Quero - 1940
ós não vive– m os senão de luz. Mesmo fi– sicamente, poder-se-há contestar esta verdade? É a energia dos raios solares que alimenta todos os se– res. Nós não fixamos, di – rectamen te, esta energia, mas as plan– tas fixam-na, e nós alimen– tamo-nos das p Ia n tas ou dos animais que as come– ram e, desta forma, co– memos a luz do ceu. Espirit u a 1- m ente, com ma.is forte razão, vive- mos de luz. Quando cria– mos em nós um pensa– mento, êste ll-" - A Vida em plena luz pensamento, por seu turno, cria-nos, a nós, e, forte de sua existência, do seu novo ser, arrasta-nos após si, como o filho ar– rasta a mãe. Um espectáculo interior, semelhante a uma paisagem encantadora que atrai o via- 8 J. F. C. B. ------- - BELEM - PARÁ jante, desperta nas nossas potências um di– namismo proporcionado a se11s atractivos e pronto a segui-los. Que milagre, por vezes! Parece ter surgido um novo universo; es– praiam-se largos horizontes; abrem-se cami– nhos e, por êles, a vida quereria lançar-s e, de– safiando, sem temor, todos os imprevistos. E é justamente isso que se deveria pro– vocar concientemcnfe, em benefício da verda– dei ra vida, onde se irmanam as luzes da razão e da fé. Dentro de nós, o "tempo" deve ser dirigido pela "vida eterna", essa vida do pen– samento que, uma vez rec tamente ordenada e fortemente assimilada, suscita a acção. A verdade eterna faz parte dêste mundo, Ja que o mundo se move em Deus e que Deus se manifestou, no mundo,' pelo s eu Cristo e pelo Evangelho. Mas nós não assimilamos a verdade senão creando-a, de novo, para nós. Isso exige um esfôrço, ou então uma comoção como a de um grave acontecimento, de uma doença, de uma ruína, de uma morte ou de um amor. O destino ilumina-se, então, subitamente, às vezes. A vida é plena luz. Ao lado de um am plo senso de nossa liber– dade, experimentamos, ante a sorte que no cabe, uma escla recida visão para a desvendar e uma crença corajosa pa ra a aceita r. E desta clarividência e desta coragem não nos virá o ân imo de afrontar o nosso destino, a-pesar dos obstáculos, provações, recuos, de tudo que vem ex igir a nossa ge nerosid ade e pa– citncia? A vida é bela, quand o verdad e ira . Isto não significa que seja côr d e rosa . T ôdas as côres entram nela, mesmo o cinzento e o preto. Mas que importam as tonalidades num qu a– dro de Rembrandt, todo recortado d e luz? A iluminação é tudo - e a iluminação nos vem do ceu. O mal é que, frequentemente, a vida se escoa, sem se construir atravez do pensa-
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