Quero - 1940
e que, por felicidade, certos princípios erróneos não exercem sempre tôda a in– fluência tota l, "principalmente quando as tradições seculares impregnadas nos povos ainda se fazem sentir - mesmo inconcien– temente - enraizadas nos corações." Mas não tenh amos ilusões: longe do Cristo e de Deus, nós também, podemos c2ir nos abusos do racismo e da deifica– ção do Estado, que o Papa denuncia vi– gorosamente na segunda parte da sua en– cíclica. Todos sa b em o que é o racismo. Pio XII condenou-o novamente, com o mesmo vigor de Pio XI. E nada é mais sintomático que a consagração, em no– vembro de 1939, de 12 bispos missioná– rios, oriundos de 12 nações diferentes e de tôdas as raças. O que nota mos de um modo especial é que a doutrina da Igreja, recordada por Pio XII, a fraterni– dade universal, o amor e o respeito pelos outros países, é perfeitamente compatível com o amor pelo seu próprio país, com o patriotismo, assim como o amor por todos aque les que nos cercam não nos inibe de amar de uma outra maneira nossa famí li a, nossos filhos e nossos amigos. A deificação do Estado se dese:1- volve, também, pela falta de uma re– gra moral superior pela qual o próprio _Estado e os governos devem reger -se. E' o êrro do totalitarismo, condenado, igual– mente, por Pio XII. Mas .devemos estar alerta para que, depois da guerra, não sejamos, por nossa vez, vítimas do mal que agora combatemos nos outros. E' com alegria que encontramos na encíclica os direitos da pes .oa humana e os da família, em face do Estado . Infeli z– mente , não nos é passivei por se tornar 5 J. f. C. B. BELÉM - PARÁ o artigo muito longo, explorar tõdas as riquezas e todos os pormenores da encí– clica sôbre êssse ponto. Falemos sómente da maneira afectuosa _por que se exprime o Papa quando fala do heroísmo, digno de admiração e de respeito, muitas vezes necessário, para suportar as d u rezas da vida, o pêso quotidiano das misérias, as restrições crescentes ... E é à grande lição do Papa, a lição do futuro : "'A SALVAÇÃO PARA AS NA– ÇÕES NÃO VEM DOS MEIOS EXTE-· RIORES, DA ESPADA, QUE PODE IMPOR AS CONDIÇÕES DA PAZ, MAS, NÃO, CRIAR A PAZ, ÁS ENERGIAS QUE DEVEM RENOVAR A FACE DA TERRA, DEVEM VIR DE DENTRO, DO ESPÍRITO ••• " Vamos concluir: A vitória militar pode ser uma con– dição necessária para obter a verdadeira paz: não serâ, contudo, suficiente, se cada um de nós não colocar alguma coisa de "seu" para renovar o espírito de solidariedade humana e de caridade, para restabelecer a moral cristã nas re– lações entre Estados e também nas re– lações económicas, para restaurar o ideal familiar. O Papa nos incita a consolidar a família, lembrando-nos a sua missão es– pecial. Respondamos ao apêlo um por um. E assim contribuiremos para apcessar a hora da verdadeira vitória, da verdadeira paz. ( Do jornal francés " Mundo Operário")
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