Quero - 1940

' -~ . ( _ ~ )ODAS as artes dão-se as mãos em volta ·.· da cabana _de Belém, para celebrar o ·· nascimento do Menino-Deus. - . A arquitectura levantou ao Di vi no Infante igrejas e catedraes sumptuosas , envez de uma grutinha de animais . A pintura e a escultura foram buscar as melhores telas e os melhores mármores , para t ra du z i r a cena encantadora da nati vidade. Ma s já bem antes delas a música se pu– sera ao s er vi ç o de Jesu s . . . M'a l nasceu o Redento r, o men sageiro celes te corre a anun– ciar aos pastores e logo, diz o Evangelh_o .9e S. Lucas, " junto u-se ao anj o uma mult1dao da celeste milí cia Iou v a n d o a Deus e can– ta ndo : Gl ória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade." E quem sabe quanta s vezes, nos dias seguintes, ten taram os pas tores modular nas flautas rudes as melod ias celes tes que do ceu ouviram? Entre os misté ri os cristãos , porém, não é o do Natal que oferece me lho r têma à a rte musical. A paixão do Cris to, sim! E' o campo predilecto dos músicos . O ceu que se abre despedaçado por um raio, a terra que treme, os soldados que bl~s– femam, o mau ladrão qne impreca, as Ma n as que gemem, a canalha que vaia a Jes us e as santas mulheres que choram . .. E' o tragico, é o dramático, é uma riqueza e variedade, uma animação que tenta e inspira qualquer súbdito de Apolo ou das Musas. 6 J. f. C. B. BELÉM- DARÁ O lado externo do ·mistério natalício ofe– rece aos pintores um fundo maravilhoso, de colorido e de graça, mas fora da música ce– leste tudo é silêncio e intimidade. Os pastores, que após o anúncio do anjo diziam prazenteiros : "eamus usque in Be– thleem", lá chegados, adoram e oferecem os seus dons; não dizem nada. E no silêncio da noite sagrada até as ovelhinhas mansas deviam guardar os seus balidos tristes para não despertar o menino que dormia ... Mas por isso, talvez por isso mesmo para mostrar a própria virtuosidade, não fal~ taram grandes mestres para celebrar o Natal. E antes de todos, Bach, o gigante de Ei– senach , o verdadeiro creador da música para órgão, crente sincero e fervoroso e que por isso mesmo impregnou o seu "Oratório do Natal" de tal suavidade e harmonia, de ta– manho encanto, que nós ao ouvi-lo fechamos os olhos e choramos de emoção. E não há palavras para julgar sua obra . O precursor de Bach, Henrique Schutz, (considerado o pai da música alemã) compôs um oratório "O Natal" para solos, coros e or– questra. O carinho com que tal obra é exe– cutada e ouvida quasi todos os anos na Ale– manha nos diz do seu valor. Jo rge Haendel compôs o oratório "O Messias" que 11ão é totalmente de caracter nata lí cio mas contém uma pastoral deliciosa; o maravilhos0 Aleluia é muito conhecido. Ainda entre os alemães temos o Natal de Walte rhausen e varias pastornis de tipo

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