Quero - 1939
• • • 11 J. F. C. B. BELEM - PARA ~I ~ l3@Pt;GJ d@ !}@ 'a~ 1~ ~~,~ ~~~~ ~ ,-~ · Belém, doce e magica pala– vra, traz á nossa imaginação, com todo um cortejo de recor– dações, o aspecto mais encan– tador, mais intimo, mais sua– ve da vida de Jesus Tôda a vida do Mestre pa– rece assim caber nalgumas pa– lavras. Depois de Belém, virá Nazareth, o Lago, Jerusalém. E Nazareth significa mistério; o Lago significa trabalho, Je– rusalém significa luta, e tudo isso junto, é a Vida, o dia acti– vo e ardente. Belém ·. a manhã. E' a fres– cura das madrugadas, o pri– meiro sorriso do ceu, o halito puro e leve que faz a alma pai– rar em não sei que azul, a enche de não sei que evolam me, como esses que se evolam dos nossos sonhos quando te– mos saudade do ridente pa– raíso, em que se expandia o primeiro homem . Belém! - que ares festivos neste nome! Desperta uma multidão de ruídos longínquos, como cantos angélicos e revoa– das de asas. Logo que o pro– nunciamos com amor, a nossa imaginação nêle suspende to– dos os carrilhões de Natal, to– das as alegr2s impressões da infancia. E a razão nêle desco– bre profundas lições. -x- Deus achara, pois, a hora propícia para realizar as espe– ranças de seu povo. Ele não olhou os grandes, os potenta– dos, os chefes religiosos ou po- liticos; êle escolheu, numa al– deia poóre, uma pobre crean– ça chamada Myriam, Maria. Igual ás que se vêm ainda hoje no caminho para a fon– te, em Nazareth, o andar gra– ve, trajada com o tradicional vestuario que já era usado pe– las mulheres no tempo de Isaías - túnica de listas mul– ticores onde sobressai o azul, véu branco, faixa de tecido le– ve, segurando com uma das mãos o cantaro cheio de água e com a outra ajustando o véu: eis o que Deus escolhêra. E a esta creanca de 15 anos apenas, quando estava rezan– do na sua casa humilde, exca– vada na rocha, Ele enviou uma embaixada ... Era um desses entes que, embora de uma natureza su– perior, fraternizam com a hu– milde raça humana para glo– rificar a Deus. E o anjo expôs o seu pedido. E, dado consentimento, o mis– terio se realizou. O ceu incli– nou-se e encheu a terra de es– peranças, enchendo um seio ·de mistério e um coração de amor. -x- Ora, alguns mêses depois, chegava o edito de Tibério. Fa– zia-se um recenseamento em todo o país; era preciso par– tir . José, o espôso candido , era da familia de David ; Belém, cidade de David, . era, por con– seguinte, a sua cidade. onde tinha de inscrever-se. A hora era muito impropria: o tempo de Maria aproximava– se; mas, o orgulh o dos impe– radores não costuma preocu– par-se com as dificuldades que suscita: puseram-se a cami– nho. . Era questão de 4 ou 5 dias de jornada. Partiram equipa– dos, provavelmente, como um desses grupos que se vêm a to– do o momento nas estradas da Palestina : a Virgem sôbre um jumento; ao lado, S. José com um cajado e, no ombro com a manta, algumas provisões de viagem. A estrada a tomar era a que seguiam 3 vezes por ano para as festas. Tôdas as noites, faziam alto nos caravansarás, s3mpre a– bertos aos viajantes á entrada das cidades e das aldeias. Era coisa estabelecida havia mui– tos séculos; animais e gente pernoitavam ali, geralmente perto de uma font e, e, no dia seguinte, tendo só de agrade– cer a Deus, punham-s2 de no- vo em marcha. l Muitas vezes, os peregrinos, que eram numerosos nesta época das festas, cantavam sal– mos em honra daquela Sião, para onde se dirigiam. Talvez Maria e José tivssem a alma cheia demais para imita-los; mas, se os lábios emmudeciam, o Magnificat cantava nêles com todas as vozes da felicida– de e do amor. Ch"garam a Jerusalém, la– dearam as muralhas de oéste, atravessaram a planície e as
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