Quero Outubro - 1938

que o nosso Assistente eclesiástico esta tra~ duzirrdo o livro-programa do Cónégo Car– dijn, fundador da J. O. C. belga. Achei, porem, que o realismo exagerado daquelas poucas alíneas não correspondia á realidade. A situação nas nossas fábricas era muito su– perior á da França e Bélgica, porque eu sabia que as leis brasileiras sôbre o trabalho são as mais perfeitas do mundo inteiro. Para me convencer fui assistir a um círculo de estu– dos das J ocistas. · Quando entrei na sala de reünião o Padre estava comentando os artigos da "Pa– lavra" e disse: "Se não fôr verdade o que está escrito, podeis protestar." N ingu·em contestou a verdade. Uma das dirigentes se levantou e disse : "A situação é assim e muito pior ainda, sr. Padre." Todas destes a vossa opinião e raras vezes assistí a um círculo de estudos tão in- SERVOS INUTEIS ... ( Continuação da página 8) Na família onde te sacrificas ocultamente, No teu leito de doente, onde receias es– tiolar-te. Em todo lugar, a-pesar das aparencias, podes ser um apóstolo maravilhoso, Podes realizar sonhos imen sos df con– quista, Podes ser missionário do meu Evangelho, Podes estender o meu Reino de Amor ... . ..... . . ... ... . .. . .. . . .... . . . .... . .. . ... Vamos, retorna à tua charrua, pobre la– vrador; retoma a tua enxada, pobre vinhateiro ! Chegará, para ti e para os outros, a hora da ceifa e da vindima ! Que importa quando? Contenta-te com prepara-la. Tem con– fiança. Não te inquietes! ( Trad.) Pe. GAILLOT 19 J. F. C. B. BELEM. PARÁ teressalite. Falastes nas fábricas: Perseve– rança, usina Glória, Brasil , Progresso , Cha– mie, S. Vicente etc. Não me recordo quan– tas das vossas companheiras trabalham na Perseverança, na Gloria ou na Chamié, mas não fechei um ôlho durante a noite inteira, pensando em vós, e nos horrores que con– tastes das fábricas. Em vez de 8 horas de trabalho, como manda a lei, trabalhaes 1O, ás vezes 11 ou 12 horas, e ganhando uma ninharia. Se vós mesmas não tivesseis con– tado, não acreditava, mas achei isto tão imensamente trágico, que relato o facto aqui. No comêço do ano, quando a castanha está verde e é dificil abri-la sem quebrar, tra– balhaes muitas vezes até 7 ou 8 horas da noite, durante 6 dias, e levaes para casa 7 ou 8 mil réis, no fim da semana. E nem tendes tempo para almoçar. Geralmente são uns 5 minutos ao meio dia, e depois con– tinua o serviço. Agora compreendo porque ha tantas moças operárias fracas e tuber– culosas. De tôda a troca de idéas compre– endí bem que tendes horror á vida de fá– brica. Por que não procuraes, pois, emprêgo em casa de família? Todas as famílias se queixam que não encontram mais boas em– pregadas! Respondestes: Ê questão de liberdade e de dinheiro. Liberdade; sim, liberdade, não tanto para ir ao cinema, baile etc., mas a maior parte das famílias nem dá licença pará ir todos os Domingos à Missa ou assistir aos actos religiosos, nem tão pouco para fre– quentar aulas de corte etc. nos patronatos, que geralmente se dão á noite. Na J. O. C. F. de São Raymundo entre as 250 ope– rárias, ha talvez umas cinco empregada . Por que não mais? É que as donas de casa não dão a mínima liberdade para a vossa instrução. Depois, é uma questão de dinheiro. • ...

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