Quero - 1940

<1uero 14 J. F. e. t\ Belem-Pará-Brasil _______________ ;_ __________________________ .., (\'AVRA, entre o .l,, mundo feminino, u'a mania, ou moda, ouvocação: a dos concursos. Mocinhas, apenas AMBICOES - E que tem isso? pergunta, mal humo– rada, uma que não vê crime a l gum nesta conduta. - Sim; não tem saídas dos bancos es- . colares, sentam-se ao lado de homens bar– bados, deante de um juri esfíngico ou ·'cama– rada" e- tôdas sorrisos por fora, - são por dentro acérrimas inimiga~ de seus colegas que, sinceramente, desejam vêr derrotados naquela pugna, que é um tanto jôgo de azar.. . A vida está dificil - é preciso ajudar a família-a crise instalou-se em nossas casas com exigências de hóspede mal educado– e, com estas e outras razões, tôdas de or– dem financeira, as mocinhas atiram-se às vagas da Delegacia, da Estatística, çia Al– fândega, com um furor digno de ser imitado por muita gente mole . . . Os chefes de família olham para essas concorrentes com mal disfarçada má von– tade e, quando elas lhes usurpam o suspi– rado lugar, mastigam hostilmente a já co– nhecida e nacionalizada palavra, que ex– plica muita primazia: "pistolão ..." Nem sempre têm razão, no entanto, os barbados candidatos; o certo é que muitas _moças, dispondo talvez de mais tempo ou mesmo de mais viveza de espírito, ganham honrosamente a ambicionada vitória , em de– trimento dos homens, men os assídu os, tal– vez, ao fatigante estudo de fórmulas e tabe– las, fiados que estão na "experiência dos anos" e na "prática dos negócios". Mas, justa recompensa ou favor gratuito de al– gum "padrinho" amavel, o que é indiscu– tível é que, de posse da nomeação, vê- se a feliz criaturinha senhora de uma regular quantia, com que prétendia, antes do con– curso, ajudar a família ... E que vêmos em muitos casos ? A mocinha, esquecida do pretenso mo– tivo de suas la_butas anteriores, gasta, agora, em luxo e divertimentos, o ordenado, junta dinhei ro no Banco, aviona anualmente, para o Ri o, com licenças prorrogadas .. . nada ... Simplesmente lamentamos que esta ambição por mais co– modidades e mais luxo-uma das caracte– rísticas da moça moderna-lhe desvie o es– pírito da grande necessidade actual e lhe tape os ouvidos ao ingente apêlo que es– tremece pelo mundo. Sim, precisamos mais de moças ardentes de · zêlo apostólico que de moças capitalistas ou proprietárias-ou– samos dizê-lo sem recuar diante do espanto de muitos; o apêlo que ressoa não é o àe entezourarmos riquezas para fazermos face a hipotéticas penúrias, mas o de r - cristianizarmos o mundo, para nos opôrmos a bem reais misérias; não é tão urgente esfalfar-nos atraz de um diploma, mas cor– rer na lfça de que fala S. Paulo, em b:.isca de um imarcessivel prémio eterno. Será que ·pretendemos enclausurar a mulher entre as paredes da ignorância e vedar-lhe as justas conquistas da inteli– gência e da vontade?! De forma alguma. Aplaudimos, sem restrições, aquelas que fa– zem de seu trabalho o meio de amparar a mãe velhinha ou de custear a instrução de um irmão mais novo; incentivamos, com a nossa simpatia, tôda.; as que embelezam a sua vida pelo desenvolvimento das suas fac u Ida d es intelectuais; condenamos, tão somente, tô,da aquela instrução, tôda aquela ambição que faz da mulher uma tabela de preços. um relógio que só bate. ho– ras para o balcão, uma balança que só peza lucros, uma Remington que só copia facturas e manifestos, enfim, que faz -da mulher a calculista fria, gelando-lhe o co– ração para as obras "que não rendem" e p:ira as quais, já se vê, não tem tempo ... Não é para lamentar ver tantas moças cheias de saitde e inteligência, malbarata– rem o viço de sua energia numa luta sem ideal elevado, qúerendo _trabalhar (!) no co- ·----------------------------------- _____ ,

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