Quero - 1940

I· apelativo de herói, abusa-se com muita fre– quencia dêst~ título, que podemos dar também ao missionário, sem temor duma usurpação in– devida ou duma exageração excusada. O arauto de Deus. - O título de heroi compete ao missioi:iário considerado apenas hu– manamente. Mas esta figura, vista à luz da Fé, é tão divinamente bela e sublime, que tôda e qualquer expressão humana é insuficiente para a retratar com exactidão. O Missionário é o Enviado de Deus, como diz a palavra apóstolo. E' Cristo-Deus quem o manda através do mundo, com divina autoridade, como Seu arauto, a levar aos homens a sua palavra. '·Assim como · o Pai me enviou, diz Êle, assim também e~ vos envio a vós. Ide, pregai o Evangelho a todos os ' homens." A obra do Missionário é a continua– ção da obra dos primeiros doze Apóstolos, é a continuação da obra começada por Jesui Cristo na Palestina. O Missionário, portanto, é "um outro Cristo" que, com a autoridade que lhe foi comunicada pelo mesmo Cristo, levantà até Deus o homem, atascado no vício e escravo de Sa– tanás, renova os prodígios ~de amor e os mila- . gres da graça, sarando espiritualmente os enfêr– mos, ressuscitando os mortos e fazendo bem a todos. O Missionário, o homem de Deus, levando a chama da luz evangélica, faz resplandecer, no meio das trevas do êrro, o admiravel lume de Jesus Cristo, dilata o' Reino de Deus sô b re n terra , leva a Redenção a milhões de homens que a não conhecem e comunica-lhes, por meio dos Sacramentos, frutos preciosos. Obra inefavel e verdadeiramente divina, porque coopera com Deus na salvação das almas. Eis o que é o missionário à lu z da Fé. O benfeztor insigne.-0 Missionário, em– bora tenh a como fim principal levar as almas a Cristo, tem muitas outras benemerências no campo social e no campo científico. Na verdade êle não leva somente a Fé aos povos pagãos, mas leva-lhes também os germens da yerdadeira ci– vilização e do verdadeiro bem-estar social. Onde pode penetrar a acção do Missionário, ai fica abolida a escravatura, o infanticídio, a poligamia; a mulher é levantada da abjecção em que geral– mento se encontra no meio dos povps não cris- 17 J. F. C. B. Selem-Pará-Brasil - tiãos, e na família, constituída cristãmente, reina o, amor, o respeito mútuo e a .concórdia. O Missionário abre orfanatos para a in– fância abandonada, abre asilos para a velhice desprezada, hospitais para a humanidade so– frêdora, dispoõe-se a , socorrer tôdas as misé– rias. a suavizar todos os sofrimentos, a enxu– gar as lágrimas dos infelizes. Das benemerências do Missionario no campo científico falou eloquentemente a Ex– posição Missionária, realizada em Roma, em 1925, a qual pôs em evidência o precioso con– tributo pelos missionários prestados à etno– grafia, à geografia, à linguística, à história, às ciências físicas, etc. O Missionário considera a instrução e a cultura como poderosos meios de civilização, abre escolas para o povo e funda institutos e universidades. Para conseguir um retrato mais completo do Missionário, seria necessário segui-lo nas suas longas c fatigantes peregrinações através das aldeias, surpreendê-lo, para assim dizer, no seu trabalho quotidiano, quando derrama o seu zêlo, a sua caridade, quando se dá todo aos outros, segui-lo sempre até que, tendo che– gado, ao fim da jornada, caia exausto sôbre o sulco por êle aberto e banhado pelo seu suor e pelas suas lágrimas, vítima da sua generosi– dade, mártir do mais alto ideal, pelo qual um homem possa dar voluntariamente a vida. Herói obscuro, ignorado do mundo. Que importa? Êlc não procura a aprovação dos homens: do Patrão, que o chamou para _tra– balhar na vinha, outra mercê espera para o seu trabalho. Espera ouvir dizer-lhe, no fim da .sua jornada, aquelas inefaveis palavras: "Eia , servo fiel, entra no gôzo do teu Senhor". Bste é o prémio que supera todo o desejo. . AS MllfCIAS AUXILIARES Clero indígena - Os padres indígenas, quando existem, são os mais preciosos auxi– liares dos missionários, aos quais ajudam :ia obra da evangelização, suprindo ass1m o pe– queno número dêstes. Para demonstrar a uti– lidade e a necessidade do clero indígena basta– -nos citar apenas as palavras autorizadas, es-