Quero - 1939
colinas - que hão de ecoar os gritos de dor çle Raquel - e em duas horas atingin.'f.11 a !Je– quena cidade de David. D2screveremos essa região, onde Belém surge, no meio das montanhas desnudas, como um ramalhête verde sobre os ro– chedos. A dois passos de Jerusalém a cidade lívida, que o desert~ cerca pelo lado de leste, em que o Cédron e a horrenda Gehe– na abrem fundas cicatrizes Belém se ergue, graciosa, sô~ bre duas colinas. O seu anfi– teatro corôa o bôjo de um va– le - verdad2ira cornucópia de abundancia. Por isso, chama– vam-na, antigamente, Efrata, a fecunda. A industria dos ha– bitantes cultivou-a cuidadosa– mente, plantando figueiras e vinhas fl exuosas, em largos terraços circulares, como de– graus, que ainda hoje estam– pam belos desenhos sobre a areia. Belém era a estancia prefe– rida por Salomão. Ele recor– tou com jardins, no soné da cidade, o pequeno vale d'Ortas. A caval'3iro, proximo da estra– da do Hberon , construiu gran– ,-1,,., rPserv;:1torios . que ainda existem. Enchiam-se com a água duma deliciosq n::tscentP escondida no fundo d~ uma e-rut.:::i subterrnnea. conhecida por Fonte, assim como tamh 0 m o vale tem o nome de J ard im fechado . aludindo ans poéti– cos eoitetoc:; d::>dos nor Sal0- m~o, n as Canticos. á sna PS– pôsa. Eram os reserva tóri0c:;. oue citámos ::1dm::i., <m" flli– mentavam, atravez de conr'h1- t0rPs á flor da tnr::i.. o ed ifirio do Temnlo e A CiàanP flRnh, rle rrianeira OU" a viela de J,-,_ rusalém partia ne Br.ilt5>'Y'I_ col"Y'o de Belém partia a vidu dn mundo. 12 ~~ -x- E Belem, hoje ainda, é en– cantadora .Quando s2 escala a pequena colina, e, desembocan– do na praça de um pitoresco oriental, que é o centro da vi– da de Belém, se tem em fren– te a gruta sagr2~Ja, coroada pela mais antiga basilica d~ mundo; quando o olhar, por cima das estelas brancas dum cemiterio, que orla o cume dos outeiros, estende-se, em bai– xo, ao longo dos verdejantes jardins em anfiteatro; quando olhamos o montículo que er– gue, um pouco além, a aldeia de Beit Sahour, de onde vieram os pastores, a área de Booz e o campo onde respigava Ruth á Moabita; no horizonte, á di– reita, o Mar Morto, á esquerda, Je ·usalém - a cidade de san- . gue; quando, enfim, ao lado destas recordações, ora gracio– sas, ora sinistras, vêm-se cir– cular, na praça entre as filas de camelos agachados sob a carga, as donzelas com o lon– go veu branco, irmãs da Vir– gem, e as creanças de vest es listadas, como os filhos de JFl– cob, a que se empresta mais graça ainda aos nos lembrar– mos, com t ernura, que são ir– miios dos Inocentes e de Je– sus: tudo isc:;o rnercrulha a al– ma numa indefinível atmos– fera . Um trahalho extranho se onera em nós, é um vai-vem dP melancólicos e t 0 rnos nen– SflrYJ~ntos, cnio r ent 1 ·0 {> êsse rr->rço, prpsc:;a~iado pôr lúgu– hr-=-c:; ('V"ntos e de (Jllfl mais t ard ~ fizeram uma cruz. -X- 1\Ias se nos deixamos ficar ali r t é oo cahir da noit'-', mais i 1tenc;as imprec:;s5es nos assal– ~::.rão. ~ois, ,para_nós._ Be}ém C' a !101k; e f!l~.2.-!1c1tc ; e o J. F. C. B. BELEM - PARA silencio dos horizontes, a na– tureza aquietada e tranquilla; é a bela colina que cresce, sob a vibração suave das estrêlas, para ir ·arrebatar ao Paraiso o seu Bem-Amado. E quando na moldura real, quese ajusta de– liciosamente ao sonho, espe– ramos a noite cair, sentados num desses túmulos - tão brancos que evocam as faixas de Jesus e transmudam em sedução a sua tristeza - e de– pois da sinfonia delirante dos poent es, inebriante e doc2 co– mo 2, glóTia celestial, vêmos surgir a so!'llbra, lentamente, pairnndo, acendendo no silen– cio a constelações, emquanto sob·3r1 da t2rra, como baforadas na t e,Jidez do ar, os murmúrios de 1·ebanhos espalhados e lon– gin piüs, que parecem um va– gid· , a planície ou um esmae– cido suspiro da noite - todo êssc conjuncto nos fala ao co– raç.1o, atormenta-o docemen– t3, e basta que, nesse instan– te ,, o 1 tando apenas a cabeça, digar:1os "Foi ali!" . .. para que a i•naginacão se exalte e en– levr. O presente, então, não ma·s existe e par2ce-nos ouvir, nun5 longes dP sonhos. essas vozes confusas elo passarto aue, SPm 1 1ada articularem de pre– ciso, tanto nos dizem. E espe– rE>mos qun suri a na nn 1 ca, f!l– tignd0 da longa caminhac'la, !"'as tranquilo e d3 al8m ale– gre, - o gruno sagrado. -X-X Foi provavelmente i;iela tar– de que Maria e José chegaram ao término da viagem. Muitos de seus compatriotas, vindo como êles de diversos pontos da Judéa, já os tinham prece– dido ,d3 forma que não é de ext ·anhar, que uma pequena cidüde como Belé'n, não hou– vesse mais lugar para eles no e,: é: a11saró.. 11 •
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