Quero - 1939

8 J. F. C. B. BELEM - PARÁ AS FESTAS DO NATAL ·""'-"'---~--~-----------.,..-----~~~~~~~~~'"'-"-~~~~ ~ ~ ~~ ~Y. ~ ~ "Sabereis hoje que o Senhor f O ceu inclinou-se até nós e ♦ Do austero e humilde berço, vai aparecer e amanhã gozareis t a terra produziu e deu-nos o ♦ onde está reclinado, sorri-se dos esplendores da sua gloria"; t seu fruto : estão satisfeitas as ♦ para nós o doce Infante, filho era assim que 2 Igreja, numa t vivas aspirações que, durante o ♦ de Maria e i1 mão nosso, com santa impaciencia, exprimia a ♦ Advento, o suave e lumino:;o ♦ aqueles olhos ioefaveis e pro– sua alegre esperança de receber 1 "Rorate" tão bem exprimia, 1 fundos que hão de um dia fas– a Jesus-Menino na bemaventu- T porque no magestoso silencio T cinar as mulcidões. rada Noite de Natal; e quando t da noite radiosa, como o mais t Enquanto não se aproxima a viu realizada as suas aspirações t deslumbrante dia , "o sol se le- ♦ sumptuosa caravana dos magos irrompe-lhe dos lábios o so- ♦ vantou no ceu e viu-se o Rei ♦ do Oriente, conduzidos ao pre– noro invitatório de Matinas, ♦ dos reis, que procede do Pai, ♦ sépio de Belem por uma miste– convidando-nos a um acto de ♦ como esposo que sai do seu ♦ riosa estrela, o cortejo dos hu- reverente adoração aos pés da- leito nupcial." ·o verbo fez-se mi Ides vem saudar o Deus-Me- quele Menino que acaba de t carne e hab itou connosco." f nino, depois de , na planície, nascer e jaz humilde no presé- ♦ Tal é o mi stério que a li- ♦ ouvir os coros angélicos ca n– pio: "Christus natus est nobis, ♦ turgi a celebra nesta quadra do ♦ tando em harmonioso concerto: veni te adoremus!" Vinde, ado- ♦ ano, no tempo do Natal, con- t "Gloria a Deus nas alturas e remos a Cristo que acaba de 1 sagrada ao est udo e à medi- paz na terra aos homens de boa nascer! ~ tação tla infância do Redentor. ~ vontade"; e prostraram-se re- sempre brincando, depoi s começou a ficar sério e a ser representado como rei do universo; nos modernos, êle chora . . . Com Burnes jories, o famo::.o preraphae– lista ingles, inúmeros autores modernos intro– <luzem na scena da NativiJade pródromos do Calvário . . . E ao lado dos pastores que trazem presentes, há os que levam uma coroa de es– pinhos, um cravo, quando uma cruz não en– sombra toda a scena ... Sinal dos tempos? Ainda hoje o Natal con– tinua a ser um dos assuntos prefe ridos na arte. Até na China o pintor Cheu (católi co) in spirou– se no Natal. Mas se a arte em geral baixou de nível , há uma sua manifestação que progride todos os anos :-a arte popular do presépio. Qual a criança miseravel que nunca se ex– tasiou diante dele, atra"ida por aquele menino– zinho que a chama com os braços abertos? Quem de nós não tem entre as mais gratas recordações o nosso presepinho de creança? E não é com grande gôsto que, mesmo as pessoas idosas, durante êsses dias de graç':l, não dispensam uma visitinha ao presépio das igrejas? Desde o oitavo século se tem notícias desta piedosa tradi ção do Oratorium praesepis de Sta . Mari a Maior. S. Fr::tncisco, porém, foi quem lhe deu a form a actual e os seus frade s têm ainda hoje a honra de fabricar os mais lindos. Gé– nova , Nápoles e o Tyrol são famosos pelos seus presepes artísticos. Entre nós, cada vez mais se espalha o costume de o fazer nas famílias . O Natal é a festa da famí li a - "Pasqua dove vuoi; Natale coi tuoi " é um provérbio da ltalia e de tôda a Europa. Festeja a Páscoa onde qui– seres; mas o Natal só em casa. Festa do acon– chego do lar, das alegrias íntimas . . . Mas, devo find ar. E ao faze-lo, levanto o meu voto para que os artistas brasileiros se re– temperem e se inspirem na fé católica para a manifestação da própria sensibilidade; e dirij o ao Ceo o meu pedido: que a estrêla da fé con– tinue a brilhar, que os anjos do Ceo continuem a cantar a glória de Deus nas alturas, mas qu e entôem de novo o hino da paz na terra ao~ homens de boa vontade, hino que os homens esqueceram, porque se esqueceram do Menin0 do presépio. Pe. Paulino Bressan 10 •

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