Quero - 1939

2 as tenras carnes O quadro que o cerca, não é o aposento luxuo– so onde habitam os grandes da terra, mas uma gTuta húmida e fria, estrebaria de animais, aberta a todos os ventos e in– tempéries da estação inverno– sa. Lá não se encontram os re– quintados perfumes de essen– cias preciosas, que usam os privilegiados da fortuna. Tudo ali nos fala de mortificação e sacrificio. Para os membros do– loridos do enfermo, o prolon– gado contacto com o colchão por mais macio que seja, faz– lhe parecer duro e insuporta– vel, tornando-se um suplicio quando a impaciencia e a fal– ta de resignação se metem de permeio. Nestas ocasiões, caros doen– tes, lembermo-nos do presepe. Qu2 a doçura e mansidão de Jesus entre as pallinhas nos dê coragem para supor– tarmos com animo sereno os incómodos e desconfôrto da do– ença. Não decarreguemos sô– bre os que nos cercam o nosso máu humor, nem tão pouco nos mostremos exigentes, dificul– tando a tarefa dos que cuidam de nós. Certos doentes, cercados dos carinhos dos seus e de tô– das as atenções, tornam-se exigentes e incontentaveis, tu– do Ires é motivo para queixas e recriminações. Não façamos , queridas do– entes, mais pesada do que é indispensavel, a cruz dos que nos cercam . Que as nossas grandes dôre3 não nos venham fazer esque– cer as pequeninas ocasiões de renuncia, t ão salutares para for t alecer a vontade. Aprendamos de Jesus-Meni-– no a bela lição da r enuncia. Por ela possuiremos as nossas almas, e por ela tambem coi1. BOLETIM - ~ DA :0000 L . F. A . C. quistaremos o Amor divino. Por um premio tão elevado re– cuaremos ante o esfôrço? Não, certamente. Avante, .pois, á conquista da Caridade, t endo por arma a renuncia ein tôda linha, apoiada sobre a cruz sangrenta e santificante da enfermidade. Em geral, os doentes habi– tuam-se a ser e centro das pre– ocupações dos demais, são cer– cados de cuidados e atenções e facilmente tornam-se egois– t as e exigentes; com tôdas es– t as cumplicidades perdem mil ocasiões de renuncia, que po– deriam da rmais · valor ao seu apostolado da dôr. Alguns pensam que o mun– do deve girar em torno dêles, Nós, as dezenárias da Santa Cruz, pelo contrario, devemos visar ao esquecimento de nós mesmas. Dirijamos frequente– mente esta prece a Jesus : "Se– nhor, livrae-me de mim mes– ma" . Geralmente pomos empeci– lho á obra maravilhosa de san– t idade que Deus deseja operar em nós, porque estamos cheias de nós mesmas e Ele só pode encher o que está vasio. Para esvasiar a nossa alma, J::i ncemos mão de renuncia con– tinua á vontade própria, aos nossos gôst os e caprichos, á nossa opinião, ás nossas como– didades, vencendo as repugnan– cias, etc ., e isto sem prejuízo para a saúde. Aspiremos o espírito das fes– tas natalinas, e vei amos algu– mas ocasiões de pô-lo em pra– t ica . Comecemos por mortifi– car esta anciedade de saber tu– do o que se passa por fóra : no– vidades, bisbilhotices, intrigas, etc. Renúncia perfeitamente re– signada e amorosa aos praze– res lícitos, porém tornados im- , 1 possíveis pela enfermidade. Renúncia a certos requintes exigentes do paladar, que não raras vezes ocasionam fadigas extraordinarias aos outros, e, em alguns casos, até prejuí– zos. Aceitar com simplicidade os alívios que nos são proporcio– nados, e com a mesma simpli– cidade submeter-nos aos trata– mentos que possam molestar ro nossa delicadeza. · Reter uma palavra · áspera, quando não fazem as coisas como se deseja. Não sejamos dêss2s doentes impertinentes e irascíveis que nada satis~ faz. Renunciemos corajosamente aos pensamentos inuteis que borboleteiam em torno do "Eu". Evitemos de mostrar-nos aborrecid.as e lamuriosas quan– do inquerirem sobre a nossa saúde. Guardemos, tanto quan– to possivel, para o Amigo D~– vino , os nossos sofrimentos; não Pstejamos a areja-los com queixas sem fim, ante cada um que se nos aproxima. Mas. tam– bem, evitemos o outro extremo, enc2rrando-nos num mutismo orgulhoso, que só responde por monosilabos. Isto geralmente denota a falta de conformida– d e ao beneplácito divino. Eis mais uma excelente oca– sião de renuncia: mostrar um s2mblante amavel e acolhedor para os que se nos aproxi– mam . A exemplo do Divino Mes– tre iremos mais além: Esque– cer-nos-emos de nós mesmas, para consolar os outros. ( Continua ) 0 EN HORA S da Li ga , não O nej!ueis o vosso auxi lio à Cru zada pelo operári o !

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