Pará Philatelico, n. 6, 7, v.3, 1936. 50 p.
10 . O nome carta ongma-se da ci– dade natal da rainha Dido, segun– do disso nos informa o dassico Rodrigues Lobo. - "E porque em Cartas se in– ventou primeiramente a maneira por que se escrevia (ou fosse pa– pel ou outra cousa semelhante a ene r tomou della o nome ". Sendo carta - muita especie de papel escripto e ainda pintado, ~ a carta vulgar era, pelos antigos, designada carta missiva, distin– guindo-a das demais: - citatorias, dem'issorias, de alforria, de fian– ça, de jogar, geographicas, Magnas, etc. · Mas visto que vêm estas sempre acompanhadas do qualificativo, a car ta missiva dispensou o seu por inutil e, aliás, .pleonastico. Por inutil, porque quando se diz: recibi uma carta, ninguem pensará que seja de prego. Pleonastico - porque missiva (disse-nos um ami– go) vem: de "missus " - enviar, e t oda carta é para ser ,enviada, sal– vo quando esquecida no tinteiro. O pleonast ico adjectivo fez-se lo– go substantivo e synonimo. Fica– mos, assim, com. dois nomes para uma só cousa. Nãc:i bastando, apropriamo-nos da epistola. Grave peccado e gravís– simo erro. Grave peccado, faz.endo da ,epist ola carta vulgar. Epistola, em grego, (disse-nos outro amigo ), quer dizer - carta em verso. Gra– víssimo erro e logo punido, pois, nunca . houvera, a té então, estylo carta! ou missiva! ; a epistola ger ou o tal estylo epistolar, delicia da senhora Sévigné , de Plínio, o moçc, e de outros. Entre brasileiros, apesar de cons– tituirmos uma fauna de bipedes anti-epistolares, na classificação de Medeiros, sempre h a alguns desa– busados. E' o mesmo chron ista 0Pem nos ~onta au e Silva J ardim chegou a t er quatro secret aries e expellir, em media, 200 car tas por dia. J osé Car valho fala-nos de um matuto cearense cüj a .mania era es. PARA' PHILATELICO cr,ever cartas congratulatorias aos notaveis da sua terra. As respostas nunca vinha,m. O cartomano esbra– vejava, então, indignado: - Diabo diz que não recebeu! mas ·responde, diabo! O pobre matuto julgava que não lhe respondiam por desconsidera. ção, sem se lembrar que é commum o extravio das respostas... O con– trario é que é raro: extraviar-se a carta e vir a r espost a. Eis um dee;– tes casos occorridos com uma, -escri. pta, na Irlanda, e actualr11ente em nossa collecção, poi:. offerta de gentilissima senllor:inha. "Querido tio. - Se o sr. pudesse ver comb ,enrubeço de p_ejo ao es– crev,er-lhe esta carta, apiedar-se-ia de mim. E' que desejo pedir-lhe al– gumas libras, mas não sei como di– zel-o. E'-me imlpossivel. Prefiro m,orrer. Envio-lhe •esta por um mensagei– ro que- -e:;perará pela resposta. Creia-me, meu muito estimado tio, seu mais affectuoso sobrinho - JACK". P. S. - Arrazado de vergonha pelo que escrevi, corri atraz do mensageiro para tomar-lhe a car– .ta, mas não pude alcançal-o. Praza aos céos que algum impr•evisto lhe tolha os passos ou que esta carta se perca. - JACK. Resposta : "Meu caro Jack - Socegues. Não eurubeças mais. Os céos ouviram tuas prec,es. O portador perdeu tua carta. Teu affectuoso tio ". Uns ,escrevem cartas por m,ania, :mtros por necessidade, e muitos não as escrevem por não saber em escrever . Pa ra estes estaria r esolvi– do o problema, se logr asse gen er ali– zar-se a carta phonographada em pequenos discos delgados. Todo o mundo falaria as suas cartas e n ào haveria aborrecimentos como os daquella muchacha do.e; versos d e Campoamor, entristecida com as restriccões do cura escriba aos ar– roubos, sentimentaies n a car ta que dictava ao seu querido Ramón . -"Dios mio! quantas cosas le diria si subieru es~ribir !"
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