Quero - 1940

, popular, alguma sinfonias e quartetos de Haydn e Mozart, na sua ''Bastien et Bastienne.'' Os italianos ocupam o 2º lugar em cé– lebres composições natalícias. Monsenhor Lourenço Perosi com seu "Natal do Redentor", que muitos dizem ser sua obra prima, pôs-se ao lado dos grandes génios da música . Os anjos não se env·ergonhariam de can– tar o anúncio aos pastores da famosa com– posição e certos trechos nos levam o es– pírito sem querer à contemplação dos sua– víssimos quadros do Beato Angélico . Dir-se-ia que o autor os compôs de joelhos, rezando. . O grande violinista e compositor Co relli, amigo do estilo solene e magestoso , não des– ~enhou o estilo pastoral compondo até o Grande concerto de Natal" . Entre os modernos cito Parelli, Alfano e sobr_et~?º Ottorino Respighi na " Laude per la Nahv~ta dei Signore" de grande efeito, com UJ11a sol~dez de contra ponto admiravel. Heitor Berlioz na sua " Infâ ncia de Cristo" eleva-se a alturas soberbas com seus corais e trechos sinfónicas. ~s m~sicos rumenos Draga i, !ora, Brail oi e Cuch111 deixaram-nos também sôbre o Natal composições delici osas. ' ' .... . ...... . . . .. . . . . . A música litúrgica isto é a que serve ~penas durante as cere~1ónias do culto cató– lico,_oferece um campo vasti ssi mo com mil e mtl composições de todos os gôs tos e com– passos . · O "Gloria in Excelsis ", que o sacerdote ent?a _em cada Mis sa festiva, não é por ex– celencta o canto do Na tal? M?s não é só a música litúrgica qtJe nos P: 0 porc1ona trechos de va lor artístico e reli– gioso. . ~, tamb_ém , a música religiosa popular, os mui .. eros h'.n os e versos feitos por ocas ião do Na~al. Infeh~mente, a maior parte dêles são tradu_çoes de canticos francêses it a li anos e alema_es. Mas já o repertório n~cional começa a en_n~uecer-se. Sobretudo, vastíssimo é o re– pe~t~no de música · profano-religiosa , ( música r~ltg1osa cantada fo ra da ig reja) devido a maior liberdad e do fraseado e do ritmo. São os cantos das " pastorinhas". - E' talvez a tradi ção mais mimosa das nossas ci – dades de norte a sul. Grupos de pastorinhas 7 J. f. C. B. BELEM --PARÁ começam desde a véspera a visitar os presepes das igrejas e famílias. Além da família e dos convidados, há o povo que fez cortejo às pas– torinhas, peias ruas. Lôas e cantares começam a se ouvir então por tôda parte. São par a bens a Nossa Senhora pelo lindo filho: Já raia o sol Já raia o dia Vamos dar os parabens a Ma ria . Nas boas famílias, o menorzinho, en– saiado de há muito pela irmã mais velha, deve recitar uma poesia aq Menino Jesus. E há sonetos e versos sem número para tal fim. Em alguns lugares, a cena das pastori– nhas tem um cunho teatra l com uma ceno– grafia própria. · L.ogo ao entrar, a sala fica na penumbra; uma estrêla aparece por um cartão furado . A "pastora-chefe" decl_ama: Aquela estréia que ali diviso Vai a caminho do paraíso E vai pousar sôbre a choupana Onde se abriga a creança humana. E, enquanto isso, aumenta-se a lu z da sala: Lágrima à noite - sangue ao arrebol Estrê fo hoje, amanhã sol . . . Nem sempre os versos primam pela ele– gância, mas são saturados de fé e de ai:nor do povo simples e bom_ pelo Deu~ Menino. E assim em cada cidade ou vila, a cena re ete- se com as va riantes, loca~s. _ P As t radições europeas nao sao menos intere santes . Na Itália, ao princípio de Dezembro, co- meçam a_ap~recer pelas cidades, em geral aos grupos de tres, um velho, um moço e um me– nino tocando as " zampogne" ou "pifferi". ' A " zampogna" é um instrumento feito com pele de ca rn ei ro com três gaitas, das quois duas fa zem ouvir ininterruptamente, a nota fundamental, enquant_o a terceira é furada ( Conclue na pag. 14)

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