Quero - 1939

NOSSA SENHORA DA PROVIDENCIA A nova instalação das Irmãs "Grises"-Atra– vez dos prados, dos lagos e dos rios Quando ficou pronto o estritamente neces– sário para o alojamento e su bsistencia dos Padres na nova Missão da Providencia, Mon– senhor Grandin começou a construir a casadas religiosas. Monsenhor Grandin, o Pe. Grouard, o Irmão Alexis e Monsenhor faraud fôram, por essa ocasião, carpinteiros, carregadores. marceneiros e pedreiros, construindo em pouco tempo a residencia das Irmãs 'Grises'' que ai chegaram em 1866, na companhia de Monse- nhor Taché. . Parte da viagem não foi muito ,penosa; graças ao caminho de ferro; mas, de S. Paulo a S. Bonifacio, o caminho foi horroroso e diz Monsenhor Taché :- "era uma coisa inédita ver um pobre bispo e dois padres metidos na lama até à cintura e substituindo os animllis de carga para arrancar dêste.. lamaçal os cavalos e o carro. E isto não foi uma só vez, mas cen– tenas de vezes." E após esta odisséa chegaram ao "rnise– ravel lar que, na sua solidão e pobreza, tinha mais atractivos para estas almas apostólicas que os mais encantadores lugares" como escreve a Irmã Laponte. Para melhor imaginarmos os contratempos duma tal viagem naquela época extraímos do diário da Irmã estas passagens: "Depois de inúmeros contratempos, partimos. Logo de 'início caiu sôbi"e nós uma abundante chuva, que recebemos como uma bênçã? celeste. Era com dificuldade que nos arrancavamos ao la– maçal. Não podiamo~ avançar mui tu; ao che– garmos à primeira paragem onde pensávamos ficar só um dia, uma nova chuva torrencial nos reteve durante três dias. Dir-se-ia o dilúvio uni– versal. Esperávamo~ que depois destas aflições, teríamos consôlo. Imaginávamos vastos prados esmaltados de flores, onde teríamos saborosas frutas. Cruel engano! Sempre chuva e quando o sol rasgava as pezadns nuvens_ parecia lançar carvõ~s ardentes. Quando paravamos para o repouso da noite, tínhamos como leito um cobertor estendido sôbre uma terra molhada e pe•nsávamos que isto tudo ia-nos preju – dicar a saüde. Mas graç~s sejam dadas Aquele que por quem unicamente nós nos sacrifi– camos: l:le nos protegia como a menina dos 21 J. F. C. B. BELEM - PARÁ olhos. Nenhuma teve o menor abalo. Isto foi mesmo um milagre e eu queria que a minha voz fôsse ouvida por todos afim de que me ajudem a dar graças e que aprendam acima de tu d o a confiar nAquele que vela tão bem pelos seus filhos. Esta l'iagem, cujos perigos não relatamos senão em parte diminuta, durou de 8 de Ju– nho a 31- de Julho. Bem fatigadas já com a longa demora, caminhávamos um dia quando. de repente, saindo dum atalho, vimos dois ca– valeiros galopando. F e Ii z momento que nos causou tal surpreza ! Eram o nosso bispo e o Revdmo. Pe. Végreville que, assustados com o nosso atrazo, vinham ao nosso encon– tro. Perguntas anciosas, acções de graças, bên– çãos, tudo veio robustecer a nossa energia. Al– gumas horas depois, conversávamos com as r:ossas Irmãs do lago "La Biche" que tam– bem partilhavam das mesmas aflições. Uns dias de repouso e eis-nos, novamente, a caminho. Agora, era tempo de lutarmos com os rios, as cachoeiras, os "rápidos" e pior ainda, porque nova parte do percurso era até então inexplo– rada. Quando o rio estava muito seco, tí– nh~mos de deix ar as bagagens na mão dos guias e caminhar pela flb-resta atraz de Mon– senhor. Êie nos precedia na marcha, com um 'terçado, escolhendo as passagens menos di– ficeis, abatendo árvores, improvisando pontes sôbre os barrancos. Mas ainda estavamos pouco habituadas a estas longas cc1minhadas; ficá– vamos ofegantes e o que mais ainda me impres– sionava era vêr que algumas irmãs eram muito fracas para resistir a tanto cansaço. O sono repousa e a noite soluciona, mui– ta~ vezes, algumas dificuUades. Depois de uma dormida cheia de sobressaltos, levaotámo-nos com as pernas e os rins mo'ido , todo o corpo febril. E tremíamos só em pensar ,10 que tt– nhamos ainda a percorrer. Mas Deus que sem– pre protege os seus filhos, facilitou-nos, depois, a jornada : viajámos sem chuva , a temperatura melhorou e o rio levava-nos como por encanto. Porem, era felicidade demais para durar muito tempo. P~~sávamos um "rápid?" quando, graças à habilidade do nosso remeiro, nos livramos dum imi~eote nauf~ágio. Saltamos, então, e com os coraçoes comovidos, dissemos um Te- Deum. Conseguim_os salvar a nossa bagagem e tirar a barca da agu_a. Mas ~Sta era muito pezada e Monsenhor viu-se obrigado a convidar as Irmãs 7

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