Pará Philatelico, n. 6, 7, v.3, 1936. 50 p.

4 PARA' PHILATELICO ============= Nada mais iacil hoje que enviar, de um ponto a outro, diametral– mente opposto do planeta, uma no– 'ttcia qualquer. Quantia insignifi– cante para isso basta. A locomoti– va, . o naviq, a aeronave, sulcando a terra, -o· mar e o espaço, devoram distanéias enormes, conduzindo a toda..a parte, a desolação ou a ale– gria, a 'dôr ou o prazer. Um pe– ~aço de .papel, uma viagem curta ao Correio Central, um nonada, gasto, _.e- o informe parte. Que .se lance, porém, um olhar .retros·pec_tivo sobre o passado, mer– gulhando, fundo, na noite caligi– nosa _dos -te;mpos, e se procurem os meio~ de _- (!ue se serviam os povos de _antanho, de recuadas éras, para 11 .transmissão da sua corresponden– cia, armada a vista com a len e s_µl).til da curiosidade. Ver,,se-á en– ·tão, .qµe· áq_ueÍla épocha longi~qua, era . para._ o som que o homem ap– ,pella:va. Transmittida, de bocca em bocca, a voz humana ' tevava a in– formação p1·_eciosa, e os instrumen– tos, _d_er,1:·amando no espaço os seus :vari,ad,os accordes, preveniam o mortal de acontecimentos )v'arios. Em terra, !)Or-al!uella fórma, a sen– tineJI_a vigilante avisa que não dor– me. No oceano, o gag-eil'o, acoco– rado ás gaveas, no alto dos mas– taréos,·em noite escura, grita ao pi– !óto o que de má.o, ou de bom está observando. . · ' ;Depois : do som, · i'ecôrreu o· ho– mem ,aos signaes,--·não vacUiando muitos escriptores .na affirmativa de 1 por _este modo, ter ~id.o a _cor– responde,ncia feita, durante a cons– tr.qc_ção .da '.I'orre de Babel, especie de . ,iosto cen!ral de Correio, de onde, . ao depois, eram as commu– nicações transmittidas nara toda a parte~Da Bíblia, vem-nos tambem o ensi_namento_· de que os israelitas, na sua -mem~ravel f~ga do Egypto, q,u~n~o, ameaçaf.}os -pela, ira do phàc • • • • • • I = i • • ♦ 1 Excerp!o de Umõ confer encin _ . . . · que n6o chegoú õ. ser feítõ. ráo rein ante, foram guiados, ah'a– vés do deserto inunensu, durante O: dia, por nuvens de fumo, e á noite; por densas cülumnas de fogo. Coberto de pharóes e de fogos; fo i a Grecia antig·a, Eschylo e Thu– cydides, Homero e Pausanias, em · suas obras, relembram a comminii– cação dos acontecimentos por inter- · · medi.o dos fanaes, de que a festà' · dos fachos, outrora celebrada . em · Argos, constitue a remm1scencia mais remota. Chinezes e indiános correspondiam-se, a grandes dis– tancias, 9or meio dos fogos lle Ben– gala, cujo segredo de composição, os inglezes, ao depois, trouxeram para a Euro:,:,a. A signaes tambem recorriam os romanos pa"I"a troca– rem communicações rapidas, .obti– das com o auxilio de indivíduos •collocados no topo de Jogares ele– _yados. Ao som e signaes, nem sempre snfficientes pa1·a a communicação, á distancia, do pensamento huma– no, succederam-se os correios, indi– víduos :9ortadores de mensagens, levadas a pé, no começo, e depois a cavallo. Foram os persas os institui– .dores desse meio de correspondencia e o t~nno, adoptado pelos que se lhes seguiram, chegou até nós, com a plausivel significação daquelle que corre ou vae ligeiro. Era, dentre os vencedores nos jo- gos olympicos, fl_Ue na Grecia se tiravam os correios, lá chamados h-2mer6dromos, pon;ue corriam durante um dia. A Historia regista ·o episodio heroico do soldado de Marathona; em cuja honra, se eri- e g·iu, mais tarde, um monumento em Athenas. Em · 490, antes da era chr istã, os !)ersas, para darem bata- lha aos gregos, desembarcam na– quelle porto, com um exercito dez vezes ·s uperior, em numero~ ao de seus adversarios. Receiosa da der- rotlf;, Athenas envia a - Esparta, . a pedn soccorro,:o seu melhor ht)me-

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