Quero - 1940

A família é coisa sagrada, pois que é uma obra de vida · que aí s_e rea– liza, e pode-se dizer que a vizinhança do Criador aí se revela mais próxima do que em outro lugar qualquer. Mas o que é já verdadeiro na ordem natural, toma um sentido bem mais pro– fundo e bem mais radioso, quando se considera a família no plano sobrenatural. Então não é mais sàmente uma obra de criação, torna-se uma obra de graça. Ela não serve mais simplesmente de veí– culo à vida humana·, torna-s~ um irisfru-. menfo de vida divina nas almas. Obra de graça esta, que se opera 20 I J . F. C . B. BELÉM- PARÁ festações dêste amor tornam-se como fontes abundantes de graça, elas não en– treteem mais, somente, a afeição mútua, fazem subir na amizade de Deus. Obra de graça, enfim, esta que se reali za entre os pais e os filhos. Poi s, se depois do pecado original, os pais não são mais os transmissores imediatos da graça a seus filho s, "guardam, no entanto, al guma coisa da condição que era a do primeiro casal no paraisa terrestre", diz o Soberano Pontífice. Por quê ? Porque são os pais que oferecem seus filho s no Baptismo, pelo qual a Igreja os purifica e regenera. São ai nda os pais que fazem frutifi ca r êste germe de entre os noivos pelo "sim" que pronunciam ao pé do altar. Investidos, por um instante, de poderes reservados habitualmente aos padres, eles não se Famira graça na alma de se us fllhos, pela e d u cação cristã que eles lhes dão. Por sua vez, os filh os, dão sómente um ao outro, mas se dão também mutuamente Deus; êles au– mentam a vida divina em suas al– e pelas preocupações que lhes causam, e pelas a le gr ia s que lhes proporcionam, tornam-se, para se us pais, a ocasião de mi l actos mas, aí intensificam sua presença amante, e alar– gam sua capacidade de vê-LO e amá-LO du– rante tôda a eternidade. Graça de v irtud es que são a ocasião de um novo au– mento de graça. A mesma obra divina se prossegue entre os fi lhos : eles são uns para os outros como um Sacr a me nto : uma fonte abundan te de graça. Obra de Graça ainda esta que se continua atra– vez a vida dos esposos. 9Kons. :J. Viênjean Pois que Deus quere que em suas vidas tudo seja elevado, transfigurado, divini– zado, que tudo aí se torne FONTE DE GRAÇA. O amor que deve presidir a todos os ritos da vida comum, é um amor de caridade, isto é, um amúr em que Deus está presente, em que Êle está compreen– dido . E, quando assim é, tôdas as mani- Seja qual fôr a maneira por que se considere a família c_ristã, ela aparece ver– dadeiramente como um laboratório di– vino sempre em adividade. Segue-se uma grandeza, nota o Pe. Sertillanges, que nos permite de qualificar a família divina com um nome exa ltante .. . é verdadeiramente uma "Santa Família". Traduzido da Jic. Belga de Dezembro de 1935. ( Publicado no Bo letim da L. F. A. C. de Recife)

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