Quero - 1939

' J. F. C. B. BELEM - PARÁ ✓ -------'-""-'---~ ...... ......,....,.,.~---- Minha querida Liana, " /1_,,,_ ~ N?o sei o que se f(:1:::,1_.,,,. passa em tua éabecinha. Dei– xas-me completamente desnor– teada com os teu s conselhos de " Irmã de Caridade". Como ? ! Pens a s que eu irei tornar-me uma " beatinha" ? ! Isto de conquistar almas, é para os padres, boa Li ana ; para as freira s, lambem, é m~ito lindo, mas para nós ... ah! .. . é, como .te ~1g?, luar violão e até. . . um moreno muito 10s1- nua~te ; bons cinemas e bons romances. Dizes que minhas idéas . não são c?mpa– tiveis com a educação ri goro s a que t1v~, _e assim segues desfi ando um ve rdadeir? rosa no de reprimendas ao meu . modo de viver; . en– quantu eu me sinto perfeitamente bem, agindo de acôrdo com as minh as " idéas levi anas". - Acaso as dezenas de almas a que te referes, fazem algo para amenizar os meus sofrimentos? Quem se lembra da Gi zela nos momentos de alegri a e sati sfação? Ah !... Tenho eu então obrigação de tor– nar-me monj a por causa dêste mundo hipócrita? Êste mu ndo, que para mim só tem desprêso, e onde sou tão escarnecida? NÃO. O meu bom senso se revolta com tal idéa. Perdôa, se sou co ntra os teus idea is, mas creio que estou com tôda a razão. . _ Tencionava passa r parte das mi nhas fe– rias, na tua deliciosa vivenda , em tão a6 radave l companhia, mas, agora ... para ser fre ira... Adeus. Entretanto, peçc quct não me deixes sem notíci as tuas. Até... quando mudares de idéas de " BEATA". Não te aborreças com tua fjizela 911argarida MULHERES HEROICAS (Continuação) Gabriel-como foi chamado depois do bap– tismo- foi uma destas creanças sofredoras, que as Irmãs recolheram. Tinha mais ou menos oito anos quando viu a mãe matar o pai e quei– mar o irmãozinho. Se não fôsse a avó que o levou ao índio Barby, teria tido a mesma sort~. Alguns dias depois, a mulher de Bar?Y ~doe~ta e morria. Barby, que era pagão e fe111:e1ro, IA· vocou os espíritos e chegou à conclusao que o pequeno era a causa da desgraça . Resolveu p~r isso abandona-lo . Achando que mata-lo ~ena terminar muito su,.vemente, deixou-o quas1 nu , sem alimento nem fogo, sôbre o cascalho do rio onde tinha enterrado a espôsa . Transportou a barraca para a outra margem e de lá espiava o pobre órfão tentando al veja-lo com uma ca– rabina. A creança errava ao redor da sepultura e alimentava-se de raízes. Barby não acertava o alvo. Isto durou uns dez di as. Bonifácio La– ferté um dos primeiros alunos das Irmãs Grises, pass~ndo por ali conseguiu iludir a vigilância do índio e levou a creança, quasi devorada pelos vermes. O pequeno ficou dois anos ·no convento da Providencia, o tempo preciso para aprender a conhecer a Deus; depois, a-pesar de todos os cuidados, morreu tuberculoso. Rosali a foi tambem uma destas pequeninas mártires. Durante um ano andou errante atraz das tribus. Comi a o que encontrava pelos ca– minhos e dormi a ao relento mal coberta por uns retalhos de peles. Bem justificado era o nome que tinh a entre os ind ;gen as : -- a q~e anda chorando. Uma noite, tolhida pelo fno, não conseguiu reavi va r as brazas quasi extintas. No dia seguinte, como não podia mais andar, lev:lram-na num trenó para as Irmãs. Mas, no meio do caminho, tiveram de cort:.i r-lhe os pés que já estavam gangrenados. ~os_7 ~nos, Ro– sali a no convento, fa lava frances, mgles e o seu di ale,cto. Entre as 70 órfãs, Rosalia , me iga e inteli gente, era alegre, tambem, co rno um corisco. Salvar a in fância , santifi ca-la fôram os pri– meiros trabalhos das Irmãs, mal chega ram ao Extremo Norte. Logo na primeira au la apa re– ceram 11 alunos.

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