Quero - 1939

DE que necessitamos nós para ser feli- zes? De uma certa actividade, de uma certa ocupação, porque o homem nasceu para o trabalho e a fecundidade da vida repre– senta uma das indispensav~is condições de felicidade . Temos precisão de simpatia, de uma tal ou qual amabilidade nas nossas relações, por– q~e o homem nasceu soci~vel para, justamente, viver em sociedade; de um certo tributo de honra e dignidade, pois tôda a alma nobre ama, naturalmente, a honra e a glória-não a gloríola, essa ôca reputação ou celebridade devida ao reclame ou à ostentação - mas a glória; essa estima, essa consideração, êsse estímulo que o mérito p·rovoca, o lugar des– tacado, que não procuramos, mas que segue a acção como a s~mbra segue o corpo. Temos necessidade para ser felizes de fôrça, de luz, de recursos materiais suficie~tes. Tais são os .objecto_s de_ nossos desejos, de nossos deseios mais vivos, mais ardentes. Mas qual é · o nosso desejo que não fica ple– namente apaziguado e satisfeito pela amizade de Deus, a união de Deus, a posse de Deus? Que melhor ocupação que servir a Soberana Majestade e Bondade? Como utilizar melhor as nossas actividades e torna-las mais fe– cundas, senão empregando tôda a nossa vida em adorar a Deus em espírito e verdade, cul– tivando, para sua honra e sua consolação, ai, almas que Êle mesmo nos mandou, nos trouxe e pelas quais nos desperta interesse? E · que companhia mais encantadora que a de Deus, a de Jesus?! E onde doçura maior que a da sua ami– zade, que de nos sabermos amados pela Su– p_rema Bondade e Beleza 7 E que maior feli– cidade que passar a vida a amar e servir a Excelsa Beleza e a dar-lhe prazer? A felicidade consiste em dar felicidade aos outros, em espalhar alegria em fazer bem seja a quem fôr ( os santos p~eocupavam-se' até, em dar prazer aos animais.) Mas, causa; prazer a Nosso Senh_or, sabt::r, sentir que f:le nos deve alguma coisa da sua felicidade! . 13 · J. 'F. C. B. BELÉM - PAR.À Não há confôrto mas íntimo que o da sua justiça: .... te dá a cada um segundo os seus méritos. E que recursos infalíveis os da sua Pro– videncia os da sua lustiça, tão vigilantes, tão impecav~is, ambas a~ serviço do ª!11or-~nfinit?! E onde há luz mais bela, d1recçao mais segura para me guiar na vida que a de Sua palavra, a de Sua vontade, a de Sua infalível autoridade? . Que honra mais in~bria~te _que servi-lo (regnare est) já que servi-lo e remar? . Pois bem: tudo isso se saboreia, tudo 1s?o é da experiencia diária, realizarse tanto ma1~, tanto melhor em meu benefício, quanto ~a~s eu morro renuncio a qualquer outra achv1- dade a q'ualquer outra simpatia e luz, a qual- ' d · ode quer outra glória e triunfo. Tu o isso se P saborear, e realiza-se tanto melhor _quanto mais me entrego à vida oculta e mais nela me engolfo. . . A t A Imitação diz bem: se eu attngir e? e ponto qu.._e ninguem me escarneça, gue n~n– guem o lamente ou me ofereça com1seraçao. ( Imit. IV-13) . Eu serei o mais feliz dos mortais se che- .. gar a contentar-me só com Deus. . . Há, entretanto, ainda, uma outra co_1sa tn– dispensavel para ser definitivamente feltz: é a segurança do futuro das nossas obras, é a perenidade das nossas esperanças. é Só vale o que é eterno, (Imit.) mas só eterno o que a graça imortaliza, a graça só imortaliza o que a caridade vivifica; logo, só vale o que a caridade vivifica. Nada há, por maior que seja, segundo a opinião do mundo, que não seja vão e desprezível. Por maior que seja a obra em apreço, se a caridade não a anima, µm dia virá em que não ficará dela absolutamente nada. Ao contrário, não há nada, por mais pe- • qu·eno aos olhos do mundo, que não seja muito grande deante de Deus, se a caridade se misturou à acção se, sobretudo, mais do que misturar-se, lhe deu completamente a forma . (Concluc na pagina 15)

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0