Quero - 1940

18 J. f. C. B. BELÉM- DARÁ S. p A ULO, PRIMEIRO HERÓI DA ACÇÃO CATÓLICA Capitulo III HOMO ·DE!- O VARÃO DE DEUS Paulo foi mandado para fazer a obra de Deus. Ora, a obra de Deus só a faz quem está unido a Deus, e que, por esta união, ·é o au– têntico ''varão de Deus". Nestas duas pala– vras temos uma das características mais im– portantes do sacerdócio e apostolado. Varão de Deus! Foi o próprio Paulo que ~eu êsse título tão significativo ao seu discípulo Ti– móteo: "Tu, porém, varão de Deus, foge disto." (Tim. 6 4 ) O que Paulo supõe no seu discípulo, êle o é em primeiro lugar, e com tôda a fôrça da sua heroica vontade. Varão de Deus deve ser todo colaborador Seu. Varão cumulado por Deus de graças espiciais. Varão incum– bido dos negócios de Deus. Varão que, a tantos títulos, tem obrigações para com Deus. 1) Varão cumulado das imensas miseri– córdias divinas, mais do que todos os outros resgatados. "Deus, porém, que é rico de miseri– córdias, mostrou-nos o seu grande amor, con– duzindo-nos à vida com Cristo, a nós, que estávamos mortos pelos pecados . . . Sim, foi pela graça que fostes remidos, em virtude da fé. Não é merecimento nosso, é dádiva .de Deus; não é devido às obras para que nin– guem se glorie. Somos criaturas dêle, desti– nadas por Cristo Jesus a obras boas; para que nelas vivam o.s nos escolheu há muito tempo." (Ef. 2 r ·· 10 ) Somos criaturas dêle.-Êsse pensamento dominava a Paulo. Feito por Deus, e não ape– nas isso, cumulado de prerogativas pelo mesmo Deus: a completa mudança dos seus senti– mentos, o sublime conhecimento das coisas de Deus, o seu lugar nos grandiosos planos eternos, o maravilhoso resultado dos seus tra– balhos, os seus arrebatamentos até ao ceu. Tudo isso é manifestação da parte de Deus dum amor de predilecção para com êle. Não cansa de meditar, exaltar essa predilecção para quem, antes, e_ra tão ob cecado e recalci– trante. Desculpa-se a sua comovedora hu– mildade, sua gratidão filia l, seu alto apreço em expressões como estas: "Deus é rico de misericórdias... Mostrou-nos o seu gra nde amor - Conduziu-nos à vida com Cristo, a nós, que estávamos mor tos!" Ah! êle tinha razão! Factura ipsius-Fei– tura, obra de Deus, e que obra maravilhosa! Já como homem! E como convertid o, após– tolo, santo! Devemos exclamar com o Sal– mista: "Fizeste-o pouco inferi or aos anjos. Coroaste-o de glória e de honra" (S . 8 ' ). Paulo tem os seus continuado res : o após– tolo sacerdotal coadjuvado pelo apósto lo leigo . Sendo êles o que devem ser aparecem -n os como feituras, obras de Deus por excelência. O sacerdote de íntegra vida sacerdota l e o colaborador leigo, que o acompanha no es pí– rito e na obra, são maravilhas da graça di– vina. Como Pedro andou sôbre as águ:is re– voltas do lago, ass im êles passam por cima das ondas tumultuosas dum mundo inimigo. E em ambos os casos Deus manda a tem– pestade. Coisa estupenda o sacerdote na sua activ idade sobrenatural. Êle manda aos peca– dos que -fujam, ao inferno que recue, ao ceu e até ao próprio Filho de Deus que se apro– ximem! O apóstolo leigo prepara o terreno para tal actividade. E o sacerdote na pleni– tude do seu poder ao altar ! A criação inteira pasma . E os apósto los leigos, primícias da– quêle "povo sacerdotal" de que fa la S. Pau lo, seguem-no nas suas ascensões, compreendem– -no, unem-se eficazmente a êle . Que "feitura de Deus!'' E então, o sacerdote no meio dos povos de Deus! Que influência lá onde há tão pouco poder interior. De que consideração êle goza, a-pesar, às vezes, das poucas preroga– tivas internas. E' para o sacerdote que os povos cristãos olham cheios de confianç1 e de respeito, dêle esµe ram• auxílio nos casos em que não há mais tsperança. E o apóstolo leigo que participa da sua missão redentora compartilha a sua autoridade. Donde lh es vet~ essa po~ição no meio dos seus semelhantes? Pelo espírito que os anima e os frutos que.– produzem são reconhecidos como varões de • •

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