Pará Ilustrado - 1943
G.R~lnog OPICJílíl glgTRO GílLVílíllCºíl Amola-se e afia•-se qualquer ferro cortante Executa-se qua lquer lraba lho com lodo o esmero. perfeição e ponfualídade , @ (B(!]'i](;}[1(!}[:][)(!) Irmãos Tancredi 11,u,a, Ji4'14do.~ 11,,a,- ,,,O-el, 1JcUatti "'· :, 6' reLePone n. 2e4o B8Lem_PAR A·-= BRASL Esta acreditada -OFICINA está monloda com os melho– res mecanismos · e mõ-teria,s. Pronta pna receber qualquer serviço em renovação de_ qúalquer metal, em Doun1do, Prateados, Niquelados Bronzeados e outras côres melalicas. • 8SP9CIAL PARA cPARA' ILUSTRADO> as emergências da vida rural, iniciãra o rói daquelas trágicas mortes. Dois dias depois, mais 4 vizinhos e, para fechar o quarto só!, éla mesma sepultava mais dois filhos, sendo um o caçula de poucos meses. E ali estava o resto de uma .próle doente e semi alucinada com a visão Impressionante rd.a,queles mortos velados em tão poucas horas. Maria Souza é rijo cérne . Fibra de lutadora. Espirita caldea– do na tormenta, no desespero e na resignação . Não se abateu aos tres golpes fatais que pros– traram o tríduo de seu amôr de mãe. Não lhe diminuira a rijeza de sua Fé, nem tão .pouco, ao seu espirita, chegára o <lesalento e a lamu– ria não !nfestára o seu coração ferido, não ! Aceitou "aquilo" como uma provação e do Céu baixou os olhos humildem-ente para continuar com a mesma devoção e o mesmo e sublime LIBERO LUXARDO O fato que vamos narrar é veridico. Assis– timo-lo, certa tarde, quando ém cÓmpanhia do médico Catete Pinheiro fazíamos uma visita à colonia da Mulata, - no . Município de Monte– Alegre. Tinhamos saido da cidade multo. e de– pois d.e uma viagem e~austiva através da anti– ga rodovia construida pelos jaiponeses que fo– ram concessionários <!aquelas terras, chegamos ao nucleo central da colonla, ·hoje uma incipi– ente fixação de trabalhadGres brasileiros . S81biamos das noticias alarmantes daquela região, ondé uma fébre, não dlagnósticada, em poucos dias levára set e criat uras vitimadas em menos de 48 horas e em condições as ma.is trá– gicas possiveis. Pouco.mais de uma centena de pessôas ali estavam radicadas, inician'<io, cheias de esperança, a vida agricola . Os primeiras ras– gos, ainda incinerados, marcavam o trarbalho rude do ma.chado desbastando velhos troncos -de lei. Os roçados sucediam-se naquela gigan– tesca massa verde, dando a impressão de um nucleo em franco progresso, mas ao at ingir– mos o centro da colonia, onde um punhado de barracas e barracões reúne aquelas familias, tivemos a dolorosa visão do pânico, sentimos- -30- o temor assolando aquelas fé.ces sofredoras e o desejo de exôdo crescendo entre· homens e mu– J.heres. Em cada barraca, um énfermo, e, cada enfermo, era um fóco de propagação constan– te . A morte rondava, roendo furiosamente a– queles organismos gastos. desnutridos, que se arr-asta,ram. por quilometros -e quilometros até a,quelas terras férteis, a,fagando a promessa de fartas mésse./;. Um dia, um dia azlâgo por cer– to, :Já chegaram duas familias emigradas do Guamá .. Burlaram a vlgllancia do posto sani– tário e alta madrugada, a pé, meteram-se pela estrada, venceram os 40 quilometros de percur- . so, e fi.ncaram esteio nas · terras da Mulata. Com aqueles pobres diaibos ia o "plasmodium". · O transmissor lá estava em estado latente, a– guardando apenas o veículo ·para propagar o mal de maneira atróz e aterradora . Alguns dias -depois, o primeiro caso, e o segundo, e sete ao todo em menos de 4 dias foram fatais . E' facil de se avaliar o horror daqueles ca– bôclos acostumados á terçã e habituados. ás crises agudas da fébre benigna, surpreendidos por um mal estranho, que atacava o Infeliz de modo vi9lento, fazendo-o perder a razão, tendo acéssos de furta, definhando à-vista-dolhos, arroxeando, exálando podrldã-0, decO!Ilpôndo-se em vida, e, em poucas horas, baqueando nos braços de Parca. Foi neste ambiente que o médico Catete Pinheiro iniciou as visitas. Em todos os ran- chos havia sofrimento. Alguns doentes em es- "' respeito ao Senhor. Qua11do lhe foi perguntado, narrou o fato singelamente e terminou pedindo ao médico, que tambE"Í'.ll é Prefeito de· Monte-,Alegre, auto– rizasse-a a utilizar as têlhas da_guela cas!J, onde lhe morreram os filhos . Queria construir ou– tra, noutro lugar, mais perto da roça de seu marido. O prefeito concordou e ela prosseguiu : _...Eu quero tambem que o dr . mánde fazer uma cerca bem bonita no cemitério, mas eu não quero de ara,me, não, tem que ser de páu a ,pique, todo caladinho . .. ,Eu não quero que os meus filhos "digam," que eu os deixe! como cães danados em terra abandonada. E o padre tem que benzer as sepulturas . O sr. não acl:Ía de direito -? - Todos se rlra,m . .. Que mulher admiravel! Nessa tarde nos foi dada uma grande lição de humanismo e daquela mulher se _apren deu ·a beleza da resignaç~g · tado de côma e outros tão graves que só da al– ma se poderia cuidar. E ia de casa em casa num verdadeiro sacerdóc1o, examinando ao re– lento, aos grupos, levantando -forças, mitigando dôres, confortando, fazendo O Impossível para -- Be· regresso á cidade, parámos um lnstan– reerguel' 0 moral abatido daquelá gente humil- te diante do pequeno cemltérro, onde sete re- de. Tirando as - aréstas daquela efervescencia tãngul91, ei,;lblam a terra removida recentemen- que era um sintoma de horror e fuga .- Por ::b'!:,~os !~nhf~:::~n;e~~ t:esn~:~~t:r;: fim, atingiu a casa de um cearense . O chefe, doente, 0 ventre como um tambôr e a p-éle sem frescas, da,quele dia e, -não foi preciso pergun- brHho era verde e pastósa . Os olhos c-avádos, tar, eram as tres sepulturas dos filhos de Ma- nadando numa. gêma de ovo . Os lábios entu- ria Souza . -_.--- mecidos, sem côr, davam-lhe um aspécto tí- • _ ..-• ....---. • • • •• • • • ♦ • • • •• • • pico de desfl:bramento . Os demais, duas ma.9oi- -,- las e um menino, foram medicados . <ã mal, sempre o mesmo': a terçã. Porém, <-tfâquela ·ca– 'sa, havia um.a mulher ... Ceafense, tambem. Era esposa daq.üele h~ m~m doente e ·mãe da – quelas crianças enfer,mas. Seu nome, Maria Souza, e poderia simbolizar o estoicismo na sua mais alta significação. Naqueles ultimas dias de pãn1co a,quele lar contribuira para inaugurar · o cemitério local. O primeiro filho, u~ rapaz forte e trabalhador . Braço direito da fam.ilja, substituto do pai enfermiço em tGdas PARA' ILUSTRADO Leia ·e ., • anuncie em 20-2-194J
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0