Quero - 1940

15 JiJOSJZ/NTOS J . f . C . B. BELÉM - PARÁ f I N PI A AJ E"NI ORI A 1 ~,-iUMA sex t a-feira , à ~,;", ~ ta r de, enterrámos o ' nosso chefe e mili- ~ tan te João Santos . '~ João morreu na ma- dru gada de 17 de Maio . Morreu sem agonia; somente três suspiros profundos anun– ciaram o fim. Q uando fiz o últimc sina l da cruz sôbre o corpo de meu João, queria dizer algumas pa– lavras de despedida e amizade, mas a t risteza me embargou a . voz; os soluços dos meus gre– mistas provocaram em mim tanta comoção que me foi im– possível exprimir o que sentia naque le momento. As duas fra– ses que articulei não traduzi– ram o meu pensamento, mas somen te os meus sentimentos. N ão tenho lembrança de en– têrro tão comovedor como o d o nosso João. Es távamos em redor do cai– xão. O nosso último "círculo" ... com João ... Quantas vezes, durante êstes dois anos, não nos rellnimos para discutir os problema do nosso grémio, do nos.,o movi– mento em redor de João. Agora, a última vez com êle ... ! Num momento, compreendi o ]ado Santos alcance dos no sos trabalhos e vi que r.onseguimos mui ta cousa, muito mais do que po– di:t esperar. Tantos moços sa– crificaram ur,ta tarde de traba– lho para poder assistir ao en– têrro, me mo aqueles que se tinham afastado no últimos tempos do nosso grémio. Quando ouví o pranto tão sincero de todos, compreendi que criamos uma amizade e uma união perfeita de alma e coração. Lá esta\ am moços operanos, ht.tmildes, mas tão francos, tão leais na sua amizade p:ira com o companheiro querido. 1 ♦ 111,___ _ - ••I Lá es tava o D r. Brasil, a quem João devotava uma admi– ração e co n fiança ilimitada, por– que era o ~migo de tôdas as horas do Grémio. ·Lá estava o Abilio Franco, o presidente do Círculo, que disse tantas cousas belas das virtudes do João. Lá estava o padre Cornélio, de cujas mãos João recebeu na véspera da morte, a fita azul de Filho de Maria. Lá estavam as Jocistas do Patronato, da cidade, represen– tando tôda a juventude operá– ria de Belém. No dia primeiro de Maio tive ocasião de falar diante dos operários, retinidos no cemité– rio para lembrar os e o m p a– nheiros que caíram vítimas no campo de honra do trabalho, como reza a nossa oração jo– cista. Disse naquele dia que havia de voltar em breve para deixar um amigo operário. Pen– sava em João. Previa que ia morrer ne te mês... e foi numa tarde de sexta-feira, às cinco horas, que vim cumprir a pa– lavra, que vim deixar o meu João, o meu melhor jocista. Sinto todo o sacrifício que N. Senhor nos pede e :10 nos o

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