Pará Ilustrado - 1943
R8PORTílGem 8STRílílG81RA fi LONDRES - ' (Inter-Americana) - Não se passa um dia sem que tenham lugar execuções -no , Continente Eur(!peu No Protetorado da Boemia e Moravia, foram executadas mais de· qninhentas pes– sôas desde a dat_a em que foi assa~sinado Heydrich. Na Polonia, ' na Noruega, na lugoslavia, na Grecia, .dão-se · todos os dias execnções em massa . Fontes– suécas hem informadas calculam que o número de execuções diárias na Alemanha se eleva a dez . O - que podem ·significar estes números para um mun– do cuja mente é assaltada todos 01 dias por novas histórias de ~orror ? Não ohstante, não há imagi– nação ·que possa dar-se completamente conta do ter– ror contido em cada uma deslas execuções. REQUINTE DE PERVERSIDADE ALEMÃ A narrativa seguinte êlo fuzilamento de um no– rueguês pelos alemãesé tirada do relatório de um amigo da vítima . Trata-se do assassínio de um re– fem, e, por conseguinte da execução ·de um homem que estava completamente inocente . E' a. seguiu- . te a história, com poucas alterações : "Foi executado esta tarde X, anteriorment~ condenado á morte . Quando a esposa foi avisada pelas Autorida– des Milit~res Alemãs de que podia visitar a cadeia, comecei a ter receio . Comecei imediatamente a tra– tar de ohter informação e mais tarde disseram-me que fosse falar com o comandante no dia seguin– te . O comandante diu~-me logo que tinha sido re– jeitado o apêlo a favor do perdão e que a sentença de morte seria cumprida. nessa mesma tarde. Per– gunton-me se eu esta·va disposto a presenciar a exe– cnção . Fiquei frio como a neve . Claro está qne faria companhia a X, nos seus últimos momentos . Tem de ter nessa ocasião ao pé dele um dos seus • compatriota-s e não ficar lá só. entre estranhos . ANGUSTIA DE 1 HORA Apertou-se-me o coração e fiquei cheio de medo . Dá licença que fale á Senhora X. ? pergun– tei. "Não; não pode falar a ninguem", foi a res– posta . Disse-me que voltaria dentro de dez mi– nutos e podiamos• então partir . Os dez minutos dê– le foram uma hora . Uma. hora 4nrante a qual pedi a Deus que me désse força, auxilio e sabedoria . Nunca me tinha visto em tais apertos toda a mi– nha vida, e nunca me tinha sentido tão fraco . Cus– ~va-me a crêr que dentro de ponco tempo X, te– ria passado deste mundo para a eternidade . E então X, sentou-se para escrever a última c&rta á esposa e envia'l' uma sandação derradeira a seu pai . Seguimos de antomovei' para fóra da cidade, não sei para onde. Por fim saimos da estrada e metemo-nos no bosque. Não vou tenlar descrever o que senti -nesta ocasião·. . O autoniovel paron de– pois de ter seguido pelo bosque a dentro, e ~ntão saimos todos . Diante de nós caminhavám soldados armados de rifles, e depois segniam outros soldados que levavam nma caixa,_ de madeira e . grande ta– ruanho . UM ESTRANHO FUNERAL Nós ficámos atrás, mas todos os ontros se eu.– caminhavam para o mar . Um funeral extraordiná– rio: la lá um ataúde vazio, e aquele que est~va destinado a descausar dentro dele ficava entre nós . X saiu do automo.veJ antes de mim e eu di– rigi-me a êle. Estava a~emado . Estava perfei– tamente calmo . Tudo quanto disse foi: "Qne pena eu, que sou tão novo, não possa viver mais tem– po . Pobre . . . e pobre do .meu filho" . Fiquei lá a tremer e tive de fazer esforços para manter a calma e confortar o meu amiro . Depois tomei-lhe o braço e caminhamos juntos os -- ultimos duzentos- metros da sua vida no mundo. Não sei como lá cheiamos, mas P.ºr fi!D chegamos ,... ao local da execução. Adiante estava o mar aherto, ·e o vento est&va frio e desagradavel. Pela praia estendiam-se ondas enormes-. Então X, e eu descobrimo-nos e rezamos o Padre Nosso juntos. Puz-lhe a mão na caheça e ahençoei-o. Os soldados aproximaram-se, tiráram-lhe as al– gêmas, o casacão e o chapéu, puzeram-no contra uma arvore e ataram-no com cordas . Um oficial chamou– me e fez-me sinal para ir junto de X. tle estava lá com a fotografia da esposa. e do filho na mão, e com 01 olhos prerados nela . Dei-lhe um heijo e paz a minha face contra a face dêle. tle disse em vóz baixa "Obrigado" . E lá ficou, bem perfilado e perfeitamente calmo. UMA ICtNA QUE NÃO SE APAGAR-A' NUNCA Os soldados entraram debaixo de fcSrma e am foi-lhe vendar 01 olhos . Onviu-se então ama vóz de comando, depois os tiros e X caíu para diante. Por um momento o mundo pareceu parado. Fizeram– me sinal para me retirar . Então, pareceu-me que tudo se fez em pedaços. Comecei a chorar e lá fui neste estado para o automovel que me esperava . Tudo ·me parece um pesadêlo horrivel Não me atrevo a reunir os meus pensamentos. Mas a me– mória d& cêna não. se aparará durante toda a mi– nha vida . Peço a Deus que me dê forças para snpo!– tar eua memória tenebrosa . A esposa de X telefonon-111.e essa noite e eu ti– ve de lhe dizer o que tinha acontecido. Gritou para dentro do telefone e o pai teve de a tomar nos bra– ços. Ouvi-lhe os soluços de desespêro, enquanto o-– pai me falava pelo telefone. Deus lhe valha e ao fi- lho . . - Nada mais temos a acrescentar a esta historia . E' apenas uma das milhares de acusações que têm de ser feitas contra o rerime de Hitler. ~ de .lf>n4Ãed ! ~ de J'~ / " 8ennefl ,,_.. Pelas emoções que contem este olimo filme e pelas surprezas que api'ese11!1t1t1 o sucesso de .Confirme ou Desminta• está plenamente assegurado . ,Confir– me ou - Desminta, oude Don Amecbe interpreta com grande fidelidade a figura princi pal. tendo como sua companheire Joan Bennetl. Roddy Mac Oowall, o garoto re velação , lambem surge neste droma , onde as emc ções fortíssimas conseguem um- é levado grau de sensação PARA' ILUSTRADO 20-2-194.J
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