Quero - 1940

independência é, na realidade, o sinal de que decaímos e nos escravizamos. Não querendo obedecer a normas que nos elevam e nos en– nobrecem, obedecemos ao nosso orgulho, ás nossas paixões, aos nossos instintos. E esta obediência é uma escravatura. O caracter implica, pois, uma vontade firme e decidida. Sendo assim, o caracter tem, para 119s, uma grande impo rtância. Quem tem caracter não anda perpetuamente a oscilar entre um caminho e outro caminho, sem saber por qual há -de tomar; quem tem caracter não hesita , não vacila, não fraqueja no cumpri– mento do seu dever; quem tem caracter sabe tomar, quando é necessário, uma atitude de– finida e nítida, mostra com altivez as suas crenças e vive de acô rdo com ela s. Jecisla, tu que me lês, serás na verdade um caracter ? Pensa um bocadinho ... Quantas vezes, no decorrer da tu a vida de estudante tens fechado os li vros com tédio, cançada do longo esfôrço a que êles te obri– gam? Quem tem qracter é perseverante. Quanta s vezes, perante um insucesso, tens sentido o desânimo e a tristeza entrarem dentro de ti? Quem tem caracter não desanima. Quantas vezes te tem acontecido lança– res os teus precalços escolares à conta da tua pouca sorte ou da má vontade dos professo– res? Quem tem caracter reconhece as suas culpas. Quantas vezes tens perdido o domínio de ti mesma e te tens deixado governar pelo pequenino animal selvagem que vive e dor– mita em cada um de nós? Quem tem ca– racter sabe dominar"se. O caracter cultiva-se pelo desenvolvi- 14 J. f . C . B . Belem-Pará-Brasil mento da nossa vontade, pela aqu1s1çao das virtudes qu~ nos faltam, pela luta contra os nossos defeitos. Todos possuem, ao menos em potência, as qualidades que o hão-de transformar num caracter. Adormecida dentro de nós há uma ri– queza imensa que precisa de ser aproveitada e que, uma vez aproveitada, fará de nós ver- dadeiros valores. · E tôdas podemos e devemos fazer ren– der essa riqueza . Há em nós incalculaveis possibilidades: quem sabe o que poderemos vi r a ser, o que poderemos realizar se qu i– sermos faz e r um pequenino esfôrço, se qui– sermos lutar um pouco contra nós próprias. Escuta, jecista !... Aquela colega que tu admiras pela sua atitude enérgica e firme, pela sua incontes– tavel s uperioridade, é feita da mesma massa que t u. As virtudes que lhe reconheces, aquele seu po rte tão simples, tão natural, tão mo– desto e cristão, são fruto do seu esfôrço e da sua vontade. Tu podes ser assim também. Lembras-te daquela tua amiga que nunca hesitou em se sacrificar pelos outros, que es– tava sempre pronta a ajudar, a dar um pouco de si mesma? Lembras-te ainda como ela sabia so rrir mesmo perante as dificuldades ' mesmo peran te as angústias? Tu própria re- conhecias que ela tinha uma alma heroica. Pois tu és feita da mesma massa de que se fazem os herois; podes tanto como aquelas em quem reconh eces superioridade. Se quiseres lutar contra ti própria, se fores capaz de te corrigir e vencer, poderás tornar-te em breve naquilo que ainda hoje não és: UM CARACTER. 'i)e "fllo ~argo"

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