Quero - 1940

• Grémio. Como João não havia entre nós! Êle tinha um só pensamento: o Grémio e os companheiros gremistas . .. e sacrificar-se por êles. Quantas vezes não falei do João nas reüniões da Acção Ca– tólica, como modlêo de chefe e militante! João tinha um grupo próprio, característico, um grupo (grande demais), mas conquistados um por um, que formavam a sua fa– lange: ANCHIETA ... um grupo de 50 moços. Eu podia em qualquer hora do dia pergur:– tar: - João, como vae fulano? E imediatamente vinha a res– posta clara, dando tôdas as in– formações precisas. Per g u n - ta va: - João, todos estão t:m dia com o tezoureiro ? Resposta: - Faltam dois ou três, mas já falei com os pais dêles. Ás vezes João me procurava: - Pe. Tiago, o Sr. podia es– crever uma carta aos pais de fulano ... eu não dou gcito no mentno .. . Quando João não dava geito, era para mim inutil escrever cartas ou insistir que ogre– mista voltas e ao apri co. Por quê N. Senhor nos tira o João, neste momento em que tem s tanta precisão dêle? No E\!an elho N. Senl or diz: se o 16 grão de tri go não cair na terra · e morrer não produz fruto . .. Eis a nossa esperança . A morte de João é para nós um penhor de conqui tas maio res e de vida mais activa en tre os moços. João rezou muito pelo Gré– mio, até se sacrificou para que to d os os seus companheiros operários tives em a mesma fe licidade que êle. Sim, a me ma sorte e a mesma felicidade. João morreu, não como tan– tos outros aqui na cidade: po– bres de alma e corpo. João mor– reu rico. Sim, João morreu espiritual– mente rico. Êle se d eu com corpo e alma ao Grémio, o Gré– mio se deu todo a João, deu tndo quanto podia dar. Desde a noite memoravel em qut João se me apresentou e assinou a proposta, o ideal do Gremio lhe entrou na alma. O primeiro reti ro pascal lhe fez um bem imenso. Êle sabia de cor tôdas as histórias que contei naquela ocasião. Veiu deoois a grande festa das ban– deiras, o lançamento da pedra fundamental da sede, a missa dialogada, a inauguração, o re– tiro fechado ... eram todos, os grandes acontecimentos na sua vida. João era espiritualmente po– bre, muito pobre, quando assi– nou naquela noite do primeiro encontro a sua propo ·ta de en– trada .. êle mesmo no-lo di se mais de uma vez; ma a cor- J. F. C. B. Bl:LEM - PARÁ respondência fiel à graça, a doença cruel que o fez sofrer horrivelmente ( sofria com pa– ciência sob n:natu ral , resignado, êle que queria viver e dedicar– -se ao movimento), purificaram- -lhe a alma. Confessou-se va- rias vezes, c omungo u muitas vezes no último mês e afinal, suprem a felicidade para êle, podia receber a fita azul de Fi- lho de Maria. Êle estava satis– feito, radiante ... êle, João, d e tão longe. . . Filho de Maria. Não digo que João morreu materialmente rico. Não quis morrer no hospital, mas em ca a, entre os amigos. Mas o seu entêrro, mode to sem dú– vida, foi a con agração de sua vida. Meu Deus. que cou a im– p ress ion ante aquela cena no cemitério! Nenhum de nós se esquecerá do que vimos e ou– vimos naquele momento . O exemplo de João é lumi– noso para todo os seus cole– gas. Dedicação, fidelidade e amor. João viveu bastante· a . ' sua vida encontrou o eu ponto final. São Raíael levou o nosso João debaixo de suas asas pro– tectoras até ao trono de Je us Operário. João não é mais, mas o seu exemplo fica e o seu nome será legendário entre os com– panheiros gremistas. Para mim, João encarnou o tipo do verdadeiro Juci ta: al– tivo, alegre, puro e apóstolo– -conquistador. P.ª Thiago Way • Assistente ecleslá.stlco ..

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