Quero - 1939

muito que lhe fôsse dado o nome de Monse– nhor de Mazenod, no dia da sua tomada de hábito. Disse-lhe a Superiora : - "Bem, Irmã Ma– jor, se Monsenhor de Mazenod conceder êste milagre, tomareis o nome que tanto desejais" . Quarenta e sete religiosas comeram à von– tade da carne e do pão. Depois da acção de graças, três irmãs destaparam o cesto e empa– lideceram: estava mais cheio que na hoP1 da partida. A Superiora disse então : "Talvez pa– reça estar ma is cheio porque foi remexido. Co– mam mais e se à noi te ainda houver pão tere– mos um mi lagre." Mas a Irmã Ma jor, tôda tristonha , respon- · deu : "Monsenhor de Mazenod não é obrigado a fazer um segun fo milagre. A multiplicação dos pães foi pedida un icamente para o almôço, e não para todo o dia . "E ela suplicava a tôdas que não comessem mais ... Mas a Superiora insistia : - "Se Monsenhor de Mazenod nos quere favorecer com um milagre, fará até o fim. Rezai e tende fé". Rezaram- e à noite. a Superiora pôde pro– meter à irmãzinha Major que teria o nome tão desejado : as cestas de pão estavam agora mais cheias ! E na casa matriz ainda distribuíram aos po– bres J 6 cestas de 13 pedaços de pão cada uma. Quando em 1867, Monsenhor Grouard soube que as Irmãs Grises vinham ajuda-lo no trabalho de catequese do Mackenzie ficou muito espantado: "Que audác ia! É quasi tentar a Deus .. . Estas pobres mulheres virem viver ao lado dêstes selvagens, cuja conversão comecei apenas! Chegarão elas até uqui? Conseguirão suportar êstes invernos horrorosos, sem pão, sem coisa al::>uma? Nós, homens, podemos c~- " ' " car uma lebre .. . Mas as Irmãs . - Para onde foram t:las? Vamos sabe-lo : Para uma região, onde a Franca cabe cinco ve– zes, onde, durante oito mêses, o gêlo e a neve isolam os habitantes do mundo civilizado. De outubro a junho os rios e lagos, únicas vias pra– ticaveis tornam-se inuteis, Raros trenós puxados por cães, que pouco pêzo aguentam, ligam, então, as esca!-'sas habitações agrupadas em dife– rentes localidades, (:1 distância de léguas e léguas. Naquêle tempo, us compras eram feitas na Europa. Bastava um atruzo do correio, um des- 19 J. F. C . B . BELEM - PARÁ !eixo da "Companhia da Baía de Hudson" para que facilmente uma· encomenda demorasse três anos! E mais penoso -era ainda a anciosa espera de uma carta, que tanta vez se extraviava ou se perdi-a num naufrágio! As Irmãs Grises de Montréal tornaram-se as mães dos selvagens "Denés". De tôdas as raças indígenas da América, evangelizadas pelos missionários·é, sem dúvida, a dos "Denés" nór– dicos a mais abordavel. Herdaram do paganismo tendencias inhu– manas que muito trabalho d eram aos missio– nários. Mas os "Denés" mostraram-se sempre mais leais, mais pacíficos e mais religiosos que ps outros indígenas seus vizinhos. Os mi'3sioná– rios atribuem esta superioridade moral à vida nómade quasi exclusivamente familiar, afastada, por -conseguinte, de tôda ocasião de pecado, e às privações contínuas que têm de suportar e que são um freio sempre eficaz contra os ape– tites perversos. Os selvagens "Denés" receberam com ale– gria o padre, mensageiro de um Deus, pobre como éles, que por êles sofreu e morreu . Os defeitos dominantes, quando os missio– nários chegaram, eram a poligamia e a cruel– dade para com as m u Ih e r e s e as crianças. Tinham orgulho somente dos meninos. "Minh.a filha" e "meu cão' · dizia-se da mesma maneira em sua linguagem . Bater diariamente nas es– posas, faze-las jejuar, matar as filhas peque– ninas, não lhes parecia nada de mal.-O cris– tianismo, em pouco tempo venceu esta barbárie. Os vícios mais refractários eram a desconfiança, a cobardia, uma tagarelice maliciosa, a mendici– dade importuna e o esbanjamento até à impre– videncia. A dificuldade foi arrancar ê ses índios aos protestantes . Trabalho árduo para apóstolos pouco numerosos e pobres, tendo como con– correntes emissários fartamente sustentados pelas sociedades bíblicas e gozando tambem dos favores de muitos oficiais subalternos da Com– panhia de Navegação da Baía de Hudson rainha dessas regiões. ' A~pesar disso tudo, somente os que se ti– ,n~am mternado nos confins da floresta não ou– viram o apêlo do Evangelho. · Mas é ~reciso e o n s t ruir conventos, alt– mentar, vestir, aquecer curar as creanças e O , doentes, manter-se numa região árida e insa-

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