Quero - 1940

• não estava tão bem organizada como hoje e pensava eu que, freqüentando as suas reüniões, seria logo forçada a cumprir inúmeras obriga– ções; porisso, a minha resposta à boa mestra, que sempre insistia comigo, era a _seguinte: "Não posso, m·estra, sou louca pelo carnaval, não tenho coragem de renunciar a êle, pode ser que algum dia ... " E eu vos digo , agora, um pouco da minha miséria: eu tinha medo de ter coragem , medo da graça de Deus. Não obstante, continuei na prática assí– dua da religão, comungando freqüentemente e recebendo a fôrça que nos vem de Deus. Es- . tava sempre a par do movimento da A. C. e sentia revolta no meu íntimo contra essas pro"i– bições das coisas de que eu gostava , porque desejava trabalhar por Jesus , que recebia quasr tôdas as manhãs, pelo Deus que se dignava vir a mim, mas por Quem eu não tinha cora– gem de fazer um sacrifício ... Contudo, ia aos poucos estudando a si– tuação : recordava-me dos bailes do carnaval e dava razão à A. C.; porque, a-pesar de se gostar duma coisa - se somos sinceros - não lhe podemos negar os êrros. E, agora, vos convido: transportêmo-nos um momento a uma festa carnavalesca:--Que vemos? A loucura, o descontrole completo da personalidade ctas criaturas. Cabeças grisalhas de pais e mães defan~ília, mui respeitaveis, num ridículo incrivel de desmoralização; rapa– zes e moças, com suas paixões soltas de– senfreadamente naqueles salões; o requ ebro de jovens, algumas tão distintas, a se deixõ– rem levar na onda das "cobrinhas". E que resulta de tudo iss o ? Cenas e mais cenas, que talvez não acon_teçarn num "cabaret" de gente baixa e sem princípios, vêm-se praticadas pela mais culta sociedade. Qual o motivo dessa pa– ganização? E' a sociedade te r-se esquecido de Deus, do Cristo e de suas divinas palavras: "Vjgiai e orai para não cairdes em tentação". De tudo isto considerei e conclui: real– mente, é mui mesquinho o meu amor por Jesus. · Não deixamos tod os os nossos gôs tos NOTICl 1lll. lO A " juventude" vem mantendo correspondência com o Revdmo. Pe. A loisio Engel, Assistente Ecle– síastico da Juventude do Cruzeiro do Su l, Território do Acre. Essas relações bem demonstram que a A. C. é a "união de vários indivíduos que tendem para o mesmo fim." 15 J. F. C. B. Belém-Pa rã-Brasil por um namorado, por um noivo, só porque dedicamos parte do nosso coração a êsse ho– mem. que surge em nossa vida, às vezes, só por -alguns mêses? ! Se não está no mesmo lugar que nós, já não sentimos prazer. Se sabemos que não vai a uma festa, deixamos, também, de ir, porque sabemos que, lá, não poderemos sentir alegria. Como desejamos, pois, ií a uma festa de carnaval, quando sabemos qu~ lá não encon~ traremos Jesus? Dirão, talvez, que vão porque não fazem nada demais ... Conheço essa des– culpa, porque era a minha. E' passivei que nossa intenção seja recta, que desejemos, apenas, distrair nosso espírito dentro das normas do bom tom. Mas, qual de nós permanecerá insensivel em um ambiente, onde a música sensual, o "whisky", o alarido, tudo, enfim, concorre para o total descontrole da razão? Sem que o sintamos, seremos arras– tados nos seus torve linhos de louc ura e per– dição. E, se alguma de vós se sentir bastante forte para resistir a tudo is to , penso que nada terá a fazer naqueles sa lões, a menos que se queira deixar ficar recostada a algum canto. visto como dançar não poderá, a não ser que chamemos dança a tôda sorte de empur– rões a que se verá exposta em um salão, onde todos pulam e ninguern se entende. E, que faremos dos- grandes e pequenos escândalos que lá presenceamos? nada disso nos prejudicará? julgais que trilharemos por muito tempo o .caminho da virtude? Não co– nh eceis o poder do exemplo? . Como vêdes, é incompatível o carnaval com a A. C.; a li seria nulo o nosso aposto– lado e correrríamos o risco de nos perverter– mos também . Se falo, assim, do carnaval é porque o conheço por experiência própria . E, entretanto , quanto me custou renunciar a êle ! Caras amigas, a vós custará, também; mas uma coisa quero assegurar-vos: não vos arrependereis, fieai certas. Já experimentàstes, alguma vez, lutar, e vencer a própria natureza? . E' a luta mais tremenda. mas é, também , a vitória mais brilhante! E foi êste gôzo imen o que eu senti quando, num momento de fra– qu eza, recordava o carnaval que nunca mais veria . Do que eu fui capaz, vós o sereis , tam– bém. E' questão, apenas, de coragem , e esta , Deus vo-la concederá, se lha pedirdes. E, uma vez dentro da nos a organi zação, sentireis cada vez mais o gôsto pela sua causa ,

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