Senhor, como se nos marejam os olhos vendo-o~ oscilar, ricos da seiva do nosso amor, per~ fume fe,to põlpa, prece que se fez dádiva, carinho que . volta a nos na recompensa excessiva de uma realidade consoladora 1 . . . E o campo é sementeira, é celeiro, é ofi- 3 J.- f. C. B. __BeJéro'::P.ará- Brasi l da cina .•. Extranho campo, êsse, onde, ao mesmo tempo, semeia-se e monda-se, onde se rega e se poda e onde começam a arredondar-se os primeiros pomos de um árduo lidar. O idealismo continua a sorrir a cada corola que vem surgindo, mas, justamente, as que sabem cantar e sorrir, as que ficam cativas da primavera louçã, são as que, com mais ímpeto, sentem o ardor do estio, o desejo do trabalho duro e constante; são as que comp reendem a necessidade da luta com a terra, para que da terra brotem os frutos, as espigas e os feixes côr de ouro 1 Não! o idealismo não morreu naquelas que têm, como as '·primeiras", um coração de apóstolo; cada uma dessas pode contar, confidencialmente, seus arroubos e suas renúncias, seus devaneios e seus entusiasmos. Mas... não há só flores . agora, no campo do nosso amor. Somos mais lavradeiras do que jar– dineiras, responsaveis pela colheita que o outono do futuro oferecer. Não podemos deter-nos em sonhos ante as flores primaveris ... Avante I avante I sob a soalheira ardente, sob os aguaceiros impiedosos, sõ– bre os cardos e os seixos I Pode cair a noite antes cio término da jornada . .. Avante 1 Mais fortes, mais viris, mais experientes, côn– cias de uma tarefa que é a no sa razão de viver - arrotearemo<;, sem desfalecer, o campo do Senhor, e só quando Êle nos despedir, ao declinar do dia, vol– veremos, de novo, o pensamento sereno e fiel para a flor de nossos sonhos, que trouxe a cada uma o frémito da primavera para as horas de ingénua poe– sia e continua a embalsamar o nosso coração com o idealismo de uma eterna juventude.

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