Pará Ilustrado - 1943
I AVBíllOA, PORTUGAL: 46 A 48 T8L8POíl88 959 e 2393· variado_sorfimenfo das seus calçados repre- Emporio de ctdçados.para homen;, senhoras e crianças. Tem sempre principtús fabricas do País. Os seus pr.eços são convidativos e os . senfam o expoente da moda e segurança. Visifem-na q_ue aproveifarão o tempo e economizarão dinheiro! Celita ! Tu sabes qual é _o velhinho que está para morrer ?... Foi assim que a voz de meu primo - tra– vessos sete anos - me fez lembrar que o -l've– lhinho" 1942 já estava para morrer. Sim, é verdade ! 31 de dezembro, cinco ho– ras da tarde... ~ealmente, "42" não viverá muito. o que es~ n~s deu, todos sabemos - guerras, luto, In1Seria, o despedaçar impiedoso de tan– tas ilusões ! H~ um ano passado, tambem os corações palpitavam de esperanças, bendiziam o ano que ia chegar ! · Hoje, ele lá vai, levando consigo todo um rosario de amargura, todo :um oceano de la-– grimas e sangue, um côro sinistro de pranto e troar de canhões a seguir-lhe os passos cansados, para o misterié> tremendo da gran– de noite do nada ! Quanta esperança morta, {luantos lares sem chefe ou sem o filho que- rido? ! , A guerra, desumana e atroz, tornou-o odio– so. Pobre 1942 ! Permita Deus que o outro, esse que vai chegar ao som metalico dos pos– tes batidos pelos garotos, esse . que virá até nós num momento de prece, esse. . . permita Deus que traga a paz tão desejada, a tran– quilidade aos povos torturados, o aniquila– mento dos monstros cruéis que mancham de ••••••••• ♦ ••••••••••• O medalhão perdido (Continu~ão da página 3 - Não, não chegava a cinco pesetas, um lenço de seda e um espelhinho oval. Não va– liam nada esses objeto~ - desculpou. Don Pablo encolh'eu os ombros. - Ainda bem; que Deus não desampare o pobre do "contista" . Mudança de tempos. Dantes os "contistas" roubavam o coração das lindas castelãs - a quem contavam his– tórias de amor. Agora, contentam-se em rou– bar-lhes a bolsa do dinheiro . .. Estamos ci.– vilizando ... As duas moças sorriram; porem, repentina– mente, Maria Luiza ficou triste, recordando os olhos sombrios do "contista". (Tradução de Albertus de Carvalho) . ~odo as bandeiras de suas patrias e tinjem de sangue inocente as terras outrora cheias de vida laboriosa ! ..A ·t~~ci~. ~ai. ci~~llil;;ncio· ~-·eu·. pen;; .. ~õin amargura : como terminará esse que vai chegar?. . . Quantos corações, agora ansiosos, wrão felicidade quando ele encerrar o seu ciclo? No céu, agora que a noite ·sutilmerite es– tendeu um véu de crepe sobre a terra, .as es– trelas, com a sua claridade irrequieta pare– cem.. traduzir uma promessa de felicidade ! Quanto romance terá o seu prólogo -e o seu epilogo nesses 360 dias que virão envoltos na incertesa do amanhã ? . Perguntas. sem •resposta bailam-me no pensamento, tecendo uma teia difícil ae destrançar . . . perguntas que terão resposta á medida que o bebe" 43 for percorrendo a sua trajetoria, que será fe– liz, Deus o permitirá. A lembrança de uma rosto quase que en– volto no esquecimento, deixa-me pensativa, olhando a noite, as estrelas, os bondes cor– rendo inconcientemente, os namora-dos con– tando adoraveis mentiras. e fazendo promes– sas g_ue talvez •amanhã nem lembrem mais! E eu fico pensando, revendo num deslum-– bramento de dias passados, os momentos bons e maus desse velhinho agonisante. ·subito, a alegria ruidosa dos garotos ·ba– tendo nos postes, e das vozes trocàndo sau– dações na rua, me despertou daquele deva– neio. Contrit~, ergui uma prece a-0 Rei dos Céus, implorando paz e tranquilidade para o mun– do e a felicidade daqueles que amo ! Depois, ficou um silencio torturando os meus ouvidos. . . a voz consoladora dos sinos não saudou a entrada de 1943 . Por que ?... porque a guerra enlutou _a terra e o silencio dos sinos traduziu tocan~ homenagem aos bravos e aos inocentés, vitimas da insensatez dos homens. E foi tambem o protesto da Igreja de Cristo ante a loucura daqueles que Ele quisera bons. . ·_ '.'Salve 1943" - E .o silencio desvahé– ceu-se quando corri a abraçar papai e ma– mãe, e as maninhas, e tudo terminou numa grande alegria de doces e chocolate ... Salve! 1943. Belem, 11 143 . Expede saques e ordens lelegraficas para todas as cidades dó Brasil - faz ope ações de credito com a max1ma pontualidade, mediante modicas comissões Ruâ João Alfredo, 54-56 Telefone, 113 .. -34- PARA' ILUSTRADO .u "Adeus !"· Foi o que me disseste um dia, Epi que fiquei sofrendo em soledade ! Palavra atrós que só trouxe agonia, Ao meu peito já pleno de saudade ! · 1 ■ "Não me interessas mais !" gritaste ao partir Pprque foste tão máu? Por que razão Veio esta frase que me fez sentir Uina tràgedia µo meu coração ? "Já não gosto de ti!" eu ouço bem Que me respondes de longe aonde estás ! E eu . respondo de ohde estou tambem : Mesmo te amando loucamente· assim E quasi que morrendo de saudades tuas Eu não quero que voltes ·para mim ! AVEffilNHA MONTEmo ···················••' lnUÜó– taJide Tarde da. noite. Acordo em sobressalto. Fumo um cigarro. Abro a janela e fito A Lua que, de bruços, no Infinito, Se reflete no asfalto. Um -manto de silencio e de abandono Protege, ampara, ajuda e envolve o sono Das ruas da Cidade... ... E, dentro desta calma, Com os cães da Dôr, ganindo, dentro d'alma, Sosinho e insone, eu velo E tento refazer o meu Castelo Com as pedras que venceram a Tempestade, Com as cartas da Esperança e da -Saudade!... Na tela estra.çalhà.da da Memoria Eu recomponho ,- . A ,desgraçada historia _ Do .meu -u.ttimo ·sonlío ... / E sinto _ - A febre revoltada . do Instinto .. Insatisfeito - E .faminto .- Ardendo no meu peito ... E vejo /o A mentida expressão do teu Desejo E a fingida emoção Do teu primeiro beijo, Falso beijo de Judas ! . . : E descem, dos meus olhos, gotas d'agua A' proporção que aumenta a, minha l\'Iagua E aumenta a solidão das horas mudas. Vencido e só, desesperado e triste, Tento apagar o fogo q~e inda existe, A chama aue ainda arde . .. I:itutil tentativa. Essa tristeza infinda Não mais se aeaba,' nunca mais se finda ... E' tarde.. : é muito tarde! ... l\'Iarabá., Dezembro de 1942• HIRAM DE MONÇÃO 2)- 1 -1943
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