Quero - 1939

2 BOLETIM . -xx;:,c,:: D A ~ L . F . A. C . ~-· DEZENAS DA (Continuação) Sim, ó meu Deus! Vós o sabeis, quando magoado, desolado à perspectiva duma vida que eu supunha doravante inutil, vida que não seria para mim senão uma fonte de de– cepções, estive tentado de abandonar-me a pensamentos pavorosos, tentado de pergun– tar-me se o suicídio não seria o melhor meio de tornar-me feliz, vós o sabeis, virei-me então para a cruz, numa ância de amo r e protecção, e a cruz respondeu-me na sua divina lingua– gem que todo coração ancioso ouve, que tôda queixa escuta, que tôda miséria invoca, que tôda desolação implora, ela respondeu-me estas pa– lavras, que repito hoje e que transformaram a minha alma : "Espera em Deus! Sua graça te é suficiente! Como então! uma curta vida por uma eternidade de felicidade! Então que importam as pênas, as aflições, áS máguas, as misérias? .. • Não será bastante felicidade conquistar esta corôa de imortalidade? . .. O quê! aquele que quere aqui na terra adquirir alguma coisa, conquistar aguma vitória, alguma corôa, ex– gota-se noite e dia, sem calcular a pêna e o trabalho, e tu, filho da eternidade, tu não sa– berias suportar as lutas do martírio, para con– qui star a palma dos cristãos vitoriosos, e gozar eternamente duma felicidade sem fim? ..." A cruz calou-se; bastava, eu estava con– s olado. E suportei melhor tôdas as misérias da minha vida! .. . Que bela e confortadora lição nos dá a cruz! Aprendamos, caras dezenarias da Sta. Cruz, a lêr no nosso Crucifixo e chegaremos a dizer com José G : "Agradeço ao A~or _de me ter crucificado por amor ..." Mas este Jo– vem ardente não se contenta com meias me– didas, êle quere o amor que não recua d~ante de nenhum sacrifício e faz-se uma alegna de todos os holocaustos. tle próprio nos descobre o seu segrêdo quando diz : «Se não devêssemos ver N. S. vindo a nós sob a forma das cruzes que dÊle fal~m . ~ que são feitas para tornar- se as em– ba1xat~1zes da sua encarnação em nós, quan– tas coisas não seriam duras de acei tar! Mas CRUZ = RA.FAELA- temos de fazer o que não fizeram os Belemi– tas ! Não souberam ver em Maria senão o que aparecia exteriormente : sua pobreza , seu aban– dono, mas não souberam descobrir o Tesouro que encerrava em seu seio . .. Penetremos além das aparên cias, dos espinhos que trazem as cruzes : é Jesus que enc()ntraremos, Jesus que se compraz a se velar por traz de cada ·ser, de cada coisa, de cada acontecimento , tão cruci– fic.an te, às vezes! Amemos, pois, a nossa cruz por amor A'quele que não se dispensou de sofrer por nós. Mais ainda, que o desejou ardentemente e o confessou a seus amigos. Peçamos-lhe a graça de compreender me– lhor o imenso valor da cruz, não só para a nossa própria santificação como para a con– versão dos nossos irmãos. Convençamo-nos bem, que os mais poderosos argumentos são absolutamente incapazes de mudar uma alma se Deus não concorrer com a sua graça ; e ~ meio mais poderoso e eficaz para obtê -la é a oração que acompanha o sofrimento. Há certas almas que foram especialmente escolh idas para o sofrimento e com que ca– rinho Deus as escolheu! Vocação sublime a ser estudada e desempenhada com o máximo cuidado e generosidade; 'fazendo apêlo a uma boa vontade nunca desmentida e uma con– fiança sem limites. O jovem José diz-nos que «não há melhor caminho para ir ao bom Deus à perfeição, à santidade, que o caminho d~ total abandono às vontades divinas». E êle a~rescenta : « O aban~ono é o s~criífcio per– petuo da gente, dos gostos, dos mstintos dos desejos , para subord iná-los às amorosas' exi– gências do Coração ~e Jesus . Eis porque Je– sus , o nosso Jesus tao amoros o, é tão pouco amado, mesmo dos seus! . . . » «Si quis vult venire post me, abneget se– metipsem. Se alguem quere vir após mim que se renuncie a si mesmo. Si quis vult ! ... Se alguem quere I eis todo o mistério ; é O mis– tério da liberdade, um drama que se desenrola em três actos : PENSAR, QUERER e FAZER. (CONTINUA) Q o o ó u • " , • • . Q • o o a V • , ..

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