Quero - 1939
.. 2 BOLETIM :xxxx D A >0000 L. F . A . C. De mês a mês agrava-se o mal. Na iminencia da morte, chamam o sacerdote para a admini s– tração dos sacramentos que, para a doentinha, serão os primeiros e últimos. E, ela, coitada, tem medo do padre, ignora a solicitude paterna l do ministro de Cri~to, re– geita o consôlo da religião,-o único, diante do limiar do outro mundo. Não quero! não quero! proferem os labios ressequidos pela febre. Junto dela, acorrem almas piedosas e, às exortações carinhosas, segue-se a mais form al recusa. Entre tantos apêlos à graça , surge o di sco brilhante de modesta medalhir.ha mi lagrosa. Ha surpresa nos olhos brilhantes de Mirta, as mão– zinhas pálidas e emagrecidas recebem-na com interesse, e contemplando, demoradamente , a efígie de Maria, prorrompe em admiração: Que medalha bonitinh a! onde a acharam? . . . jamais vi tão pequenina e mimusa sa ntinha .. . Parece ter caido do céo, do próprio r.egaço da Mãi amavel, porque, instantes depois, Mirta exclama: quero me confessar! chamem o Padre. E, calma, piedosamen te, recebe os sacramentos. Que paz transparece-lhe no sembl ante , dir– se-ia uma alma afeita à in efa vel emoção da co– munhão freq uente. Uma graça extrao rdinári a penetrou na alma de Mirta ; desta primeira co– munhão no leito de morte , segui rão novas vi– sitas de Nosso Senhor, soli citadas por ela mesma, e recebidas em grande fe rvo r. Com que candura reconhece os próprios defeitos, acrescentando : Não tenho pena de morrer, tenho tanta vontade de ir para o céo ... mas queria passar ai nda uns di as na terra! E passou-os. Os sofrimentos puri fica m-na, ela edi fi ca os que se lhe aproximam. Ouvindo os soluços da Mãezi nha, ama rgu– rad'.I à perspectiva de perder a úni ca fil ha, per– gunta, suavemente : Por que chora, Mamãe? - Por te ver sofrer, mi nha filha . - Nosso Senhor quer; diga, Man,ãe: Lou- vado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. Nenhum que ixume por de ixar o mu ndo no verdor da idade. Sente o cansaço natura l da doença, suspira frequentemen te, e os olhos fi– tam, sempre, o quadro do Coração de Jesus pendido á frente do leito. Alguem dissern um d ia: Como é bom morrer, qu:rndo se vai para o céo, junto de Nosso Senhor! - E de Nossa Senhora, acrescentara com ardor, na imensa gratidão à doce Virgem da Medalhinha Milagrosa . Nestas excelentes disposições, desprendeu– se-lhe a alma do envólucro terreno. Com simplicidade in fa ntil, declarara um di a que não dedicara o coração a ninguem dêste mundo. Seria esta pureza de coração que en– ca ntou o Divino Mestre? Decerto; Êle se apraz ent re lírios e, prestes, desejou co lhê-lo para os jard ins eternais. ~~~ ~~~~~~~ ...... ~~~~~ ......... ~~~ - ~~ ............... DEZENAS DASANTA CRUZ ........,.._~ ...... ~~ R A F A E LA ( Continuação ) Uma vez compreendida esta verdade fo i para José um ra io de luz que o salvou. A datar dêste dia, seus :mos de martírio deixaram de pa rec e r-lhe in uteis, mas apareceram-lhe como uma graça, graça tão grande, escreveu êle, que não compreendi a que Deus o tivesse julgado di gno de ser " escolhido para isso." Vejamos agora a transformação que operou nesta alma a cruz da doença e a fide lidade à graça . Aquele, cuja primeira ambição era ser um padre "sábio", dizi a mais tarde: "Ah! eu con– sentiria no esquecimento de tôda ciencia hu– TT1:n1'1 para adquirir a do verdadeiro amor, para !,er fe rido com o dardo infl amado com o qual ·./ oss o Se nhor fe riu o co r ação de tantos :,antos ! . . ." Mas es tamos indo muito depressa; esta aceitação da dôr não foi assim tão rápida, nem sem mu itos e renhidos combates. Alguns mêses após a gra nde festa, em que fo i recebido sub-di ácono, começou o seu longo martírio : declarou-se a tuberculose-óssea no joelho, tornando-se es te, e111 pouco tempo, um conjunto de chagas horríveis. O pobre doente perde aos poucos a esperança de jamais vo ltar ao seu caro semi nári o. Todos os se us brilh antes so nh os por terra, despedaçados ! Que provação terrivel ! Êle tão pouco disposto à imobi li dade, a quem o qu arto de doente parece uma prisão . . . oh! estas quatro paredes sempre iguaes ! "Oh! esta vida não como as outras. esta parada . .., que amargura, que desolação! " Ele confessa: "A hora é tão pungente a perturbação está em todo o meu ser." (Continua)
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