Quero - 1939

- 8 J. F. O. B. BELÉM· PARÁ ~~'-'""_,....,,..~..._...,_,. ..,......,, o que , e 1 í eito Cl\_ PÓS a leitura do meu último_artigo sôbre ."J"t a moda, estais convencida~ que eu con– dene por completo a moda, ameaçando-vos nesta vida com os anátemas da Igreja e na . outra com as pênas do inferno. Pois não, senhoras; eu condeno apenas os excessos. O homem possue inato o ·amor pela be– leza e harmonia e gosta de acha-lo refledido nos outros homens e na sociedade. Êle, o rei da creação, tem direito de ostentú algum sinal de sua realeza, e quando pede à natureza ou à indústria vestes que lhe sejam dignas, faz um acto ·de legítima autoridade. Aliás, após a · queda, o corpo humano só é belo quando or– nado. pelas mãos do pudor; o homem civili– zado, só por suas vestes adquire sua sobe– rana beleza . O luxo é, além disso, nas sociedades bem organizadas, um sinal natural de jerarquia so– cial e, mantido nos justos limites. completa a ordem em vez de destrui-1~. O povo mesmo acharia exquisito se a patrôa se vestisse como a empregada. "O hábito não é só para i:obrir: é tambem um símbolo. O seu valor está em razão directa com o significado que encerra. Para que seja realmente bonito é preciso que nos diga alguma cousa de bom, de p1::s– sao1, de verdadeiro. Pode-se gastar todo o . dinheiro do mundo, se o vestido não fôr distinto e apropriado a quem o· veste, há-de ser ridículo. O exagêro da moda, alterando a linha feminina com enfeites de pura convenção, pri– va-a de seu atractivo maior. Dêsse abuso que procede algumas cousas, tão apreciadas pela~ !11ulheres, estão em completa oposição não so a beleza delas como à bolsa de seus pais e maridos. Não achamos nós ridículas esssas moças que para falar "bonito" vão preparar suas frases nos manuais de conversação? Pois o mesmo acontece com certos vestidos usados indistintamente por tôdas as mulheres." (Wagner. "La vie simple" p. 215-216.) no vestuário ,( Do livro "Às modas aduais", de f. A. Vuillennef O. D. ) .A moda · mantida nos limites da graça e da arte, favorece o comércio, inspira as mais belas criações à indústria e ao mesmo tempo torna mais agradaveis as relações sociais e educa, até, o gôsto. Pode estabelecer, do ponto de vista dá elegância, a supremacia de um povo, fazendo-o árbitro entre as nações . E enfim - parece-me inutil conti nuar a defender a moda escrevendo para moças que hão de achar argumentos muito me lhores que os meus-enfim, a mulher deve agradar a seu marido. E' um dever imperioso que não deve ser desconhecido nem pelas pessoas mais afas– tadas, por gôsto ou virtude, da moda e de seus exagêros. Quantos lares são desfeitos porque a mu– lher descuida-se da~ pequenas cousas que a prendem ao marido, e cai em repugnante re– laxamento depois de casada! [Porque, se ha homens que só falam do vestuário de suas mulheres em tom de brincadeira , se alguns outro_s mostram-se qµanto a isso indiferentes, a ma10r parte presta-lhe grande atenção. Con– servai aos olhos de v0sso marido aquele en– canto que o seduziu durante o noivado e con– tribuiu a suscitar o seu amor. Lembrai-vos, para vencer alguma repugnância que possais ter, que a vaidade conjugal, filha do afecto é Jouvavel, meritória, fecunda de preciosos ;e– sultados de simpatia e felicidade. ~ Acho que não precisareis d~ grande es– forço para actuar essa vaidade. "A natureza cuncedeu às mu lhere~ uma arte encantadora que ela conhece por instin to e que é a sua arte, com.o a sêda o é da la– garta e a eia da aranha, diz Camila Lemonier. Ela é o· poeta, o artista de suas graças e do seu candor, é a fiandeira do mistério com o qual enfeita o seu gôsto de agradar. 1 Todo o esfôrço que ela faz para se igualar aos ho– mens nas outras artes, nunca há-de valer o espírito e a indústria graciosa com que ela, de um pouco de pano, faz u'a maravilha. "Pois eu quereria que essa arte fôsse ma is apreciada e que a educação consistisse em

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