Quero - 1940

de muitas transformações conquistou a so– ciedade. Depois da guerra de 1914, apareceu o "one-step" e o "fox-trot"; o "shimmy" fez uma curta aparição. Em 1926, a sociedade apaixonou-se pelo "charleston", de origem negra. Em 1930, a "rumba", importada de Cuba, infiltrou-se nos salões e, depois do "slow-fox– -trot" e " fox-blue'', o "lambeth-walk" trouxe para as salas o seu rítmo de ébrio desen– gonçado. Se estudarmos a dança entre o povo, ela nos aparece com particularidades bem defini– das. Vemos na Espanha as danças acompa– nhadas pela guitarra , pelo tambor basco, ou mesmo pel os pés e mãos. O rítmo é ora lan– goroso, ora impetuoso e desenfreado. Na Itália , a dança também é muito ca– racter_ística; é alegre e de um movimento rodo– piante : é a tarantela napolitana, a siciliana, etc. . Na Alemanha, e principalmente na Aus- tna , a valsa impera. E' a Polónia que nos oferece mais danças características, com as po_lacas nobres e elegantes, as mazurkas cele– bnzadas por tantos músicos, à testa dos quais citaremos Chopin, e a polka que se espalhou por tôda a Europa. A Rússia tem, certamente, em várias re– giões do seu imenso território, danças ori– ginais, de um sabor particular, mas os nomes são pouco conhecidos no Ocidente. Na Holanda, país das pitorescas e di– vertidas ''kermesses" , citaremos a Dança dos Marinheiros. No Brasil, a da1iça popular recebeu a influência portuguêsa e africana. O ritmo sin– copado, usado nas danças dos negros, trouxe um elemento novo, ao ritmo europeu - mais simples, mais nobre e discreto. Quasi tôdas as danças do povo - cate– retê, jongo, samba , batu ques - trazem bem impresso o cunho africano. Os têmas musi– cais, que as acompanham , são al guns bem in– teressantes e os compositores de há uns anos para cá exploram-nos nas suas "estilizações" . g J. F. C. B. BELÉM- PARÁ A dança chamada cláss ica, criadora de tantas belezas de atitudes, de movimento, de leveza, nos grandes palcos, tem tido apaixo– nados cultores, quer entre os homens, quer entre as mulheres . Um dos últimos dançarinos de fama foi Nijinsky. Aqui recordamos algumas "de suas frases reveladoras de uma alma delicada, de uma personalidade bem vincada. Disse êle: "Tôda a gente gosta de imitar-me; .as mulheres da alta sociedade vestem-se pelos meus figurinos de bailado. Procuram parecer– -se comigo . Por quê não lhes hei de ensinar alguma coisa de util, levá-las a pensar em Deus? Por quê não lançarei a moda,-já que eu lanço a Moda-de procurar a Verdade?" Assim deve ser. Através de tôdas as Artes, devemos procurar a Ve rdade - isto é. Deus. Se uma Arte nos afasta de Deus , ela é diabólica. A dança, cultivada com elevação d.e vistas, com sentimentos puros, como manifes– tação de harmonia, de arte, nos lembrará sempre o Autor da bel eza universal - a pró– pria Beleza Increada . A dança em conjunto pode ser, através da alegria do rítmo, um desporto empolgante e saudavel. E quando dançamos num bai le, como encarar a dança ? E' ago ra a ocasi ão de pensares , moça da J. F. C. B. ! Não és dança rina clássica, não fazes parte de um conjunto rítmico . . . Mas, a miudo , vais aos bail es. Lembra-te, então, da frase profunda de Nijins ky. Lembra-te, sobre·– tudo, que nes sa divers ão social não de ve s deixa r que se empane a pureza de tua al ma . P roc ura a Verdade! is to é : sê nos bai– les , como em casa , a moça altiva, pu ra e, pelo teu exen1pl o de di stinção, que não condes– cend e com liberdades impróprias , a conquista– dora de almas que a "Ju ventude" deseja ver sempre em ti.

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