Quero - 1940

8 J. f:. C. B. BELÉM - PARÁ ~~-..>---,.,,,-,.~~~~ O ITE de 24 de De– zembr o . P a ulo , uma cre ança ·de cinco anos , não po– dia prega r ôlho po r– que p e ns ava rios presentes que Pa– pai Noel ia colocar nos se us sa p a ti– nhos. Seu d ese jo de ver os presentes era tão grande que, às duas horas da ma– prugada, levantou-se e, sàsin ho na escu ri– dão, desceu a escada e entrou na sa la de jantar onde, na véspe ra, tin ha co loc ado o sapato perto da chaminé. Ao chegar, Paulo encont rou um homem que tentava abrir a porta dumarmário . Embuçado num grosso sobretudo - a noi te estava tão fr ia ! . . . - pa receu a Pau lo que êle ti rava dos grandes bõlsos em b r u Ih o s misteriosos: deviam se r os brinquedos! A creança, curiosa e so rrindo de alegria, voltou-se para o homem e, co1;1 uma voz doce e ligeira, perguntou : E s tu, Papai Noe l? Q ueria tanto conhecer-te! E também ver logo os presentes que trou– xeste, que nem pude ficar qu ieí inh~ na cama . Desci devagar para que a minha ama não ouvisse . .. Trouxeste os solda– dinhos que te pedi ? O homem estava mudo e trémulo . . • A creança continuou : Papai e ma– mãe sabem que eu queria te conhecer; não sei por quê recomendaram tanto, que não sa ísse do qu arto ! mas não pude . . . E, como êles não estão em casa , desci ; mas tenho de voltar logo para a cama por– que êles não demoram. Queres ver o pre– sépio que mamãe armou ? Lá está o Menino Jesus , deitado num bercinho de palha . Ma– mãe sempre di z que devemos gostar muito dêle ! Que êle não gosta dos meninos maus, dos menin os que escondem os lapis, as bol sas, as merendas dos outros meninos . Tu não achas que mamãe tem razão? E' muito feio tirar as coisas dos outros. O homem tartamudeou : Sim . . . é muito fei o. Paul o continuava entusiasmado: Vou acender a lu z; vem ver o presépio. -- Não acendas ; sobe, porque O pa– pa i e a mamãe já vão chegar. Paul o deslumbrado com a conversa de Papai Noel,· obedeceu e esqueceu-se até , dos presentes . ' Em frente ao presépio, no grande si– lênci o, a conciênci a daqu ele homem , que nu nca mais tinh a tido um pensamento de doçura e de bondade, es tremeceu ao con– tac to da inocência. t le, qu e já roubava po r hábi to, achou o ro ubo, ass im conde– nado por aqueles lábios pu ros , uma coisa monstruosa. A sua memóri a aproximou esta condenação, ta lvez i nconc ie nt e, da cond~nação que sua mãe fi zera quando êle p ra tic a r a o primeiro furt o .. . O julga- ( Con cclue na pag. 14)

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