Pará Ilustrado - 1943
s PUDICOS on JDDUlD IJ ~(J/l, Jtiév.enald deii.UJ.u úiédita edta CMnedia, q,ue ~~ M- "J)aJUi 1~– efu.'' fU1,Ul, ~ PEQUENA COM!:DIA DE SM-,W 1 ATO !'elo Dr. A. STIÉVENAl'!,T. ConM!ndador Antonio . . . . . . . . . . . .. 60 anoc Dona Zefirina . . . . . . . . . . r,o anos sua mulher !.!.nt.Onlo (Totó) ............. ...... . Zefl:ra (Zezé) . . . . . . Filhos do Comendador e D . Zefirina . CENA I Um pequeno salão muito confortavel; mesa, poltronas, tapête, espêlho, quadros e mna bibllotéca. ---O COMENDADOR - TOTó-ZÉZÉ----- 0 COMENDADOR : Irra ! . . . que estopada !. . . Três horas na pres!dência da reunião dos Diretores do Segu– ro Amazônico !... · não é Uina s.inecura (:tle põe na mesa a grande pasta que trazia debaixo do braço; vai ao cabide, muda o paletó por OU!:r<> de flanélii, e põe na cabeça um boné de palha, de sêda preta). Consegui encher uma la– cuna da nossa Cia . a gência de Manáos está ceada. e para lá seguirá o Henriques, filho do compadre, rapaz inteligente e de grande fu– .mo; agora posso eu, o resto do dia, ·andar saboreando o "dolce far niente" ! (abre a ipas– -:a. e retira uns papeis) . Apen,as vou passar ;xx- uma última vista no relatório semestral anc-es de marida-lo para a impressão. (Tira 1JS óculos e -absorve-se na leitura . Entram de– vagar Tótó e Zézé; ficam á porta hesitando, discutindo ém vóz ba,ixa). TóTó: (A mela vóz) Então, mana, fala-se ou Dão com o papai? z ll: z ll:: {Hesitando) Vou f,aze-lo mas ... e~ in– glês. TóTó: Rica idéia ! e eu. . . em francês. Acercam-se do pai, uma a direita, outra a esquerda. Z ll: ZÉ: (Beijando o ,papai na face) Bons dias querido papá; sabes: "I lov,e"! Espanto do pai. TóTó: Bons dias qµerigo papai! S!!,_bes: "Je l'ai – me• Espanto do .pai. CÕMENDADOR: E.stá bem ! está bem ! nreus filhos ! . .. são muitos gentis, na verdade; contudo pre– ~ere-1a que vocês me delx.~em descança~; õego moído e tenho um imJpórtante rela- . a verificar. Zll:ZÉ-TóTó Are logo papai ! . . . Saem mas ficam ele ~&a. cada -qual em uma janela, sem ser vis– -u, do pai; cêna muda por parte dêles. COMENDADOR ; Ora essa ! . . . mandei ensinar inglês e L"S.ncês a estes tratantes e agorn. estou me Ye!ldo em apuros para adiv,inhar o que dis– se=-am. -~ recorram.os aos dicionários. (Val á lbllotéca) "a!mer" - amar; "Je l 'rume" ; I !ove" amo; (Coçando .a, cabeça) : Ha mouro na cos– -::a .... (Chamando) Dona Zézé ! Sr . Tótó ! Zézé entra pela porta; Tótó pula pela Janela, perfila-se e cumprim-enta. Zll:ZÉ-TóTó Pronto, papai ! 20- 2-- 1943 COMENDADOR Severamente. Venham cá. . . Diga-me ra– paz : je l'aime quer dizer amo-a, não é as– sim ? Tótó diz sim com a cabeça. O Sr. far– me-á o favor d-e me diZer quem é esta "a". TóTó: Já, papai ! não é segredo, toda a gente .saibe : é Margarida, a filha de seus compa– dres ... COMENDADOR : Em parte. Usemos de astúcia para sa– ber o que há. . . Em natural. Está bem ! está bem I tem bom gosto; é bonitinha, não há duvida; mas ela tem apenas 14 anos e você 18; não são essa.s idades par-a casar ... TóTÇ): ~raremos, papai . .. COMENDADOR Conta-me com isso · começou . . . TóTó: Gosto de Margarida há: uns três anos, e ela de mim ... COMENDADOR: Está l:>em !. . . e já se declararam ? . .. TóTó: Está claro ! Não fazemos outra cousa ! COMENDADOR: Em a,parte Patife!. .. a Tótó ... Mas vo– cês pouco se encontram. TóTó; Rindo. Mas a gente se esoreve.. . COMENDADOR Ah ! . . . µelo corre•o ? TóTó: Não senhor, que ser:a uma verdadei.ril. ra– toeiro ! . . . pela janela . .. COMENDADOR Pela janela ?... PARA' ILUSTRADO TóTó: Sim, senhor; a hora melhor é logo depoi.<i do almoço; o seu compadre dqrme a sésta; a mãe, qu-e dlz que não, pega no croché e fê– cha os olhos. Abençoondo Morfeu, aproveito este providencial momento; passo eu por . lá, nesta hora; a rua está sempre deserta; atiro meu bilhetinho pela janela, e Margarida dá a resposta do da vespera ...- Zézé faz esforço para abafar uma gargalhada. COMENDADOR: E ' bôa !. . . Olha o marôto I Rindo. E o compadre e a comadre a roncar !. . . Severa– mente. E a senhora ? . . . qual é o Rom-eu ? ... Z É ºZ ll:: Como que envergonhada, mas rindo as es– condidas. E' o primo Henrique, ,papai ! COMENDADOR O primo Henrique !. . . Está bem, está bem !. . . Mas a senhora sabe, sem duvida, que o primo Henrique est á ganllando 2508000 no Seguro Amazônico e que não é isto o quanto basta para aguentar um casal . . . ·z É z É : Esperaremos, p apai 1••• COMENDADOR; Está bem ! está bem . .. e, como é natural, vocês_se correspondem ? Corando. Está vi.st.o que sim, querido pa– pai. .. COMENDADOR : !Pela janela tambem ? Z ll: ZÉ : Não, senhor. Aqui é impossivel, o papai não dorme a sésta e a mamjl.e está sempre a – lerta; apenas estou eu a me ap,oxlm,a,r da Ja– nela, e ela acha logo um pretexto para chamar– me ... COMENDADOR: Em aparte. Ainda bem !... Então, como é que se escrevem ? . . . di'ga-me lá isto. . . Le– vanta-se e passeia, com as mãos por traz . Z ll: ZÉ: A'!)Ontando á cabeça do pai. Por ai. COMENDADOR: Olha ·por cima, parando espantado. Pelo telhado? ZÉ ZÉ; Não senhor !. . . Hesitando. Não vá o pa– pai se zangar. 'E:le faz sinal que n.ão. Emtáo, vou dize-lo. . . pelo seu boné . .. (Continúa na página 36
RkJQdWJsaXNoZXIy MjU4NjU0