Quero Outubro - 1938

QUISERA=MAS NÃO QUERO ... ======9. [f-{uberto fRohden = , E imensamente grande a legião dos partida– rios do quisera- e bem e.xiguo o pelotão ~-••• dos amigos do quero. Toda essa turba-multa de moças que po– voam as nossas ruas e praças, os nossos clubes e casinos, os nossos salões e praias de banho. todas elas bem quiseram . trabalhar pela grande causa do reino de Cristo - mas, de facto, não querem. E por que não querem? Porque são escravas da lei da inércia, da lei do menor esfôrço moral. Em vez de uma vontade, teern mil velei– dades. Urn milhão de veleidades não vale por uma vontade. Um bilhão de quiseras não vale por um único quero. De quiseras está calçado o caminho do cinema e do teatro, do cabaré e da ca5a de cor– recção, calçado o caminho do proprio inferno . .. Por que é que a Acção Católica conta ape– nas com um grupinho de apóstolos? E' porque são numerosíssimos os católicos amigos do quisera e poucos os amigos do quero. O quisera é um mar- o quero, um arroio apenas. O quisera é a tuberculose da vontade, a 4 J. F. C. B. BELEM · PARÁ anemia da alma, a atrofia da personalidade- o quero é uma ginástica do espirita, um exercí– cio atletico do coração, um record de resisten– cia do verdadeiro discípulo de Cristo. Por que é que o Brasil, com esses 45 mi– lhões de católicos, não possue imprensa cató– lica, uma imprensa forte, poderosa, moderna? E' porque o partido dos quisera com as suas mil e uma veleidades não vale por um só quero de vontade firme e decidida. Somos riquíssimos em promessas e belos discursos sôbre a necessidade da boa imprensa - mas, quando se trata dum sacrificiozinho pes– soal, aí estão logo as desculpas com a falta de tempo, com a cri~e, etc., etc. Existe, de facto uma crise - é a crise de vontade, a críse do querer . .. Eles bem quiseram - mas não querem de facto-eis aí a crise do catolicismo brasileiro! . .. A "A Cruzada da Boa Imprensa", á custa · de lutas ingentes, mantem · representantes em mais de 500 cidades do Brasil. E mais tivera conseguido se não fôsse a inércia dos quiseras e a escassez dos queros ... Estamos no tempo das realidades concre– tas e dinâmicas - e não das fantasias vagas e inopen,ntes ... Quem quer é de Cristo - quem quisera é de Satanás ... O Pe. Dr. Huberto Rohden, profundo pensador e psicólogo que aqui esteve ultimamente fazendo uma série de conferencias durante a festa de Nazareth , honrou a nossa revista com a publicação.supra. (Conti nu_ação Padre Tiago : estou escrevendo ao correr da máquina. Aproveitando nesgas da ! : pagina ) de tempo afim de não deixar esta carta para as calendas gregas, por isto, desculpe o arrevezado da frase e a balbúrdia dos assuntos. Mas eu fico entusiasmado quando vejo a Acção Católica irradiar pelo Brasil. Estou certo de que a nossa vitalidade espiritual, a salvação do que ternos de mais ne– cessário na nossa vida religiosa s0mente alcançaremos por meio da Acção Católica. Si eu fôsse um homem de posses, ir-me-ia fazer missionário da Acção Ca– tólica . Sair por êsse Brasil a pregar o apostolado leigo e reclamar a atenção dos ca– tólicos para a nova cruzada que visa não mais tirar o santo sepulcro das mãos dos in– flei s mas fazer de cada fiel um santuário para morada do corpo do Senhor. Bem. Já estou divagando sem necessidade. Um grande abraço, bem do coração. para demonstrar .a al~gria de que estou possuído ao ver a mocidade feminina de Belem, sob a sua ass1stt:nc1a, penetrar o largo rio da Graça, afim de, por meio da Acção Catolica, r~cristianizar- uma cidade em que a Virgem Santíssima tanto ha feito em prol da humanidade pecadora e ingrata . Abençoe o muito seu, servo inutil, de coração e em J. Cristo ~uiz Su~upira

RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0