Pará Ilustrado - 1943
Ranulpho Plexa escreveu ~""" . opressas na garganta , até ver ocultar-se no abismo aquele espectro que me as– sombrara. fJ ~e,,.,, qae ~o.ntoa o. 9-e,,,io- do. lff,a,t Üuedei-rne. então, ardendo em febre e re volvendo-me como um reptil pelo çhão agre__ste. pressendo a fereza dos espinhos, que me perfuravam as carnes. Velho, de olhos melancolicos e tez castigada pelo sol como a generalirJade dos ~amponezes ._ Rogerio contava-me, sizudo .e impassível. uma das paginas mais crucianles ,ele sua longa existencia . Eu ouv ia - emocionado •aquelas pala– vras de um homem expcrimenlado que o deslino·. qüasi: abi"smára nas profunde– ,za~. da qes,graça . · · . Assim . começou ele : . .Numa ·noile trev·o; a e fria, por um .acaso, encontrava-me em · pleno recesso do bosqu'e. ap_anlüi-ndo C?S frutos que '.uma arvore .lançara ao : solo. · . · Foi nesse momento que deparei com · um ti"po ahórrnaf que. gr_ifo.:,,a. com eslri– ..çlencia. éornó o rugido dos · ventos tem– . pesluosos: -:-Üuern seria ? indaguei a mim mes– mo quando ele se me chegava . osten– tando uns olhos que mais pareciam duas luzes polentes ilurnina·ndo o espaço . Sua voz era f~ribunda e tetrica . Um ·frio de pavor enrigelou-me os ossos.· Os meus cabelos retezados s;rnulavarn urna porção de sélas volladas para o alio. .O fantasma , hediondo. de chifres pon– teagudos ·encravados na cabeça defor– mada . mostrando o co rpo escarnosô re– coberto de folh es. ddeve-se estolelado diante da minha figura humana. Üuiz · evadir-me através da ·-mala. pois fiquei · transido 'de' "medo. Enlrdanto. · qualqlÍer lent'ativa seria iriutil. E lá continuei, brutalizado ante a cena ho rrip ilanle: inamovível. ~om f ( a_s e s A noite espalhava seu negrume sobre' o arvMedo. encobrindo a altitude das escarpas, De quando em vez ouvia um canto de a ve, longo e gernebundo para rn,: aterrorizar ainda mais. Resonei. Um profundo · abatimento apoderou-se de mim. E os calafrios me perseguiam de onde em onde, roubando– me o sossego . .. Ouando despertei . percebi que já não era o mesmo homem. Tornara-me idiota eshmidamente idio– ta, . Tu falas Ião baixinho . . . Tão de leve que só· res_pondo ás frases que .adivinho. • Tua voz é o ·explendor de um bem que ·bre ve. passou deixando o enlevo de um ~arinho. Tem essa musica de um beiÍo e deve andar num sonho candido de arminho . . . E ' essa· saudade de alguem que no~ escreve que a sós comnosco vem falar baixinho. Ouando falas de· amor até parece, quê tua alma solenemente canta a cantiga ritual de alguma prece. . Eu fico sem saber, pensando ao léo: -se te irrompe essa voz dos labios. Sanía. -se essa voz qµando falas vem do ceu. f ILl'A L Di; BELEm-PIIRA' R.JOÃO Alt:RtD0.49·~ O luer está Ião !riste ... E que harmonia na andurra do vento. Até parece que noite afóra anda a ~elanco!ia . no man1o branco de uma triste prece . Dentro de lua alcova a luz fenece no desalen!0 da ultima agonia . .. Sonhamos como alguem que pernoilece nuJ castelo - de so.nho e íantaziã:- -. (]) 10- A noite corre. Aponta a madrugada, tal qual uma fogueira de magia ao canto divinal da passarada . "óepGis .- .. um beijo e meu caminho sigo. Levou a noile a nossa aurea olegria e um pedaço do luar ficou comigo . (Do li~ro inédito .Cisnes do Lago,) CA VALCANTE DE LIMA PARA' ILUSTKADO 20-2-1943
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